Memória sobre leitura

Memória sobre leitura

Por Daniela Karine de Souza Santana Silva [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Na minha infância, em casa tinha livros didáticos, de historinhas e a bíblia, pois minha mãe e meu irmão também estudavam e sempre estavam lendo algum material. Como era uma criança muito curiosa, ficava observando as imagens dos livros, pois ainda não sabia ler.

Comecei ir para a escola com cinco anos de idade. Como ficava distante da minha casa, fazia o trajeto até à escola a pé e na companhia de alguns colegas que apesar de ser cansativo era bem divertido.

Estudava em uma sala multisseriada, durante a alfabetização comecei a aprender as letras e usá-las para formar meu nome também ainda não conhecia os números foi um pouco difícil aprender a fazer as contas. Nessa primeira escola não tinha biblioteca, mas tinha um armário onde tínhamos acesso aos livros, mesmo assim os professores contavam muitas historinhas. Considero muito importante que a família participe do processo de aprendizagem dos filhos.

Vejo algumas diferenças de quando concluir o ensino médio, estou voltando aos estudos depois de 13 anos e encontro-me com um pouco de dificuldade porque os textos são técnicos e muito material para ser lido, também me falta domínio nas tecnologias. Tenho muito interesse em aprender para poder aprimorar meus conhecimentos. Ao chegar à faculdade, noto que o ensino que obtive na escola foi frágil, pois vejo alguns conteúdos básicos que não aprendi durante o período escolar.

Sobre as questões financeiras desde adolescente eu era representante de revistas e feirante. A partir disso, aprendi a ter um bom domínio com dinheiro e contas básicas, o ensino médio contribuiu sim para meu o aprendizado com vendas, porém para questões sobre imposto de renda e movimentação bancárias a escola não ensinou esse conteúdo de educação financeira.



[1] Daniela Karine de Souza Santana Silva é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

Como tudo começou

Como tudo começou

Por Christiany Dias Mota [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.


 

Sou a terceira filha dos meus pais, então meus irmãos mais velhos já iam para a escola, sempre tive curiosidade de saber como era a escola. Sendo que minha irmã mais velha e minha mãe gostavam de brincar de escolinha. Então ao chegar da escola minha irmã ia brincar de escolinha e assim ensinava escrever o nome, contar, a ler dentre outras coisas; como era bom e nem sabia o bem que isso fazia. 

Em casa tive contato com textos não escritos, meu pai adora ouvir rádio Itatiaia, ele ouve o dia inteiro e já minha mãe gostava de assistir televisão com as novelas e jornais. Sendo assim de uma forma ou de outra tinha acesso à informação, o que foi importante para o desenvolvimento do aprendizado.

Então minha mãe arrumou um serviço na escola e nos levava para ficar na creche, lá havia mais crianças, era muito divertido. Essa foi uma fase nova no meu aprendizado e desenvolvimento social. Na creche havia uma professora que acompanhou o meu aprendizado, as coisas que mais gostava era de pintar e da hora da roda da história, momento que viajava na história lida.

Minha irmã tinha muitos gibis da turma da Mônica, ela os lia para a gente, era muito bom, eu viajava através da leitura dela, parecia estar acontecendo na minha frente. Estes foram bons momentos que não voltam mais. Sempre me espelhei na minha irmã mais velha, ela foi uma mulher muito esforçada para tudo que ela fazia. Por meus pais não terem terminado os estudos, eles diziam que a coisa mais importante a nos oferecer seria os estudos, sendo este o bem mais precioso com a qual poderiam nos dar, pois na época deles estudar era muito difícil.

Fui para escola sabendo escrever meu nome, já lia algumas palavras e sabia um pouco dos números. Mas tudo graças a minha mãe e irmã que consegui ir para a escola sabendo um pouco, pois a parceria da família com a escola é muito importante para ajudar no aprendizado infantil não apenas no ensinar, mas também no incentivo, na motivação para aprender e sempre procurar aprender mais.

