Por Ihuan David Gomes Ferreira [1]
A minha família gosta de dizer: “Quando você chegou do hospital pela primeira vez e entrou em casa, não tirava os olhos da TV”. Esse é um fato muito importante, já que alguns programas de televisão tiveram um papel significativo na minha educação. O acesso a materiais escritos era possível por meio da biblioteca municipal da minha cidade. Meus irmãos eram bons alunos, então um deles, em especial, sempre me incentivava a ler e até chegou a me dar alguns livros de presente, mas devo confessar que os desenhos animados eram mais atraentes.
O desenho que mais me chamava a atenção se chamava “Cyber Chase”, transmitido pela TV Cultura. Ele retratava problemas do cotidiano resolvidos através da matemática. Aquilo me fascinava. A excelente forma de ensinar e divertir garantia a minha permanência na frente da TV e influenciou o meu gosto pela matemática.
Por volta dos 6 anos de idade, quando comecei a ter que ir ao supermercado, que ficava próximo a minha casa (e como era de costume, o filho caçula quase sempre tinha a difícil tarefa de ir ao supermercado realizar pequenas compras ou até mesmo comprar alguns pães na padaria), fui estimulado a realizar pequenas operações matemáticas para conferir o troco. Com isso, consegui colocar em prática o que aprendia na escola e nos programas de TV aplicando a matemática em situações reais, em forma de operações.
Foi somente quando frequentei o primeiro ano do Ensino Fundamental que comecei a ler e escrever de forma adequada. O uso do caderno de caligrafia foi importante nesse processo, pois foi com a ajuda da minha professora do primeiro ano, e muita persistência da minha família, que consegui evoluir na escrita. Escrevia carta para a minha irmã contando como tinha sido o meu dia ou até demonstrando o quando gostava dela. Ela sempre as recebia muito feliz e lia com atenção. Algumas delas estão guardadas até hoje.
Nos anos iniciais éramos motivados a criar contos fictícios ou contos de fadas envolvendo criaturas que podiam ou não ser reais. Já nos anos finais, os textos eram mais voltados ao conteúdo de cada matéria, com o incentivo a estabelecer uma opinião e uma crítica sobre um determinado assunto. Por fim, o Ensino Médio era bem focado em textos dissertativos, visando preparar os alunos para o ENEM. Ao longo dos 3 anos eram debatidos métodos de escrita e regras que deveriam ser seguidas, fato que foi sem sombra de dúvidas essencial no momento da prova. A maioria dos professores influenciava os alunos a usarem os livros da biblioteca da escola, mas grande parte dos livros eram pouco interessantes aos adolescentes. Então, a professora do nono ano teve uma ideia: propôs que os alunos compartilhassem os seus livros com outros alunos, tendo ela como intermediária. Isso despertou em mim o interesse em uma famosa série de livros entre os meus colegas: tratava-se de “Percy Jackson e os Olimpianos”, de Rick Riordan, pela editora Intrínseca. Desde então, já li outras obras do autor, pois ele aborda um lado interessante de algumas mitologias.
Acredito que a vida universitária tenha me afetado de forma positiva, pois passei a ficar mais tempo lendo textos e estudando. As apostilas, verbetes, slides e cartilhas apresentadas, na maioria das vezes, suprem a informação necessária e as videoaulas disponibilizadas quase sempre são diretas e efetivas. Acredito que a tecnologia teve um papel importante na minha educação. É claro, em atividade conjunta com a escola e a família. A universidade, através da EAD, é uma nova etapa que dependerá de forma imensa dessa ferramenta. É claro que alguns conhecimentos de língua portuguesa ou matemática foram esquecidos, ou de alguma forma não estudados, mas sou muito grato a todas as oportunidades que me foram apresentadas e desejo continuar evoluindo não só como estudante, mas como pessoa e futuro profissional da área da educação.
[1] Ihuan David Gomes Ferreira é graduando da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2023. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.
Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro, com as ricas contribuições na revisão e organização do tutor Marcos Roberto Rocha.