Nas minhas lembranças, sempre me vêm minha mãe e minha irmã mais velha, Jussara, me ensinando muitas coisas sobre as letras e os números. As duas sempre brincavam de escolinha comigo e minhas outras duas irmãs, Jessica e Tatiana. Tive contato com outros tipos de textos não escritos, como o rádio, por intermédio do meu pai, que gostava de ouvir. Minha mãe me apresentou as novelas e os jornais, dizendo que nos mantinham informados sobre o que acontecia pelo mundo.
Quando minha mãe começou a trabalhar em uma creche, ela conseguiu vaga para mim e para minha irmã mais nova, Jessica, estudarmos lá. Foi um mundo novo para nós, pois interagir com novas crianças era muito legal. Dentre as tarefas dadas, o que mais gostava de fazer era pintar e ouvir histórias. Aqueles eram os melhores momentos na creche. Contudo, não via a hora de chegar em casa e ouvir minha irmã Jussara ler os gibis da Turma da Mônica para mim. Sempre amei como ela lia, pois me fazia viajar em cada cena.
Quando fui para a escola, graças à minha mãe e à Jussara, já sabia muita coisa, como escrever meu nome e outras palavras, contar e até ler um pouco. Minha mãe sempre dizia que a escola é nossa segunda casa, pois era onde passávamos mais tempo depois da nossa casa, e onde as famílias deviam estar inseridas, como uma só família. Ela defendia que esse contato influenciava nosso desenvolvimento, tanto em aprendizados formais quanto nas interações sociais.
A lembrança mais marcante que tenho da escola foi na 3ª série, com a professora Jadete. Após aquele ano de estudo com ela, eu quis seguir a profissão de professora, pois, no meu ponto de vista, a metodologia dela era perfeita para o aprendizado. Ela procurava maneiras de interagir com os alunos de forma que todos participavam. Usava jogos matemáticos, disputas de escrita, leituras, dentre outras artimanhas. Com a professora Jadete, cada conquista no aprendizado era motivo de festa.
Nesse período do ensino fundamental, todo ano eu mudava de escola, o que parou de acontecer após a 5ª série. Contudo, foi uma época em que todas essas escolas contavam com bibliotecas, e cada uma delas tinha uma maneira de incentivar a leitura e a escrita. Podia ser no recreio, com a barraca de leitura, onde havia livros, gibis e revistas para todos os estudantes terem um acesso mais rápido à leitura durante o intervalo. Já na barraca móvel, eram oferecidos outros lugares para ler e havia disputas de qual turma declamava melhor sobre o texto. Em outra escola, havia a caixa do correio, onde qualquer um podia mandar cartas para os outros colegas e professores; todos aqueles envolvidos no ambiente escolar podiam participar. Era muito legal, com declarações de amor anônimas e cartas de amizade, entre outras. Em outra escola, havia o recital poético, onde os próprios estudantes realizavam seus poemas e poesias e depois os declamavam para os outros, com premiações no final. Esses projetos tinham ênfase em incentivar a leitura e a escrita.
Em 2008, entrei para a faculdade de licenciatura em física no IFNMG de Januária, curso que, infelizmente, não concluí por motivos particulares. Mas, no período que frequentei, pude perceber o sentido de estudar certos conteúdos, principalmente na área de matemática, que na época do ensino fundamental e médio não via sentido. Com todas essas experiências, tanto na infância quanto na minha breve passagem pela faculdade, compreendi a importância de um ambiente educativo enriquecedor e o impacto duradouro que ele pode ter no desenvolvimento e nas escolhas de uma pessoa.
SOBRE A AUTORA:
Christiany Dias Mota é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.
Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.