Minha jornada de letramento

Minha jornada de letramento

Por Amanda Oliveira Mourão [1]

Ouça o texto lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

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Não me recordo do primeiro contato que tive com a escrita, mas me lembro de ter sempre em casa papel sulfite e giz de cera, os quais utilizava para desenhar e me divertir. Outra forma de me entreter era com as cantigas de roda que meus pais cantavam para meu irmão e eu, além das histórias de vida vque adorávamos escutar. Havia muitos livros em casa, didáticos e literários, pois meus pais apreciam a leitura e sempre foram muito estudiosos. Apesar de ambos virem de uma família humilde, meus avós sabiam da importância do conhecimento e passaram esses valores aos meus pais, que me repassaram.

Não me recordo do primeiro contato que tive com a escrita na infância, mas lembro-me de ter sempre em casa papel sulfite e giz de cera, os quais utilizava para desenhar e me divertir. Outra forma de me entreter era através das cantigas de roda que meus pais cantavam para meu irmão e eu, além das histórias de vida deles e dos nossos avós, que adorávamos escutar. Havia muitos livros em casa, didáticos e literários, pois meus pais apreciam a leitura e sempre foram muito estudiosos. Apesar de ambos virem de uma família muito humilde e de todas as dificuldades que enfrentaram na vida, meus avós sabiam da importância do conhecimento, do letramento e passaram esses valores aos meus pais, que me repassaram.

Quando ingressei na educação infantil, não me adaptei bem aquele novo ambiente, não me recordo de nenhum aprendizado na primeira escola que frequentei. Naquela época a maioria das minhas tias eram professoras, algumas em uma determinada escola, na qual meus pais decidiram me matricular. Nessa outra escola, lembro-me de ter o meu primeiro contato com as letras e números, de treinar a caligrafia. A minha professora do primário, Estela, nos ensinava de uma forma muito leve e lúdica, o que nos motivava a aprender. Em relação aos letramentos matemáticos, me recordo de levar embalagens vazias de produtos para montarmos um mercadinho fictício e recebíamos uma certa quantia para fazermos compras de brinquedos, para que começássemos a atribuir valor as coisas.

Após aprender a ler, comecei a ganhar livros dos meus pais e tias, com histórias bíblicas, contos de fadas, gibis da turma da Mônica, dentre outros. Durante o meu ensino fundamental, meu pai começou a assinar algumas revistas, que tratavam sobre política, economia e cultura, para me incentivar a ler e adquirir conhecimentos sobre os acontecimentos no Brasil e no mundo. Também tínhamos um Atlas em casa, que utilizava para alguns trabalhos da escola. Além disso, tinha acesso a biblioteca da escola, tanto no ensino fundamental, como no ensino médio e tínhamos um momento específico para leitura de livros literários durante algumas aulas de português.

Ao ingressar na universidade, meu hábito de leitura passou a estar mais relacionado aos materiais didáticos referentes as disciplinas que cursava. Aprendi que era necessário buscar além daquilo que o professor oferecia para aprender de uma maneira mais efetiva, principalmente durante a pós-graduação, em que a aprendizagem se torna mais autônoma. A leitura me proporcionou diversos benefícios ao longo da minha vida, como a melhora da escrita e da capacidade de comunicação, uma melhor compreensão do mundo e o meu desenvolvimento pessoal.

[1] Amanda é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

Como tudo começou

Como tudo começou

Por Sunamita Nelma Ferreira Alves [1]

Ouça um trecho lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Meu primeiro contato com tecnologia digital foi no ano de 2016, quando ganhei um celular. Logo então comecei a usar WhatsApp, mas meu acesso é bastante limitado, pois me preocupo com a dependência que pode causar nas pessoas e por não ter muito tempo disponível. Os aplicativos que eu mais utilizo são YouTube, WhatsApp e e-mail, por serem aplicativos que ajudam a resolver várias coisas atualmente e por serem mais práticos. Com a chegada dessas novas tecnologias digitais, várias práticas foram alteradas, desde uma simples conversa até resolver problemas como pagar boletos sem idas a bancos, fazer compras etc.

