Lembranças dos meus letramentos

Por Vânia Evangelista Fagundes Ribeiro [1]



Durante minha infância era muito comum o acesso a livros na minha casa, pois sou a filha mais nova de sete filhos. Então, sempre via meus irmãos estudando, fazendo lição de casa. Então, eu sempre estava atrás deles pedindo folhas para rabiscar, e sempre via minha mãe lendo a Bíblia e livros da igreja, por ela ser muito católica. Ela era presidente do grupo de legionárias e catequista.

Com isso, sempre se reunia com crianças e adolescentes uma vez na semana, na minha casa, para passar os ensinamentos bíblicos. Então, eu sempre via eles lendo, escrevendo, e ali estava eu, sempre grudada nela, a acompanhando nos encontros e na missa. Recordo-me bem que em casa sempre tinha os jornaizinhos da igreja, que minha mãe levava ao final de cada missa que assistia. Eu os folheava, mas não entendia nada, pois não sabia ler.

Lembro que quando era pequena minha mãe me presenteou com um kit de livrinhos de historinhas infantis, que veio acompanhado de um quebra-cabeça da Branca de Neve, que era o que eu mais gostava por ter as peças para ir montando, e tinha uma historinha por trás das peças. A presença da minha família nessa fase foi de muita importância me ensinando e esclarecendo minhas dúvidas.

Aos quatro anos de idade, minhas irmãs me ensinaram a contar até 50 e a conhecer as algumas letras. Sempre brincávamos de escolinha, onde minha irmã Vanessa era a professora e eu, aluna. Aos poucos, através dos meus rabiscos, fui aprendendo o alfabeto. Aos seis anos eu frequentei, pela primeira vez, a escola, onde iniciei na turminha do pré-escolar com a professora tia Cidinha (uma professora tão meiga), e através dos ensinamentos dela fui aprendendo a formar sílabas, palavras. Até aprendi a ler. E, nos anos seguintes, entre sete e oito anos, fui aprendendo a fazer pequenas contas de somar e subtrair. Muitos professores passaram na minha vida. Lembro também de uma professora chamada Terezinha, que incentivava bastante a leitura. Ela nos levava na biblioteca todas as semanas para pegar um livro para fazer um resumo e apresentar em sala, e eu sempre escolhia os mais coloridos e que tinham final feliz. E isso foi ampliando meu conhecimento de interpretação, leitura e escrita. Em 2010, iniciei o Ensino Médio na Escola Betânia Tolentino Silveira. O primeiro ano não foi tão legal, pois havia muitos alunos dentro de uma mesma sala, e isso acabou me desmotivando um pouco. Mas nos anos seguintes a turma foi dividida e o contato com textos mais complexos aumentou, e a professora de Português nos apresentou grandes obras, dentre elas “Iracema”, de José de Alencar.

Em 2012, conclui o Ensino Médio e logo fiz vestibular de Direito e Engenharia Civil, nos quais passei e decidi cursar Engenharia no início de 2013, na Faculdades Verde Norte, onde aprendi muitos cálculos, do básico ao estrutural, e pude melhorar minha escrita em diversos aspectos. Em 2022, decidi buscar novos conhecimentos. Então, fiz o vestibular para o curso de Licenciatura em Matemática da UFVJM, no qual acabei ingressando. Sinto-me muito feliz, pois mais um sonho foi realizado e nesse curso estou tendo a oportunidade de ampliar meus conhecimentos e futuramente me tornar uma grande educadora.



[1] Vânia Evangelista Fagundes Ribeiro é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.

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