Uma época que me recordo bem é a terceira série, pois a professora incentivava à turma a leitura e a produção de texto. Devido a isso, eu usava a imaginação para escrever. Estas aulas eram dinâmicas e facilitava muito o meu aprendizado.

Lembro-me de quando comecei a aprender sobre números e operações matemáticas, gosto muito dessa disciplina, me recordo das gincanas matemáticas desenvolvidas em sala de aula pela professora do ensino fundamental. Fazia amarelinha com corrida de carrinhos e avançava para frente aqueles que acertavam as operações. Houve também no ensino fundamental um professor “carrasco”, mas que se empenhava em ensinar da melhor forma possível, a base matemática que tenho hoje se deve aos esforços dele.

Todas as escolas que frequentei tinham bibliotecas, mas tenho duas recordações significativas, a primeira era sobre a biblioteca móvel e a outra era a barraquinha de leituras. Desse modo ficava mais fácil para conseguir livros para ler, além disso, eram realizadas também disputas de leitura, tudo era muito prazeroso.

Uns anos atrás iniciei uma faculdade de licenciatura em Física no IFNMG, Campus Januária, que infelizmente tive que parar por motivos particulares. Hoje ingressei no mesmo curso na UFVJM.  Atualmente busco ler as publicações oferecidas no curso de licenciatura de Física, mas no momento não me adaptei com a dinâmica EAD.  Tenho por hábito ler diversos gêneros, tais como: textos narrativos, expositivos, injuntivos dentre outros, tenho costume de ler de tudo um pouco. Quando há hábito de ler, o indivíduo melhora sua escrita, seu vocabulário. Entretanto ainda assim acho complexo interpretar algumas atividades que são oferecidas no curso EAD. No ensino médio não tive aulas de economia e nem na parte burocrática então essa parte sofro para desenvolver, mas procuro me informar e adaptar para melhorar nessa área.  Estou realizando um sonho.



[1] Christiany Dias Mota é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

Um retorno a minha infância escolar

Um retorno a minha infância escolar


Por Cristiano Rodrigues Pereira [1]

 

Quando na minha infância, criancinha não tinha acesso a livros e/ou textos em minha casa, mas me recordo que na época, minha mãe gostava de escrever cartas de cunho pessoal e, às vezes para outras pessoas que lhe pedia para escrever cartas para elas. Ela tinha prazer de contar histórias e enredos e falar dos personagens de livros que já tinha lido, era muito emocionante.

Já minha tia contava muitas histórias infantis para mim, e meu irmão. Em casa sempre tinha no domingo o jornalzinho de igreja ilustrativo que minha mãe trazia para nos ensinar sobre ensinamentos de Jesus Cristo. Tinha minha curiosidade, mas não entendia quase nada. Tive o prazer de ganhar vários gibis usados da tia, que ganhava nas casas de família que trabalhava. Gostava bastante do gibi dos irmãos metralhas onde tinham bastantes figuras e textos educativos da época. Aprendi meus números em casa com minha mãe e tia, foi meu primeiro acesso aos números, mas me encantei com os números mesmo na escola, nos primeiros aninhos na escola. Cheguei à escola já sabia contar até o número 30. E sabia a fazer algumas continhas fáceis de mais e de menos.

Comecei a somar e diminuir no meu segundo ano escolar era mágico e a linguagem dos números. Comecei a utilizar o meu aprendizado da escola em casa a partir dos oito anos de idade, quando vendia geladinhos no bairro. Um dos primeiros contatos com o dinheiro, entendendo o valor do dinheiro e o seu significado como usado para trocas comerciais.

A Escola tem um papel primordial para dar a acesso as crianças ao letramento e entendimento matemático através de seus códigos. Sem contar que a matemática está presente em toda e qualquer situação de forma intrínseca ou subjetiva. Comecei as escrever literalmente na escola aos cinco para seis anos de idade, mas sempre tive curiosidade de observar minha mãe escrevendo cartas ou textos, é acredito que ajudou bastante no processo na escola.

