Memórias da minha formação

Paula

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Paula Tamires Fernandes Guedes Sampaio, Itamarandiba/MG

Ingressei na vida escolar com quatro anos de idade, logo não tenho muitas recordações sobre essa época relacionadas à leitura. Na comunidade em que vivia, tinha acesso a livros escolares dos familiares, a jornais, revistas e panfletos da igreja. Assim, posso perceber que sempre tive contato com a leitura.

Antes de entrar para a escola e até nos primeiros anos da vida escolar, lembro-me de que os adultos me contavam muitas histórias infantis. As que mais me recordo são as histórias dos Três Porquinhos, em que o lobo mau tentava assoprar as casas dos três porquinhos para derrubá-las; a história de Joãozinho e Maria, dois irmãos que viviam na floresta com seus pais e tinham várias aventuras; e o clássico Chapeuzinho Vermelho, em que a Chapeuzinho ia levar doces para sua vovozinha e encontrava o lobo mau no caminho, que a seguia e tentava comê-la.

Desde a minha primeira infância, recordo-me das idas às missas na igreja, onde ouvia o padre e os leitores fazendo a leitura da Bíblia. Com sete anos de idade, logo quando ingressei no ensino fundamental, também comecei a fazer a catequese, que é a preparação para a Primeira Eucaristia (Sacramento da Igreja Católica Apostólica Romana). Nesse curso, ouvia muitas histórias bíblicas lidas pelos catequistas e tive muito contato com a Bíblia nessa época. Isso continua até hoje, uma vez que faço a leitura da Bíblia em casa e ouço a leitura nas missas às quais participo. Além disso, faço parte da equipe de liturgia da minha paróquia, realizando leituras durante as celebrações de missas na igreja.

Assim que ingressei na vida escolar, sempre fui incentivada pela minha mãe a me dedicar aos estudos, sempre fui apaixonada pela escola. Recordo-me de que, se minha mãe quisesse me castigar, bastava ameaçar não me deixar ir para a escola, e eu rapidamente me comportava bem. Após iniciar o pré-escolar, lembro-me de fazer colagens com bolinhas de papel crepom sobre as letras do meu primeiro nome e os numerais, de fazer desenhos e de ouvir muitas histórias infantis, como a de Chapeuzinho Vermelho.

Quanto aos números, desde cedo me familiarizei com o dinheiro e gostava muito de ganhar moedas para comprar guloseimas na venda da esquina (mercadinho). Com sete anos de idade, já sabia contar as moedas, notas de dinheiro e conferir o troco.

Nos primeiros anos do ensino fundamental, tive muito acesso a livros de histórias, e havia uma biblioteca na escola onde podíamos pegar os livros emprestados para ler em casa e depois devolver. A partir da quinta série do ensino fundamental, passei a ler livros clássicos da literatura brasileira, tais como Senhora, de José de Alencar, e Dom Casmurro, de Machado de Assis. Esses e outros livros eram leitura obrigatória na disciplina de português. Após a leitura, tínhamos que fazer um resumo em uma ficha literária e depois realizar uma prova escrita sobre o conteúdo do livro, o que estimulava bastante a leitura. Nessa época, eu me destacava com as melhores notas nas provas de literatura e, como tinha facilidade em interpretar textos, mesmo quando não conseguia ler os livros por completo, conseguia interpretar com a leitura de resumos e conversas com colegas sobre as histórias narradas nos livros.

Nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, lembro das frequentes idas à biblioteca da escola para fazer pesquisa na Barsa, uma enciclopédia de A a Z, onde encontrava assuntos multidisciplinares para resolver minhas tarefas. Naquela época, não tinha acesso à internet e nem podia fazer cópias xerográficas dos livros. Então, as respostas coletadas na Barsa eram transcritas à mão, o que facilitava a assimilação do conteúdo.

No ensino médio, continuaram as leituras obrigatórias de livros para a produção de resumos e a realização de provas. Naquela época, por volta do segundo ano do ensino médio, a internet estava em alta, e para acessá-la era necessário ir a lanhouses, locais com computadores conectados à internet, onde se pagava por hora para utilizá-los.

As redes sociais eram muito utilizadas, e nelas a leitura e a escrita eram empregadas para fazer os famosos depoimentos (mensagens declarando a importância das pessoas) para os amigos que conversavam no antigo Orkut, rede social muito famosa na época.

Quanto às finanças, sempre fui familiarizada com números, especialmente com dinheiro, e, desde a adolescência, passei a fazer os serviços bancários da minha mãe e do meu avô. Assim, aprendi a administrar desde cedo e, quando comecei a ter meu próprio salário, já sabia controlar meus gastos.

Percebo que a vida escolar foi muito importante para o processo de aprender a administrar minhas finanças, em especial porque, nas aulas de matemática, frequentemente resolvíamos problemas matemáticos que envolviam dinheiro.

A partir da facilidade que desenvolvi em interpretar textos, passei a pesquisar e estudar como resolver os assuntos do meu cotidiano. Assim, consigo analisar contratos e proposições de empréstimos e financiamentos, avaliando se compensa ou não ingressar nos mesmos.

Atualmente, faço a minha declaração anual do imposto de renda da pessoa física para a Receita Federal do Brasil e faço a declaração para meu marido e alguns familiares. Além disso, consigo gerir investimentos tanto no meu trabalho quanto no meu próprio patrimônio e dou dicas a alguns familiares com base em muita leitura de relatórios do mercado financeiro.

Quanto à vida universitária, percebo que o incentivo à leitura ao longo dos anos na vida escolar facilitou bastante a interpretação e compreensão de textos que ajudam no dia a dia. O conhecimento adquirido ao longo dos anos escolares até o ensino médio preparou-me com êxito para a vida na universidade.

Como já frequentei a universidade antes, com formação em Administração e pós-graduação em Gestão Municipal, já tenho conhecimento da rotina acadêmica, podendo assim administrar a metodologia e rotina de estudos e entrar no ritmo da vida acadêmica, apesar de já ter se passado 10 anos desde que concluí minha primeira graduação.

Atualmente, leio os livros e textos propostos na grade curricular do curso de Pedagogia e tenho facilidade em interpretar os textos e as questões propostas, pelo conhecimento que adquiri tanto no ensino fundamental e médio quanto na faculdade e até no trabalho.

Enfim, vejo que o curso de Pedagogia irá contribuir bastante para o meu currículo e, quem sabe, para ingressar em uma nova carreira. Espero poder chegar ao final do curso com a bagagem necessária para exercer atividades na área da pedagogia, especialmente na supervisão pedagógica.



SOBRE A AUTORA:

Paula Tamires Fernandes Guedes Sampaio, de Itamarandiba/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.

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