Com a chegada dessas novas tecnologias digitais, várias práticas foram alteradas, desde uma simples conversa até resolver problemas como pagar boletos sem idas a bancos, fazer compras etc. A geração mais velha tem mais dificuldades com o acesso às novas tecnologias, enquanto as crianças manuseiam os aparelhos com muita facilidade e, mesmo antes de saberem ler, já possuem grandes avanços em seus letramentos digitais. Além disso, o uso da linguagem é diferente, com fenômenos como o uso do português com muitas abreviações.

Muitas pessoas, principalmente crianças e jovens, usam o celular sem controle, de forma prejudicial à saúde. Se tirarmos os celulares dos adolescentes hoje, a maioria fica doente. Não sabemos que mal isso pode trazer para as novas gerações, mas podemos dizer que os usos dessas ferramentas devem ser conscientes e críticos.

Na minha formação básica não existia ainda essas tecnologias de interação avançadas de hoje e as atividades eram sempre presenciais e com pesquisas em livros físicos. Mas vale ressaltar que quem está a par das tecnologias está um passo à frente, em contato com a boa informação, o que contribui bastante para nossa educação, visto que o acesso que era limitado em tempos passados, mas agora as informações estão mais acessíveis e de maneira gratuita e universal. Resta-nos usá-las adequadamente.

Na universidade o uso das tecnologias sempre foi desafiador, mas necessário para tarefas como entrega de trabalhos via Moodle, pesquisas on-line etc. Como um todo, foi difícil a adaptação já que no meu cotidiano não usava essas ferramentas. Inclusive já perdi trabalhos finalizados que não consegui enviar por problemas com as tecnologias.

O isolamento social causado pela pandemia do covid19 foi difícil e provavelmente todos tiveram que se apegar às tecnologias de interação e comunicação para que fosse possível conseguir acompanhar o ensino remoto, no meu caso, e até trabalhar. Essas metodologias foram uma inovação salvadora, por ser o único jeito de termos as aulas, ainda que com perda de qualidade no ensino e aprendizagem. No ensino presencial com certeza o aproveitamento é bem maior, porque em sala de aula é mais fácil nos concentrar.

Para os educadores, há vários sites relevantes para o ensino, mas pode ser um problema o professor usar o celular em sala de aula e conseguir voltar às atividades sem que alunos se dispersem em salas de bate-papo e outras. Apesar de facilitar vários processos, como no ensino, as tecnologias também acarretam uma série de coisas, mudanças como o distanciamento entre as pessoas.

No campo, o uso das tecnologias facilita bastante, visto que há ferramentas de comunicação e de informações que encurtam distâncias, proporcionam acesso a mercadorias e geram economias significativas, o que são grandes benefícios para a sociedade campesina. Infelizmente o acesso do sujeito do campo é limitado, o que podemos dizer que é uma exclusão digital. Isso é um ponto negativo que deve ser observado e corrigido.

[1] Sunamita Nelma Ferreira Alves é graduanda do curso Licenciatura em Educação do Campo (LEC), da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Este trabalho foi orientado pelos professores Carlos Henrique Silva de Castro, Luiz Henrique Magnani e Mauricio Teixeira Mendes.

A inserção das tecnologias em minha vida

A inserção das tecnologias em minha vida

Por Solidade Figueira [1]

Ouça um trecho lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Meu primeiro contato com as tecnologias digitais foi na escola, situação totalmente diferente e nova na época, visto que ainda não tinha conhecimento do uso de computadores e achava que qualquer manuseio errado poderia estragar aqueles aparelhos até então desconhecidos. Mas também foi um momento de entusiasmo. Uma das coisas que tenho quase certeza que a maioria fazia, e eu também fazia quando criei mais intimidade com a tecnologia, era ir a um laboratório de informática para explorar e jogar vários jogos que existiam e eram populares na época da escola. 

