Alimentação saudável e saúde mental

Adilson Santos e Solidade Figueira*

Com certeza, em algum momento, você já deve ter ouvido o seguinte ditado popular: “Você é o que você come.” Este ditado carrega consigo diversas verdades. De acordo com Televita (2017)[1], uma alimentação saudável também impacta positivamente na saúde mental, podendo inclusive auxiliar na recuperação de transtornos mentais, como ansiedade e depressão. É imprescindível para a sobrevivência que uma boa alimentação, aliada a outras práticas de autocuidado, traga benefícios satisfatórios para a autoestima e o bem-estar.

Não é novidade que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física, uma questão que ganhou bastante destaque atualmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um “estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” (GOV.BR, 2020)[2]. São muitos os transtornos que se desenvolvem devido a diversos fatores e comportamentos, como estresse, preocupação e nervosismo. Atualmente, a depressão e a ansiedade são dois dos principais transtornos mentais que afetam as pessoas (SCIELO, 2018)[3].

Um dos fatores que influenciam o desencadeamento desses transtornos é o consumo de alimentos pobres em nutrientes, tais como carboidratos ruins, fast-foods, alimentos processados, entre outros. Segundo o agricultor e psiquiatra da Universidade de Columbia, em Nova York, Drew Ramsey, uma dieta deficiente é um dos maiores fatores que contribuem significativamente para o desenvolvimento da depressão (ASBRAN, 2019)[4]. Esse tipo de dieta, além de causar inflamações, prejudica também a formação dos neurotransmissores devido à ausência de certos nutrientes essenciais para sua composição. É por esse motivo que o intestino também é chamado de segundo cérebro.

Um dos neurotransmissores mais conhecidos e de grande importância para o organismo é a serotonina, também conhecida como hormônio da felicidade. Seu precursor é o aminoácido triptofano, que, quando consumido em grandes quantidades, provoca uma alteração positiva e significativa no humor. No entanto, esse aminoácido não é produzido pelo nosso organismo, sendo necessário obtê-lo por meio da ingestão de alimentos que o contenham ou por meio de suplementação. É por esse motivo que uma alimentação saudável pode influenciar positivamente na saúde mental.

Alguns alimentos, como queijo, ovos, amendoim, banana, cacau e abacate, que possuem o desejado aminoácido triptofano, devem estar presentes na alimentação, já que sua ingestão promove a produção de serotonina, responsável pelo bem-estar e pela regulação do humor, apetite, sono, libido e outras funções do organismo. Além da serotonina, vitaminas do complexo B, magnésio e ômega 3 também auxiliam na manutenção do equilíbrio entre as células nervosas e outras células, conforme informado pelo site Tua saúde (2023)[5].

Apesar de sabermos da importância da alimentação saudável para essas e outras funções na vida humana, é importante ressaltar as dificuldades em manter esse hábito. Os alimentos saudáveis, ou in natura, são de difícil acesso e, geralmente, possuem preços mais altos nos mercados e feiras em comparação aos alimentos processados. Segundo matéria do Correio Braziliense (2021) [6]:

O custo médio de uma alimentação saudável é cinco vezes mais alto do que o preço de uma refeição com baixo teor nutricional”, afirma Rafael Zavala, representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, em entrevista ao programa CB.Agro, uma parceria entre o Correio e a TV Brasília.

Além do alto preço desses produtos, que torna a alimentação saudável inacessível para muitas pessoas, outro fator relevante para explicar por que as pessoas se alimentam de forma inadequada, tendo a “falta de tempo” como justificativa para optar por alimentos “prontos”, devido à praticidade de consumo e preparo, além da falta de educação alimentar, uma vez que muitas pessoas não escolhem os alimentos com base em seu valor nutricional.

A indústria alimentícia também atrai os consumidores com receitas que utilizam diversos nutrientes de baixo valor nutricional, como gorduras, açúcares, sal e aromatizantes, tornando esses tipos de alimentos mais atrativos. Fast foods e serviços de entrega também são exemplos que ganharam grande visibilidade e têm “facilitado” a vida dos consumidores, que renunciam a uma boa alimentação, e muitas vezes pagam com a saúde.

Diante de todos os empecilhos, só mesmo com planejamento, organização, escolhas conscientes e condição financeira para arcar com os custos dos alimentos orgânicos, produzidos e cozidos de forma adequada. Para alcançar a soberania alimentar, é preciso investir mais na agricultura sustentável, dando protagonismo à agroecologia. Essa abordagem é responsável por incorporar em suas práticas questões sociais, culturais, ambientais e éticas. Só políticas públicas podem possibilitar acesso a alimentos saudáveis mais acessíveis. Deve fomentar educação para a agroecologia, infraestrutura adequada para todo tipo de agricultor, oferta de insumos, máquinas e formação para alimentação saudável. Fortalecer as iniciativas agroecológicas é fundamental, pois são benéficas para o planeta, para o ser humano e para o equilíbrio entre o corpo e a mente.

Referências utilizadas neste artigo de opinião:

[1] https://plus.google.com/share?url=https://www.telavita.com.br/blog/alimentacao-saudavel-na-saude-mental

[2] bvsms.saude.gov.br/05-8-dia-nacional-da-saude/

[3] www.scielo.br/j/sdeb/a/Y36fDqvZL5Js4nnWpXrYpBb/?lahttpsng=pt

[4] www.asbran.org.br/noticias/em-estudo-a-alimentacao-e-impacto-na-saude-mental

[5] www.tuasaude.com/omega-3/

[6] www.correiobraziliense.com.br/economia/2021/10/4955681-comida-saudavel-custa-5-vezes-mais-caro-diz-representante-da-fao-no-brasil.html




* Adilson Santos e Solidade Figueira são acadêmicos da Licenciatura em Educação do Campo (LEC), curso ofertado pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziram este artigo de opinião na disciplina Diversidade e Educação, ofertada no segundo semestre de 2022 (janeiro a junho de 2023). Foram orientados pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

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