Minha família sempre me motivou a escrever para aprender a escrever, mas no início as primeiras letras eram enormes, parecia que não tinha coordenação nas mãos. Na escola escrevíamos textos a vida de Ivo ou Maria e lobo mau. O papel da escola foi essencial aos meus letramentos iniciais. Naquele tempo, os livros presentes pelos professores, para realização de leituras e para as práticas da escrita, eram de estórias infantis como O Lobo Mau, Chapeuzinho Vermelho, Os Três Porquinhos, entre outros. O usamos a biblioteca da escola, porém o acesso era muito restrito pela quantidade de biblioteca naquele tempo, eram pouquíssimas.

O uso da leitura me proporcionou conhecimentos além de vários benefícios, como uma melhora na escrita e tendo uma boa interpretação dos aspectos que estou lendo, principalmente textos científicos. Já as práticas com números se fazem como o presente a todo o processo, pois números e a escrita andam alinhados em uma mesma sintonia. Posso afirmar que todas as palavras levam está sintonia na vida real.

No primeiro ano de faculdade tive muita dificuldade, pois fiquei sem estudar após o ensino médio por cinco anos. Mas no primeiro ano de faculdade tive que adequar as novas formas e perspectivas de leituras. Foram mudanças muito significativas e positivas ao processo educacional. Normalmente tenho hábito de fazer leituras de textos e temas propostos que me interessa. Os textos universitários são bem técnicos mais não é nada de outro mundo, tudo é questão de pratica com a leitura. Gosto do gênero sobre finanças ou negócios. Às vezes sinto falta de vários conhecimentos que ficaram vazios no estudo de matemática e até da própria língua portuguesa. Tenho um bom controle de minhas finanças, acredito que no ensino médio tive este preparo ajustado a minha vida, porque já utilizada o dinheiro desde cedo com vendas de alimentos para casa. Mas este preparo me auxiliou bastante em minhas vendas, porém acredito que seja insuficiente para as questões econômicas ou mercadológicas da época.



[1] Cristiano Rodrigues Pereira é graduando da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

Em busca do conhecimento

Em busca do conhecimento

Por Célia Ribeiro dos Santos [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.



 

Quando criança, por ser de família humilde, não tive acesso aos textos. Tinha uma amiguinha, chamada Kelly, cuja mãe assinava a revista Recreio, que era entregue via correio mensalmente. Ela permitia, depois de ler, que eu visse a revista. Ficava muito empolgada com a revista, pois tinha jogos, vinha com tintas para pintar as figuras, CDs com historinhas diversas, como Os Três Porquinhos e A Branca de Neve.

Aprendi a contar no pré-escolar. Acesso aos números e reconhecimento do dinheiro foi aos 7 anos de idade. Na época, a moeda era o cruzeiro. Eu e meus irmãos, quando crianças, quebrávamos brita para a prefeitura para ganhar dinheiro. Na época, pagavam pelo tambor de brita quebrada. Um trabalho sofrido. Nossa alegria era a sexta-feira, pois conseguíamos receber o pagamento. Em seguida, comecei a ganhar dinheiro colhendo café na roça do meu irmão. Também recebíamos pelo tambor de café. Aos nove anos de idade, comecei a trabalhar para minha cunhada, cuidando das minhas sobrinhas.

Iniciei os meus estudos no pré-escolar, com 5 anos de idade, do que gostava muito. A professora ensinava com carinho, e a merenda era muito saborosa. A escola foi de grande importância para a meu letramento inicial, pois foi onde consegui ter acesso aos números, à escrita e à leitura, sendo minha família muito pobre, não tendo na época apoio no processo de ensino/aprendizagem. A escola não possuía biblioteca. A professora contava historinhas, ficando fascinada com aquele momento.

