Tecnologias e acesso na realidade

Por Alcione Aparecida Ferreira [1] 

Ouça um trecho lido pelo próprio autor a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Vivi pelo menos até os cinco anos de idade em uma comunidade onde não existia energia elétrica. Então, os primeiros aparelhos tecnológicos com os quais tive contato foram os rádios à pilha, o toca-fitas e a radiola em que podíamos ouvir músicas e nos manter informados a respeito dos acontecimentos das cidades vizinhas.

Ao ingressar na escola municipal de minha comunidade para os primeiros anos de minha educação formal, época em que já havia energia elétrica, pude ter acesso aos rádios que tocavam CDs, e televisão em que podíamos assistir desenhos, e filmes em fitas VHS e mais tarde em DVDs. Em casa ocorreu meu primeiro acesso ao celular, quando meu pai comprou um telefone que chamávamos de tijolão. Com ele eu jogava escondido um único jogo que não me lembro o nome. 

Meu irmão já possuía um celular e não me deixava usá-lo para não estragar. Aos onze anos de idade, fui transferida para a escola estadual da cidade, onde pude acessar algumas tecnologias digitais como os computadores do Telecentro comunitário, onde eu fazia trabalhos como pesquisas, quando aprendi a manusear um pouco o computador.

 Aos dezesseis anos pude ter um celular de teclado, em que criei meu primeiro Facebook e ouvia músicas. Depois, fui trocando de aparelho com o decorrer do tempo. Principalmente no ensino médio eu utilizava bastante o SMS (Serviço de Mensagens Curtas) para comunicar-me com os colegas. Em casa, necessitava de ir para um lugar mais alto, normalmente no meio do mato, para ter o acesso à internet, pois o sinal não funcionava. Quando funcionava, era fraco. As vezes lá ficava até o celular descarregar ou a mãe ir gritar porque já estava preocupada. Ao cursar o magistério para o trabalho com educação infantil, criei conta no WhatsApp e Facebook, que eu utilizava bastante. Também visitava sites para pesquisas e lojas online, mas somente para pesquisar.

Ao ingressar na universidade, em 2018, comecei a ter mais acesso às plataformas digitais principalmente para os estudos, que depende bastante do acesso à internet para pesquisas, baixar textos e outros materiais disponibilizados pelos professores, comunicar com os colegas e professores e outros. Diante da situação que passamos por causa da COVID-19, tivemos que ter aulas remotas e utilizamos muitas plataformas digitais novas, além dos equipamentos. Para estudar, utilizo o notebook e celular e os aplicativos Google Classroom, Google Drive, Google Meet, E-mail, entre outros. Para entretenimento e comunicação, ao longo do dia, utilizo os aplicativos WhatsApp, Facebook, Instagram, Kwai, Youtube, bem como também apps bancários, lojas online, entre outros.

Como pode-se notar, a tecnologia que utilizo com maior frequência ao longo do dia é o aparelho celular, que, ao acordar, já visualizo as horas, se tem alguma mensagem ou ligação importante. Se a manhã estiver tranquila, entro em algum aplicativo de entretenimento para me distrair. Algumas práticas sociais mudaram com o uso de diferentes tecnologias. Hoje resolvo algumas situações do cotidiano pelo WhatsApp e ligações como marcação de consulta e até a consulta dependendo do especialista, comunicar-me com o agente de saúde da cidade, entre outras atividades que desenvolvia antes pessoalmente me deslocando até o ambiente.

Diante dessa realidade de intensas mudanças que estamos presenciando, certamente passaremos por novas adaptações, principalmente quando se trata dos contextos educacionais e formação profissional, em que o uso das tecnologias digitais se tornou necessário nos diversos níveis e áreas. Durante o meu processo de formação como profissional docente, percebo que utilizarei vários mecanismos tecnológicos que os meios sociais exigem e estão sempre em mudança, principalmente nas escolas onde atuarei. Espero usar essas novas possibilidades tecnológicas no ensino da melhor forma possível, de forma que ajude a incluir quem não tem acesso a elas, o que não será fácil, mas é necessário.

[1] Alcione Aparecida Ferreira é graduanda do curso Licenciatura em Educação do Campo (LEC), da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Este trabalho foi orientado pelos professores Carlos Henrique Silva de Castro, Luiz Henrique Magnani e Mauricio Teixeira Mendes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: