Uma Plataforma de Viagem Chamada Leitura

Silas Oliveira Silva, Itamarandiba/MG

Meu primeiro contato com a leitura foi em sala de aula, diferentemente de muitas crianças que, hoje em dia, têm acesso a recursos que estimulam a leitura devido ao grande avanço tecnológico. Na minha casa, não havia livros que pudessem despertar meu interesse pela leitura e, mesmo que houvesse, seria difícil me convencer a começar a praticar, pois, antes de entrar na escola, eu só pensava em brincar.

Algum tempo se passou e lá estava eu, matriculado na escola. Lembro que um dos meus primeiros desafios foi escrever meu nome completo. Foi uma tarefa difícil, mas, depois que consegui, fiquei admirado comigo mesmo por tal proeza. Logo depois, o desafio era aprender a ler, o que, a princípio, me pareceu impossível, pois tive muita dificuldade. A situação piorou quando via meus colegas se desenvolvendo melhor que eu, o que me levou a crer que não era inteligente o suficiente para aprender a ler.

O que me ajudou foi a grande paciência que minha professora, Maria Luiza, teve comigo, e até hoje sou grato a isso. Aos poucos, consegui juntar uma letra à outra, formar sílabas e, quando menos esperava, já estava lendo. Vibrei muito ao conseguir ler toda uma frase sozinha. A emoção foi ainda maior quando li um livro inteiro. A partir daí, fiquei maravilhado com o poder da leitura e comecei a ler tudo o que podia: placas e anúncios na rua, bulas de remédio, revistas, embalagens de produtos etc.

Até um certo período do Ensino Fundamental I, éramos incentivados a ler. Os professores reservavam um horário para levar a turma à biblioteca, onde cada um escolhia um livro. Líamos no jardim ou em lugares reservados, mergulhando no universo de cada história. Com o tempo, no entanto, fui deixando a leitura de lado. Voltei a ter contato com a leitura no Fundamental II, por forte influência da minha professora de Português, Rita, que nos estimulava a ler por meio de uma dinâmica muito interessante.

A dinâmica funcionava assim: ela escolhia um determinado livro para toda a turma ler em um prazo determinado. Depois de concluirmos a leitura, devíamos elaborar algumas perguntas sobre o livro, e, em uma data marcada, organizávamos a sala em círculo, onde os, alunos, fazíamos perguntas uns aos outros, sendo avaliados tanto pela elaboração das perguntas quanto pelas respostas dadas.

Outra dinâmica que ela criou consistia em cada aluno ler um livro da biblioteca escolhido a livre arbítrio e, em um dia determinado, contar a história para toda a turma.

Foi através dessas dinâmicas que conheci muitos clássicos da literatura brasileira, tais como “Dom Quixote”, “A Droga da Obediência”, “O Cortiço”, “Dom Casmurro” (Capitu traiu ou não traiu Bentinho?), “Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda”, “Meu Pé de Laranja Lima”, “Depois Daquela Viagem”, entre outros. A partir disso, relembrei o quão bom é se dedicar à leitura e voltei a explorar outros livros que estavam disponíveis na biblioteca da minha escola.

Nesse período, comecei a frequentar a igreja, e a leitura da Bíblia tornou-se tornou um hábito. Ficava maravilhado ao ler cada história da Sagrada Escritura, desde os milagres e maravilhas do Velho Testamento até os milagres que Jesus operou, sem contar todas as histórias vividas pelos apóstolos após a partida do Mestre. Tudo isso contribuiu para alicerçar ainda mais minha fé em Deus.

Hoje, continuo a praticar a leitura, mas de uma forma um pouco não convencional. Isso porque sou concurseiro e parte do meu tempo se baseia em ler materiais em PDF ou até mesmo a “lei seca”. Confesso que já faz tempo que não leio romances como aqueles que lia na época da escola, mas pretendo voltar a embarcar em viagens que me levem a outros mundos, se é que me entendem.



SOBRE O AUTOR:

Silas Oliveira Silva, de Itamarandiba/MG, é acadêmico da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas pelo Professor  Carlos Henrique Silva de Castro e pelos Tutores Daniela da Conceição Andrade e Silva, Luís Felipe Pacheco e Patrícia Monteiro Costa.

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