Nos anos iniciais, no Fundamental I, a professora trabalhava com a escrita do nome, onde era feita em uma ficha grande. Tive dificuldade em escrever o nome da minha escola: Escola Estadual Professor Abgar Renault. Esses dois últimos nomes eram uma dificuldade para o processo linguístico. Não tive acesso a livros. A historinha que nos contavam na época era Dona Baratinha. A biblioteca tinha poucos livros. A professora levava os alunos, uma vez por semana, para que pudessem realizar a leitura de um livro. Sempre ajudei minha mãe, lavando roupa no rio, buscando lenha na roça, plantando arroz, feijão etc., pois sobrevivíamos dos produtos que meu pai plantava e colhia na roça do meu irmão. Aos 10 anos de idade, trabalhava cuidando das minhas sobrinhas e ajudava minha mãe no sábado. Acordava às três e meia da manhã para ajudá-la.

No ensino fundamental, gostava do conteúdo de matemática e ciências. As professoras trabalhavam de forma que conseguíamos aprender, sendo importante, pois a forma como a professora ensinava me deixava cada vez mais apaixonada pelos números. No ensino médio, tive dificuldade em aprender o conteúdo, pois passei por uma fase difícil (estava doente) e meus colegas ficavam rindo de mim. Assim, acabei saindo da escola por vergonha e, um ano depois, retornei. O ensino havia mudado, não era mais magistério, iniciando um processo de ensino diferente, ao qual não me adaptei.

No ano de 2008, iniciei, na faculdade, através de uma bolsa de estudos, o curso de Sistemas de Informação, onde me imaginei criando programas de computador. Depois tive que abandonar, pois minha mãe tinha que fazer uma cirurgia e eu precisava acompanhá-la a Belo Horizonte. Quando voltei, não consegui acompanhar a turma, estava com meu filho ainda bebê e trabalhava. Optei em mudar para o curso de Administração, onde me encontrei. Estudei e ganhei uma bolsa de estágio no SICOOB CREDIVALE. Nesse período, fiquei doente, pois não tinha horário para comer, gastava muito tempo para chegar a faculdade, retornava de madrugada para casa. Era uma vida corrida. Adoeci, optei em largar os estudos. Oito anos depois, voltei para a faculdade, dando continuidade ao curso de Administração. Consegui pegar umas aulas de matemática no município e trabalhei por dois anos em uma comunidade rural. No ano de 2018, tive que deixar a faculdade, pois fui submetida à uma cirurgia. Dois anos depois, retornaria os estudos, mas veio a pandemia e tive que levar minha mãe para São Paulo para realizar outra cirurgia, ficamos seis meses por lá. Em 2022, passei no concurso da Prefeitura de Caraí-MG, na área da educação, onde trabalho atualmente. Consegui ingressar na Faculdade Federal depois de duas tentativas, na busca da realização de um sonho. O conteúdo de língua portuguesa me faz falta, pois sinto dificuldade na escrita. Busco ler livros para contribuir com o processo de letramento. A matemática sempre foi o meu contato direto. Desde cedo tive que administrar a minha vida e lidar com os desafios existentes.



[1] Célia Ribeiro dos Santos é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

Aprender, ler, escrever e mudar o mundo

Aprender, ler, escrever e mudar o mundo

Por Camila Geissa Cardoso da Silva [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.



Anos atrás, eu era uma garotinha magrela, de família humilde, criada na roça, com avôs analfabetos. Somente minha mãe chegou a formar com muita dificuldade, pois tinha que andar vários quilômetros até a escola. Meu pai estudou até a quarta série. Meu primeiro contato com livros foi com a Bíblia da criança. Mesmo sem saber ler, folheava pelas gravuras, e minha mãe ia contando a história da criação do mundo. Gostava de folhear revistas que minha mãe ganhava na cidade. Adorava ver o povo bem-vestido, mesmo sem saber do que se tratava.

Sempre brincava de escolinha com meus irmãos, rabiscando com gravetos as folhas de bananeira que eram usadas como caderno. Foi assim que aprendi a letra A. Meu avô plantando as sementes e falando para eu escrever o nome dele. Eu inventava e era elogiada por ele. Aprendi a contar antes de entrar na escola, pois desde cedo ajudava a contar as frutas, legumes e sementes para plantar. Lembro que olhava minha mãe escrevendo em um caderno. Lá era onde ela colocava as receitas que achava nas revistas. Nunca fazia, mas colocava lá. No castigo, a contagem fazia parte. Tinha que separar os grãos de arroz e feijão e colocar em vasilhas separadas.

Entrei para a escola aos seis anos. Lembro do meu primeiro professor. Até hoje tio Adilson, rígido, cara fechada, cobrava muito a escrita. Aprendi o alfabeto. Aí, foi alegria: tudo que via, ia juntando as letras e tentando adivinhar a palavra. Foi assim até conseguir ler algumas palavras por meio do gaguejo e muita determinação. Ficava bem contente quando “mainha” ia me buscar na escola, pois era longe de onde morávamos, e eu ia cantando a cantiga que tinha aprendido naquele dia. Por horas cantava errado, e ela ia me ensinando. Os números, contava na roça. Mas para aprender deu mais trabalho. Apanhava quando errava muito na escrita. Ganhei um caderno de caligrafia do meu pai.

Todo dia treinava. Adorava ganhar moeda. Naquele tempo só me davam a de um centavo, que era a única que eu conhecia. Com o passar do tempo, fui aprendendo. Já ia à vendinha de seu Ferino, um senhor bem alegre, que me ajuda a somar as coisas e deixava anotar no papelzinho a soma para levar para minha mãe.

Passei para a primeira série. Então, chegou à escola a primeira impressora. O professor escolhia todo dia um aluno para ajudar na impressão. O cheirinho de álcool e as folhas manchadas pelo carbono ficarão eternamente na minha memória. A escrita evoluiu com o tempo. Com nove anos eu já sabia ler. Foi quando a professora mandou escolher um livro e ler para contar para os colegas na turma. Li um livro bem colorido e ilustrado da Branca de Neve e os Sete Anões. A partir daí, não parei mais. Foi Monteiro Lobato (tenho uma coleção até hoje), desde as Reinações de Narizinho até o Casamento da Emília, Cinderela, Ocaso da Borboleta Atíria, Alice no País das Maravilhas, O Pequeno Príncipe, Rei Arthur, Chapeuzinho Vermelho, crônicas, folclore, enciclopédias, romances e muitos outros que ainda fazem parte da minha história de vida.

A escola, sem dúvida, teve um papel de suma importância na minha vida, pois foi através dela que aprendi desde a escrita até a leitura e pude ensinar meu avô a escrever o seu primeiro nome. Ajudei meus irmãos na escola. Foram muitos incentivos e dificuldades, mas olhando para trás, tudo valeu a pena. Aqui estou eu, fazendo a minha segunda graduação e contando um pouco da minha trajetória de vida. Foi muita coisa que vivi, daria um livro de tantas histórias, pois foram muitas vivências, ensinamentos e aprendizados.

Aprendi a fazer uma redação de forma correta, mais abrangente, no Ensino Médio, pois os professores começavam a preparar os alunos para um concurso de redação que tinha nas escolas. Hoje, vejo que os meus maiores conhecimentos foram no Ensino Fundamental. O Ensino Médio deixou muito a desejar. Muitos alunos, sala barulhenta, jovens que, na maioria das vezes, levavam tudo na brincadeira. Fui dar valor quando iniciei meu primeiro curso de Assistente Jurídico, pois tinha que elaborar textos para o professor. Logo depois, em 2018, iniciei minha primeira graduação em Administração de Empresas. Não sou perfeita em tudo, mas tudo que aprendi levo até hoje para a vida como ensinamento. O que não sei, busco aprender. Foi isso que me motivou a fazer matemática após fazer o curso de Magistério: a vontade de poder fazer à diferença na vida de outros estudantes, ser formadora de opinião, e, sobretudo, ensinar da melhor forma aquilo que hoje estou aprendendo.