As redes sociais também já eram muito usadas. Recordo que quando aprendi a ligar e a desligar o computador e a usar o mouse, ia até uma lan house e pagava por hora para fazer uso. A partir desse contato com essas tecnologias comecei a ter mais conhecimento e experiência e, obviamente, a gostar da novidade.

Na escola, além dos professores que auxiliavam nas atividades didáticas, havia as amizades que ajudavam nos jogos e redes sociais. Até iniciei um curso de informática, o deslocamento da zona rural, onde eu morava, para a zona urbana me impediu de prosseguir com o curso.

Atualmente, faço mais uso das novas tecnologias e com maior sagacidade, pois tive condições de ter um celular e um notebook que me deixaram mais perto do mundo digital. Os equipamentos se tornaram imprescindíveis para o dia a dia, principalmente por causa dos estudos, das páginas de ensino que possuem diversas dicas de como atuar na área da educação, essas são as mais visitadas por mim. Sempre que tenho um tempo entre os afazeres diários, administro o tempo também para acessar páginas de entretenimento, como redes sociais, onde faço uso apenas pessoal. Posto muito sobre minha filha. Dessas redes sociais uso mais o Instagram e o WhatsApp.

Na minha rotina, geralmente uso o celular assim que acordo pela manhã, pois ele também é despertador. Aproveito enquanto desperto do sono para ver meus e-mails. Nas manhãs em que não estou na escola lecionando e estou cuidando de outras tarefas, volta e meia pego o celular para olhar mensagens ou entrar em redes sociais. Ao decorrer do dia e com as outras tarefas cumpridas, uso o notebook para realizar meus trabalhos acadêmicos e montar meus planos de aulas. Às vezes, durante a noite, acesso plataformas de filmes, séries e documentários. No dia de ontem, recordo que utilizei mais o celular, que hoje é um minicomputador e te oferece além do que dele se espera, para acessar minhas páginas de trabalho e estudo mesmo fora de casa. Assim é na maioria dos meus dias e minha relação com as tecnologias.

Em função da tecnologia, as práticas sociais que mudaram, de um modo geral, foram as conversas presenciais. Vejo que é raro o ato de ir até a casa, o trabalho ou outros ambientes ter um contato com outra pessoa. Além das visitas, cartas escritas a mão e mensageiros orais foram, de certa forma, substituídos por vídeos editados, vídeo chamadas, mensagens instantâneas. Por outro ponto de vista, as tecnologias facilitaram nossas vidas com, por exemplo, aplicativos que ajudam a evitar filas em banco, as consultas, reuniões, compras e outros, que demandavam um contato pessoal e deslocamento, que estão sendo feitas a distância, tudo em decorrência do avanço das tecnologias.

É notório que os avanços tecnológicos são grandes e trazem ferramentas de grande valia para evolução de muitas áreas no mundo, da saúde à comunicação, mas devemos ver seus impactos negativos. Na educação e como professora pretendo usar ferramentas que hoje são foco de interesse dos alunos, de forma contextualizada e que envolvam os alunos de maneira didática.

Na minha trajetória escolar, utilizava apenas computadores dos laboratórios de informática da escola. Os celulares ainda eram acessíveis apenas para as classes mais favorecidas. Nos dias atuais, ainda se utiliza muito desses laboratórios, mas os celulares também são bem utilizados. Na escola em que atuo só se pode utilizá-lo para fins pedagógicos e com permissão da diretoria.

Na universidade, o uso do celular e do computador é diário. O celular traz praticidade, pois permite acessar páginas, livros digitais e vídeoaulas em qualquer lugar, responder e-mails, acessar e armazenar documentos digitais de forma segura. O notebook dá mais conforto na realização de todas essas tarefas, pois dá maior visibilidade na leitura e evita forçar muito a visão, já que possui uma tela maior, e o teclado facilita a escrita.

Vale ressaltar que essas ferramentas auxiliaram muito na universidade na pandemia, pois nos ajudou a evitar o atraso matérias e atividades. Passamos a ter conhecimento de novas ferramentas de ensino que foram utilizadas no dia a dia e no contexto escolar, como o Google Meet, muito usado para reuniões de trabalho e aulas. Hoje na minha rotina sempre há espaços para uso do celular, pois através dele tenho acesso a todo momento a questões relacionadas ao meu estudo, ao meu trabalho e outras áreas também.

Em algumas comunidades do campo do meu município, com a chegada da rede de celular em algumas áreas, tenho presenciado muito o uso do celular, o que era raro. Algumas escolas, inclusive a estadual na qual atuo, têm internet em todos os computadores de forma que o acesso se tornou mais fácil para todos os usuários. As escolas municipais da minha cidade também contam com essas tecnologias, inclusive as escolas do campo que contam com roteadores de internet. Assim notamos que o avanço das tecnologias para fins pedagógicos foi grande, porém vale ressaltar que é necessário um plano específico para esse uso didático, consciente e, principalmente, eficiente destes recursos, tanto para a formação dos profissionais quanto dos alunos.

Quanto à minha atuação na sala de aula, como professora iniciando carreira, acredito que vou me deparar com inúmeras possibilidades com as tecnologias e dificuldades também. Usadas em vários momentos e tarefas reais da vida, no âmbito escolar não pode ser diferente e esse é um grande desafio. O ideal é que o professor tenha domínio sobre as ferramentas usadas pelos jovens, para trazê-las para o contexto educacional para que reflitam criticamente sobre esses usos. Incentivar um bom uso das tecnologias em atividades de conscientização é tarefa do professor e da escola.

[1] Solidade Figueira é graduanda do curso Licenciatura em Educação do Campo (LEC), da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Este trabalho foi orientado pelos professores Carlos Henrique Silva de Castro, Luiz Henrique Magnani e Mauricio Teixeira Mendes.

Tecnologias e seus efeitos diários

Tecnologias e seus efeitos diários

Por Solange Pereira dos Santos [1]

Ouça um trecho lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Em meados dos anos 2000, a tecnologia mais avançada que tinha em casa era um som com controle remoto que tocava CDs.  . Usei muito som de CD, mas hoje uso caixa de som com conexão por bluetoothFoi no ano de 2014 a primeira vez que usei um mouse, enviei uma mensagem, fiz uma busca na Wikipédia. Foi nesse ano que me inscrevi no curso de informática básica no Telecentro da cidade de Caraí/MG. No curso, criei meu primeiro e-mail e uma página no Facebook.

Nesses meus processos de aprendizagem com e sobre as tecnologias, os colegas tiveram bastante importância, diferentemente da família que teve pouca participação. Hoje as tecnologias me permitem interagir com os movimentos sociais do Vale do Jequitinhonha e região, prestar serviços voluntários, de forma assídua em encontro virtuais ou presenciais, como na minha graduação na UFVJM, em palestras e outros cursos. As tecnologias se tornaram essenciais em minha caminhada após meu comprometimento com o curso em uma universidade pública de qualidade, sendo que eu fui a primeira da família a entrar em uma. Tudo aconteceu em um curto espaço de tempo, trazendo liberdade e possibilidades.

As páginas web que mais visito são Facebook, Instagram, Tik Tok, o blog regional do Jô Pinto (onde sou atualmente colunista), sites acadêmicos, páginas de jornais regionais. Dei minha parcela de contribuição no blog Encontro de Saberes – UFVJM com um registro do manejo de farinha de mandioca artesanal da Comunidade Cedro, município de Padre Paraíso/ MG. Também contribuí na página do Olhares do Campo, com uma publicação intitulada “Trajetória escolar de uma campesina”. No ano de 2021 realizei algumas lives do Museu de Araçuaí – linkando com uma participante na Alemanha com a qual continuo alimentando uma página no Facebook. No mesmo período apresentei artigo na Sintegra, edição de 2021, sobre trabalho orientado pelo professor Luiz Cláudio Nobre.

Há diferenças no uso diário de tecnologia em minha vida como estudante, profissional e ativista e costumo separar espaço para cada momento. No Instagram compartilho mais registros pessoais, já no Facebook estou adaptando-o para registros importantes de trabalhos ou divulgações de trabalhos de amigos. Também já fiz uploads de imagens e vídeos no Facebook e no status do WhatsApp. Pensando no uso de tecnologias no dia de ontem, por exemplo, comecei logo ao acordar. Ao longo do dia fiz visitas breves na página do blog do Jô Pinto, no WhatsApp, TikTok, Instagram e Facebook, algumas páginas de notícias regionais, assisti a um documentário etc.

Em função das novas tecnologias, mudei algumas práticas sociais como catalogar endereços de pessoas, fazer lives usando o StreamYard e o Facebook, marcar encontros pelo WhatsApp, estudar usando documentos digitais e vídeos, fazer trabalhos no Google Docs, fazer chamadas de vídeos, enviar e-mails, fazer compras online, digitalizar documentos, fazer cursos à distância etc. Ainda não tive oportunidade de assistir a um filme com óculos 3D, mas pretendo fazer em breve.

Vejo diferenças no uso de tecnologia entre as gerações mais novas e as gerações mais velhas. Normalmente, pais e avós de conhecidos ainda têm resistências para experimentar algo novo. Já os mais jovens, como adolescentes e crianças conhecidas e alunos, já ficam loucos para ter acesso a tecnologias e aparelhos de última geração.  Com o acesso que tenho, consigo identificar diferenças culturais entre amigos estrangeiros e diferentes gêneros textuais, pois o acesso a vários conteúdos me deu um leque de experiências com outras pessoas de outras etnias, além de estar por dentro dos perigos por trás da rede e dos vários gêneros textuais que traz.

Tenho vários sentimentos em relação às tecnologias, como insegurança, instabilidade, medo da exposição de meus dados, de tornar-me dependente e permanecer muito tempo conectada etc. As experiências positivas que tenho estão relacionadas a ter acesso a tudo em tempo hábil, de fazer vários cursos, reencontrar pessoas que a muito tempo não tinha contato, ouvir músicas ininterruptamente, assistir a filmes e séries. As negativas foram acessar notícias dos massacres nas escolas, feminicídios, vulnerabilidades das crianças nas redes com crescimento de pedofilia e uso de drogas. Além dessas notícias ruins, mas verdadeiras, há o perigo das fakes news usadas para manipulação e, massa, ameaças, controle de poder. E o mais novo dilema social é a deepfake, tecnologia que usa a chamada inteligência artificial para adulterar o movimento dos lábios e falsear falas, dentre outras coisas.

Como educadora e estudante, uso diariamente o Google Classroom, Google meet, Google drive, e-mail e WhatsApp. Como professora, usaria sites que exigem menos dados ou criaria um espaço como um Padlet semanal com temas diversos para trabalhar com os alunos, algo ainda a ser processado. Na minha formação educacional básica, não me lembro de fazer atividades diversificadas com uso de tecnologias de informação e comunicação. Basicamente assistíamos a filmes em fita de videocassete no telão na quadra de esporte ou no pátio da escola, ou em uma televisão de tubo que havia em algumas salas. Também havia uma sala de computadores, mas nenhum, ou poucos, funcionavam e não podíamos ter acesso livre a eles, éramos sempre supervisionados. Não retornei às escolas em que estudei, mas tive notícias de que adaptaram salas e espaços com algumas salas de vídeos, computadores na biblioteca, televisores smart, internet, projetores etc.

Na Universidade, as principais tecnologias utilizadas, principalmente no período de ensino remoto ocorrido em decorrência da pandemia do covid-19) foram Moodle, Google Meet, Classroom, e-mail, Google Drive, Google docs, planilhas, sites acadêmicos etc.. Os maiores desafios estavam ligados a apresentar trabalhos remotamente, a partir de uma pequena tela. A insegurança tomava conta com câmera que travava, filhos e animais domésticos aparecendo atrás e cabelos desajeitados. Isso quando a conexão não caía ou travava, o que dificultava a participação das aulas. Alguns professores ainda exigiam que ficássemos com a câmera aberta.

Nesse período de ensino remoto, para continuar o curso universitário tivemos que adaptar ou adquirir alguns aparelhos como notebook e internet, assim como arrumar um espaço menos barulhento em casa para estudar ou negociar o silêncio com a família. Na rotina, passei a ter que preparar com antecedência o jantar ou outros afazeres pertinentes para as aulas dos fins de tarde e início das noites. Não cheguei a abandonar nenhuma tecnologia, pelo contrário, tive que aprender a manusear outras mais. Além de tudo isso, ainda tive que adquirir um aparelho celular para uma, ajudar a mais nova com suas atividades, estagiar remotamente, dividindo o mesmo espaço.

A partir dessas experiências, vejo o uso de tecnologias nas escolas como um universo de possibilidades. Com essas tecnologias é possível trabalhar gêneros diversificados como filmes, podcasts, padlet, dentre outros. Além disso, é necessário a realização de debates sobre o uso das tecnologias nas escolas, sobre aspectos positivos e negativos, fazer pesquisas, conhecer outras culturas, inclusive de outros países, mostrar nossas culturas, tudo que encontros virtuais podem proporcionar. Conhecendo um pouco as tecnologias, a partir do conhecimento que construí na universidade e nos meus trabalhos extras, me sinto segura em me tornar professora e desenvolver um bom trabalho na perspectiva tecnológica.

[1] Solange Pereira dos Santos é graduanda do curso Licenciatura em Educação do Campo (LEC), da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Este trabalho foi orientado pelos professores Carlos Henrique Silva de Castro, Luiz Henrique Magnani e Mauricio Teixeira Mendes.

Contatos com novas tecnologias

Contatos com novas tecnologias

Por Sabrina Santos Esteves [1]

Ouça um trecho lido pela própria autora a seguir. O texto completo, em formato escrito, segue logo abaixo.

Abordo aqui lembranças relacionadas aos meus primeiros contatos com essas ferramentas digitais e os laços que fui criando com elas no decorrer dos tempos. Trago, também, reflexões relacionadas à inclusão digital nos contextos educacionais na perspectiva de educadora do campo, minha área de formação. Meu primeiro contato com tecnologias interativas foi quando tinha mais ou menos 9 anos de idade, quando abriram um Telecentro ao lado da minha casa para atender as crianças e adolescentes do bairro. Os monitores ensinavam como colorir usando o mouse em um aplicativo, nos orientavam como fazer pesquisas e no final das aulas nos deixavam ficar jogando. As crianças do meu bairro adoravam, pois era algo novo. 

Mas nada substituía nossas brincadeiras de fins de tarde, quando chegávamos da escola, como queimada, rouba-bandeira, pula-corda, esconde-esconde. Brincadeiras da minha geração, diferentes das de hoje quando as crianças já nascem grudadas em um celular, rapidamente ficam fissuradas em internet, em Youtube, em jogos como Free Fire e plataformas como Tik Tok. Parece que as crianças da atualidade não sabem nem o que é assistir um desenho animado nas manhãs de sábado na TV, pois ficam presos nas minitelas dos celulares ou tabletes todo o tempo, com isso acabam perdendo a melhor fase de suas infâncias.

Na faixa etária de 14 anos eu gostava muito de frequentar a lan House, pois não tinha computador em casa e nem celular. Sou natural de Araçuaí-MG e, naquele tempo, era apenas 0,50 centavos uma hora de uso da internet. Lá criei meu Facebook, plataforma que utilizo até hoje. Naquele tempo também se utilizava muito o “Orkut”, que nos dias de hoje não é muito lembrado. Com a globalização e as tecnologias avançaram de tal maneira que hoje, na minha cidade, é raro encontrar uma lan house, pois quase todos possuem um aparelho, com isso os Telecentros também foram extintos. 

Na atualidade a tecnologia que mais uso é o celular, onde acesso o pacote office da Microsoft, Google, YouTube, Instagram, WhatsApp, sites de compras (Shopee) etc.  Me considero uma pessoa muito apegada a essas ferramentas, pois a primeira coisa que eu faço quando acordo é pegar no meu celular. É um ciclo vicioso, pois toda vez que pego no meu aparelho, ele consegue prender minha atenção de tal maneira que quando percebo já se passaram duas horas, e eu com o celular na mão.

Muitas práticas sociais foram perdidas com a modernização das ferramentas digitais, como conversar com os amigos na porta de casa, escrever cartas e catalogar números. Até a interação interpessoal ficou mais difícil e é comum em um grupo de pessoas não dialogarem entre si por estarem presos a seus celulares. Com isso, muitos costumes e tradições foram perdidos em certos contextos.

No meu ensino básico, não se utilizava muito as tecnologias. Os nossos trabalhos eram apresentados em cartazes e eram utilizadas ferramentas mais simples como som e TV para assistirmos a filmes ou ouvirmos música. Havia uma sala com computadores, mas nem todos funcionavam e percebia-se que a professora não tinha uma formação específica para manuseio daquelas máquinas. Então o uso era muito superficial e nossas habilidades com o digital não foram muito bem desenvolvidas na escola onde estudava. Vim a melhorar esse domínio quando entrei na universidade, quando me vi obrigada a mexer em programas como, por exemplo, Power Point para apresentações, Word para formatar textos, Gmail, fóruns. A área acadêmica me viabilizou vários conhecimentos significativos.

Com o isolamento social que vivemos durante a pandemia de covid19 tivemos que nos adaptar a uma forma de ensino remoto emergencial, que foi completamente diferente do presencial. Tivemos que realmente aumentar nossos letramentos digitais, pois acessar o Google Meet, assistir às aulas pela telinha, apresentar, dialogar e desenvolver trabalhos com os demais colegas sem aquela interação face a face de antes foi verdadeiramente algo muito desafiador. Me vi completamente dependente do meio digital para tudo e as tecnologias contribuíram bastante para que o nosso curso continuasse, mesmo com tantas dificuldades. De toda forma, pela falta de acessibilidade aos meios digitais em alguns contextos, não deixou de ser prejudicial. Muitas escolas do campo sofreram com essa nova metodologia de ensino por falta de recursos, de domínio das ferramentas, falta de internet de qualidade, com grandes perdas para o ensino-aprendizagem e certa exclusão social.

Na minha percepção, as tecnologias têm seus pontos positivos e negativos, dependendo de quem vai utilizar e de como vai utilizar. Se empregadas no contexto de ensino nas práticas docentes, podem ajudar a produzir aulas reflexivas e críticas. Na interação interpessoal também auxiliam muito. Como negativo, muitas dessas ferramentas podem ser utilizadas para manipular, enganar e disseminar a desinformação. O uso em massa das fake news pode trazer consequências graves para o campo, como viabilizar mais investimentos na mineração, ocasionando desmatamentos, deixando o solo improdutivo e desrespeitando a sustentabilidade para as gerações futuras. Faz-se necessário levar essa discussão para as salas de aula, para que os alunos tirem suas próprias conclusões em relação ao mundo digital e sejam incluídos de maneira crítica.

Por fim, como futura educadora do campo, concluo que devemos fazer uma leitura do mundo em relação às tecnologias e suas novas linguagens com nossos estudantes, pois a internet pode ficar no campo da utopia e até levar à distopia. Cabe a nós refletirmos sobre essas modernidades que vem se intensificando nas nossas vidas e ver até que ponto podem nos ajudar ou prejudicar.

[1] Sabrina Santos Esteves é graduanda do curso Licenciatura em Educação do Campo (LEC), da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Este trabalho foi orientado pelos professores Carlos Henrique Silva de Castro, Luiz Henrique Magnani e Mauricio Teixeira Mendes.