Memórias da minha vida escolar

Memórias da minha vida escolar
Catiane

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 Catiane Aparecida Mezede Gomes, Capelinha/MG

Lembro-me de que o primeiro contato que tive com a escrita na minha infância foi antes mesmo de iniciar minha vida escolar. Através de jornais que chegavam à minha casa, embalando compras que minha mãe fazia no supermercado, eu os folheava. Como não sabia ler nem escrever, e meus pais não tinham muito tempo para me incentivar na leitura e na escrita antes de eu entrar na escola — por trabalharem na roça — era muito corrido e difícil para eles darem esse apoio a mim e a meus irmãos. Portanto, era apenas uma curiosidade de criança olhar as gravuras ou fotos que havia nos jornais. Como era comum usar jornais para embalar compras, para mim eram simplesmente papéis.

Aos seis anos de idade, comecei a frequentar a escola. Tudo era novo para mim; não sabia contar os números, não conhecia as letras do alfabeto; tudo era novidade, mas fui aprendendo conforme me ensinavam. Estudava em uma escola rural que, naquela época, não tinha muito a oferecer: não havia biblioteca, muito menos livros. Era apenas uma sala de aula, e o professor nos conduzia. Lembro-me bem desse início: a leitura não era muito incentivada porque não tínhamos acesso a livros, então a prática da escrita era trabalhada na sala de aula, com o professor escrevendo no quadro ou através de fichas e textos que reescrevíamos em casa. E assim foi até eu concluir a fase pré-escolar.

Quando entrei no primeiro ano, minha família se mudou para a cidade, onde tive acesso a uma escola melhor, com biblioteca. Comecei a ouvir as primeiras histórias que a professora contava, como contos, fábulas e outros, tendo a oportunidade de ter contato com os livros. Assim, nos primeiros anos da minha vida escolar, foi assim: mais prática na escrita e, aos poucos, na leitura.

O tempo passou, concluí o ensino fundamental e desenvolvi uma boa relação com os números e a escrita. No entanto, por ter tido pouco incentivo e prática com a leitura, surgiram dificuldades em interpretação e produção de textos. No ensino médio, comecei a ter mais contato com a leitura, e o incentivo à leitura de livros literários e atividades com eles na sala de aula se tornaram mais frequentes. Contudo, devido à falta de prática da leitura durante o tempo na escola, a dificuldade persistia no dia a dia. Com muito esforço e dedicação, fui progredindo nas minhas produções de textos e até mesmo em atividades como interpretação.

Ainda assim, sentia a necessidade de mais melhorias. No último ano do ensino médio, despertei o desejo de tentar concursos públicos e tive a oportunidade de fazer um cursinho para essa finalidade. Isso representou um grande avanço para mim e proporcionou um aprimoramento na escrita como um todo.

Sem dúvida, a falta de leitura ao longo da minha trajetória escolar na infância comprometeu um pouco meu desenvolvimento intelectual. Contudo, com muito esforço e dedicação, consegui superar essas dificuldades. Hoje, estou feliz por poder ingressar na faculdade de Pedagogia, onde pretendo aprimorar ainda mais meus conhecimentos na área da educação. Com toda a minha bagagem de infância, desejo contribuir de forma positiva na vida das crianças, incentivando a leitura.



SOBRE A AUTORA:

Catiane Aparecida Mezede Gomes, de Capelinha/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.