[1] Camila Geissa Cardoso da Silva é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

 A recâmara da leitura

 A recâmara da leitura

Por Bárbara Paola Soares Oliveira [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.



 

O meu primeiro encontro com as letras foi nos momentos de culto, sempre levava caneta e caderno para ficar desenhando enquanto o culto acontecia, era uma das melhores distrações para eu ficar quieta na igreja. Sempre fui muito de ouvir, me lembro que desde muito pequena me sentava e prestava atenção em todas as histórias bíblicas que eram contadas na salinha das crianças, que foi a minha primeira escola, a EBD (Escola Bíblica dominical).

Aos quatro anos entrei para creche, ali eu fiz o primeiro período, aprendi a escrever o meu nome completo, a contar, descobrir as cores e os personagens mais famosos da infância. E quando fiz cinco anos comecei a ler, até hoje me lembro da primeira palavra que li: “café.” Depois da minha primeira palavra eu me apaixonei pela leitura, lembro que sempre iam vender kits de livros na escola, e eu sempre comprava, tinha muitos livros e eu cheguei a lê-los diversas vezes ao ponto de decorar as histórias.

Com o passar dos anos escolares, fui me formando de opiniões, era sempre a primeira que levantava a mão para o momento de leitura, amava produzir frases e o meu momento favorito era as sextas-feiras em que fazia a ficha de leitura do livro que pegávamos na biblioteca da escola. Em cada fase escolar era uma descoberta diferente, vários gêneros textuais novos, e aquilo me deixava cada vez mais apaixonada por este mundo literário.

Quando estava no oitavo ano do ensino fundamental, participei de um concurso de poesia, com mais duas colegas de escola, e neste concurso ganhamos com o poema “Águas Cristalinas”. Cheguei a ir para cidade vizinha participar de um Psiu Poético, que publicou o nosso poema em seu livro de poesia daquele ano. Nesse período também comecei a me desafiar, e consegui ler toda a Bíblia no período de um ano.

Porém, após esse período de grande apreciação pela leitura, comecei a diminuir meu ritmo, e neste momento ler não era meu hobby, o único livro que lia constantemente era a Bíblia. Comecei a gostar de experimentos, cálculos e muita ciência do corpo humano. Preferia a prática ao teórico, e lê me causava muita preguiça. Neste tempo eu não lia mais livros seculares, mas, não abri mão da escrita, sempre escrevia textos e histórias melancólicas quando queria me distrair. O que me ajudou muito num período de crises de ansiedade que passei.

E na pandemia nasceu de novo um amor pelos livros, voltei a ler, e hoje tenho uma grande coleção de bíblia e estou fazendo minha coleção de livros. Claro, tenho meus gêneros favoritos, mas só de ver um amontoado de letras em uma folha já me desperta a vontade de querer descobrir o que há escrito ali.

Essa é a minha recâmara da leitura, espero que nesse novo ciclo universitário eu possa estender o meu conhecimento com a ajuda da leitura.



[1] Bárbara Paola Soares Oliveira é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

Crescimento e conhecimento

Crescimento e conhecimento

Por Andréia Martins Ferreira [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Comecei a ter uma noção de leitura antes mesmo de começar a frequentar a escola, pois eu ia sempre à igreja com meus pais e tinha acesso aos jornaizinhos e bíblias. Sempre fui muito curiosa e procurava aprender as coisas por vontade própria. Ainda criança comecei a ter um interesse muito grande pela música. Sendo assim, meu pai comprava DVDs para que eu pudesse cada vez mais aprimorar meus conhecimentos sobre isso. Com dois irmãos mais velhos, de certa maneira, eles me conectaram aos conhecimentos escolares antes mesmo de começar a estudar.

Antes, eu sempre ficava “de cima”, com muita curiosidade, da lição de casa dos meus irmãos para tentar entender do que se tratavam todos aqueles livros e cadernos. Tudo que eles falavam e faziam eu procurava repetir, como meio de aprendizado. Quando chegou a idade em que eu podia me matricular (fase introdutória na época), como eu já havia aprendido bastante coisa, como ler, escrever, fiz uma avaliação que me permitiu avançar uma série. Sempre ganhava moedas dos meus pais para que eu pudesse comprar algum lanche a caminho da escola. Assim, já fui começando a ter uma noção básica do que eu podia ou não gastar. A matemática sempre foi uma das matérias que eu mais gostava, e que eu tinha grande facilidade em aprender. Meus pais e professores sempre estiveram ao meu lado, com muita paciência, buscando sempre me incentivar cada vez mais.

Aos 5 anos de idade, eu já sabia escrever meu nome e juntar letrinhas para formar palavrinhas. Logo a seguir, com o passar dos anos, fui aprimorando cada vez mais e, aos 7 anos, já escrevia cartinhas para os “namoradinhos”. Na escola, sempre eram dadas produções de textos, e eu sempre tinha muita criatividade para criar histórias. Sempre, ao final de cada aula, eu amava ir à biblioteca da escola e pegar gibis para levar para casa, e passava horas e horas vendo figuras e juntando palavrinhas. Sempre que faziam eventos, eu amava participar, pois para mim era um meio de aprofundar e aprimorar o meu conhecimento. Ao longo dos anos, esse conhecimento foi aumentando cada vez mais, e eu sempre tirava notas boas.

Apesar de sempre tirar notas boas, eu sempre tive maior facilidade com os números, em vez das leituras. Mas, sem dúvida, a escola foi para mim um marco de extrema importância, da qual guardo grandes lembranças. Formei no Ensino Médio, aos 16 anos, e, aos 18, já havia concluído um curso técnico em multimeios didáticos.

Hoje, mãe de um menino de 4 anos, que também já iniciou sua vida escolar, procuro incentivar e dar total apoio, assim como eu tive oportunidade de ter esse suporte na minha infância. Ainda tenho certas dificuldades com algumas coisas, mas procuro sempre buscar meios de tirar minhas dúvidas.

[1] Andréia Martins Ferreira é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

O letramento e minha infância

O letramento e minha infância

Por Ana Adilza Lemes Martins Soier [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Fonte:

Na minha infância não tive acesso a textos escritos antes de ingressar na escola. Meus pais eram analfabetos, não entendiam a importância dos livros na vida da criança. Mesmo se entendessem, não tinham condições financeiras para arcar com mais gastos. Mas de uma coisa me lembro bem: foi quando minha mãe, depois de concluir seus afazeres, depois de tomarmos banho e deitarmos (falo todos, pois éramos quatro irmãos), começava a contar histórias, e as histórias eram coloridas, cheias de detalhes, suspenses e todas com lição de moral no final.

Meu primeiro acesso aos livros e aos números foi na escola. Nela aprendi o alfabeto, a somar, a diminuir, aprendi sobre o valor do dinheiro nos livros de matemática. Os problemas matemáticos envolviam compras, dinheiro, coisas do meu cotidiano. Gostava muito.
Aprendi a ler e a escrever aos oito anos. Transcrevia uma ficha que continha os alfabetos maiúsculos e minúsculos, nome do aluno, da escola. Não gostava muito de aprender por repetição. Usava o livro “O Barquinho Amarelo”.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental consegui absorver tudo que foi ensinado, e quando tinha dificuldade em algum conteúdo, era aprendido em aulas de reforço. Já nos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio não fui muito bem na escola, pois perdi minha mãe e não tinha contato com meu pai e parentes. Éramos todas crianças. Ao invés de estudar, estávamos focados em sobreviver. Mas sair da escola nunca foi uma opção. Mesmo com todos os desafios, consegui concluir o Ensino Médio.

