
Adylla Santos Baldaia é acadêmica do curso Licenciatura em Educação do Campo (LEC), da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Adylla vive na Comunidade Quilombola do Paiol, no município de Cristália/MG.
Minha jornada com as tecnologias começou de maneira bastante simples e nostálgica. Quando eu ainda era criança, meu primeiro contato com tecnologia aconteceu através de uma caixa de som antiga que meu pai tinha em casa. Essa caixa de som funcionava com fitas e discos , e meu pai tinha uma vasta coleção de músicas de diversos cantores. Eu passava horas ouvindo músicas do Luan Santana, explorando diferentes sons e estilos musicais. A caixa de som se tornou uma espécie de portal para mim, despertando um interesse precoce pelo mundo da tecnologia.
Antes de me envolver com tecnologias digitais, minhas interações eram principalmente com tecnologias analógicas. Na nossa casa, o rádio e a televisão eram as principais fontes de entretenimento e informação. Lembro-me de sentar com minha família para ouvir programas de rádio e assistir a novelas e noticiários na TV.
Em 2015, tive meu segundo contato significativo com a tecnologia digital quando minha irmã mais velha criou um perfil no Facebook para mim e me deixava mexer no celular dela. Essa experiência foi um marco na minha vida digital. Lembro-me com clareza do momento em que enviei minha primeira mensagem pelo celular, entrei no Facebook e fiz uma busca na Wikipédia. Cada uma dessas experiências foi marcante e abriu novas possibilidades para mim no mundo digital.
Minha irmã mais velha foi uma figura fundamental no meu processo de aprendizagem com tecnologias digitais. Ela não apenas criou meu perfil no Facebook, mas também me ensinou a usar o celular, a navegar na internet e a explorar as diferentes funcionalidades das redes sociais. Esse apoio inicial foi crucial para que eu me sentisse confiante e capaz de explorar o mundo digital por conta própria.
Atualmente, as plataformas sociais como Facebook, Instagram e WhatsApp são as mais frequentemente visitadas por mim. Uso essas redes para manter contato com amigos e familiares, acompanhar notícias e eventos, e participar de grupos de interesse. Além disso, contribuo ativamente com uma página no Instagram dedicada à minha comunidade, da qual sou integrante. Nesta página, compartilho regularmente fotos e vídeos que destacam aspectos culturais, eventos e histórias da nossa comunidade.
No último dia em minha comunidade antes de vir para a Universidade do Tempo Universitário (TU), utilizei principalmente o celular para comunicação e acesso às redes sociais. A televisão também fazia parte da rotina, fornecendo entretenimento e informações. Ontem, logo após acordar, a primeira tecnologia que usei foi o celular para verificar mensagens e atualizações nas redes sociais. Ao longo do dia, utilizei o computador para estudar e elaborar um slide no aplicativo Canva, e para acessar materiais didáticos online.
A transição do uso de tecnologias na comunidade para a TU foi significativa, pois o ambiente acadêmico exige um maior uso de ferramentas digitais para aprendizado e comunicação. Por exemplo, estudar agora envolve o uso de plataformas digitais e recursos online. Anotar telefones e fazer listas de papel foram substituídos por aplicativos de organização e notas. Marcar encontros e conversas também se tornaram mais fáceis e rápidas através de mensagens no WhatsApp e outras redes sociais.
Participei do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), onde tive a oportunidade de trabalhar com vários mestres e mestras do saber. Durante esse período, produzi um vídeo sobre Dona Alvina, uma mestra produtora de esteiras de capa de bananeira. Para o vídeo, utilizei os aplicativos Caput e Canva. Busquei destacar a importância de preservar e valorizar os conhecimentos tradicionais, como os da Dona Alvina.
Embora eu já tenha explorado muitas possibilidades com tecnologias digitais, ainda pretendo expandir meu conhecimento e habilidades em áreas como programação, design gráfico e criação de conteúdo digital. Durante a minha trajetória, percebi diferenças significativas no uso de tecnologia entre gerações. As gerações mais velhas, como meus pais e avós, geralmente adotam uma abordagem mais limitada e cautelosa em relação às tecnologias digitais, enquanto as gerações mais novas, como meus irmãos e sobrinhos, estão mais integradas e são mais adeptas ao uso intensivo de dispositivos e redes sociais.
Tenho sentimentos predominantemente positivos em relação às novas tecnologias, pois oferecem inúmeras oportunidades de aprendizado, comunicação e entretenimento. No entanto, reconheço a necessidade de um uso consciente e equilibrado para evitar dependência e impactos negativos na saúde mental. As experiências mais positivas com tecnologias digitais incluem a facilidade de acesso à informação, a possibilidade de manter contato com pessoas distantes e a capacidade de aprender online. As experiências negativas envolvem a exposição a conteúdos prejudiciais, cyberbullying e perda de foco.
Como futura professora, pretendo integrar as tecnologias digitais de maneira significativa em minhas práticas pedagógicas. Ferramentas como plataformas de aprendizado online, aplicativos de organização e redes sociais educativas serão utilizadas para criar aulas mais dinâmicas e interativas, adaptadas às diferentes necessidades e estilos de aprendizagem dos alunos.
Acredito que essas ferramentas são fundamentais para enriquecer o processo de ensino e aprendizagem, estimulando a colaboração, a criatividade e o desenvolvimento de habilidades digitais essenciais para o século XXI.
Pra terminar, recomendo um filme que eu mais assistia com meus irmãos na minha infância, e juntos adorávamos as aventuras e mistérios vividos pelas protagonistas. Confira o filme H2O o filme no YouTube, uma produção australiana que acompanha a história de três adolescentes que se transformam em sereias ao entrarem em contato com a água.