Minha experiência em quase um mês de faculdade está sendo muito boa. Há várias formas de aprender no ambiente virtual: por textos, vídeos, webconferências, fórum, chat etc. Meus hábitos de leitura mudaram. Passei a ler mais (o que é positivo), pois assim terei um melhor desenvolvimento na interpretação e compreensão de textos, terei mais argumentos e referências. Ainda estou me organizando com os estudos, mas pretendo inserir mais livros na minha rotina.
Nesses doze anos de vida escolar, o que sinto falta, e não foi ensinado na escola, foi sobre educação financeira. Não aprendi a declarar imposto de renda, a economizar, não aprendi coisas do dia a dia, que hoje preciso, mas não sei fazer.

[1] Ana Adilza é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

Minha jornada de letramento

Minha jornada de letramento

Por Amanda Oliveira Mourão [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Fonte:

Não me recordo do primeiro contato que tive com a escrita, mas me lembro de ter sempre em casa papel sulfite e giz de cera, os quais utilizava para desenhar e me divertir. Outra forma de me entreter era com as cantigas de roda que meus pais cantavam para meu irmão e eu, além das histórias de vida vque adorávamos escutar. Havia muitos livros em casa, didáticos e literários, pois meus pais apreciam a leitura e sempre foram muito estudiosos. Apesar de ambos virem de uma família humilde, meus avós sabiam da importância do conhecimento e passaram esses valores aos meus pais, que me repassaram.

Não me recordo do primeiro contato que tive com a escrita na infância, mas lembro-me de ter sempre em casa papel sulfite e giz de cera, os quais utilizava para desenhar e me divertir. Outra forma de me entreter era através das cantigas de roda que meus pais cantavam para meu irmão e eu, além das histórias de vida deles e dos nossos avós, que adorávamos escutar. Havia muitos livros em casa, didáticos e literários, pois meus pais apreciam a leitura e sempre foram muito estudiosos. Apesar de ambos virem de uma família muito humilde e de todas as dificuldades que enfrentaram na vida, meus avós sabiam da importância do conhecimento, do letramento e passaram esses valores aos meus pais, que me repassaram.

Quando ingressei na educação infantil, não me adaptei bem aquele novo ambiente, não me recordo de nenhum aprendizado na primeira escola que frequentei. Naquela época a maioria das minhas tias eram professoras, algumas em uma determinada escola, na qual meus pais decidiram me matricular. Nessa outra escola, lembro-me de ter o meu primeiro contato com as letras e números, de treinar a caligrafia. A minha professora do primário, Estela, nos ensinava de uma forma muito leve e lúdica, o que nos motivava a aprender. Em relação aos letramentos matemáticos, me recordo de levar embalagens vazias de produtos para montarmos um mercadinho fictício e recebíamos uma certa quantia para fazermos compras de brinquedos, para que começássemos a atribuir valor as coisas.

Após aprender a ler, comecei a ganhar livros dos meus pais e tias, com histórias bíblicas, contos de fadas, gibis da turma da Mônica, dentre outros. Durante o meu ensino fundamental, meu pai começou a assinar algumas revistas, que tratavam sobre política, economia e cultura, para me incentivar a ler e adquirir conhecimentos sobre os acontecimentos no Brasil e no mundo. Também tínhamos um Atlas em casa, que utilizava para alguns trabalhos da escola. Além disso, tinha acesso a biblioteca da escola, tanto no ensino fundamental, como no ensino médio e tínhamos um momento específico para leitura de livros literários durante algumas aulas de português.

Ao ingressar na universidade, meu hábito de leitura passou a estar mais relacionado aos materiais didáticos referentes as disciplinas que cursava. Aprendi que era necessário buscar além daquilo que o professor oferecia para aprender de uma maneira mais efetiva, principalmente durante a pós-graduação, em que a aprendizagem se torna mais autônoma. A leitura me proporcionou diversos benefícios ao longo da minha vida, como a melhora da escrita e da capacidade de comunicação, uma melhor compreensão do mundo e o meu desenvolvimento pessoal.

[1] Amanda é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.