Refletindo sobre minha jornada de aprendizados

Refletindo sobre minha jornada de aprendizados

 

 

Desde pequena, o acesso a textos escritos era algo comum na minha casa e na comunidade em que vivia. Lembro-me claramente de ver meu tio lendo gibis, principalmente nos finais de semana. Era como um ritual para ele: pegava sua coleção de gibis, se acomodava no sofá e mergulhava nas histórias em quadrinhos. Eu achava aquilo fascinante, como ele parecia tão concentrado e entretido.

Além disso, meu tio-avô é escritor. Ele passava horas escrevendo ou editando algum texto. Às vezes, eu o via em sua escrivaninha, cercado de papéis e livros, com uma expressão séria enquanto digitava no computador ou fazia anotações. Ele sempre foi uma figura inspiradora para mim, mostrando o quanto a escrita e a leitura podem ser prazerosas. Crescer nesse ambiente me fez valorizar muito o mundo dos textos escritos, fosse lendo, escrevendo ou apenas observando os outros fazerem isso.

Antes de começar a frequentar a escola, eu já brincava de escrever letras de músicas. Eu devia ter uns cinco anos quando comecei a fazer isso. Não sabia escrever direito ainda, mas adorava imitar as letras das músicas que ouvia. Eu rabiscava no papel, fingindo que estava criando minhas próprias canções. Foi uma experiência divertida e, de certa forma, meu primeiro contato com a escrita.

Nos primeiros anos da escola, minha relação com a escrita foi muito positiva. Eu era motivada a escrever e adorava as atividades de redação. Lembro-me de escrever pequenas histórias, poemas e, claro, continuar com minha brincadeira de criar letras de músicas, mas agora de uma forma mais estruturada. A escola sempre incentivava a criatividade, e isso me fez gostar ainda mais de escrever.

Avalio o papel da escola nos meus letramentos iniciais como essencial. Foi na escola que aprendi as bases da leitura e da escrita, o que me permitiu explorar essas habilidades de formas mais complexas com o tempo. O ambiente escolar oferecia muitos estímulos e oportunidades para praticar e melhorar a escrita, e os professores sempre foram muito encorajadores.

A escrita teve um papel fundamental na minha decisão de fazer licenciatura em matemática. Embora pareça algo mais voltado para os números, a habilidade de se comunicar claramente através da escrita é muito importante. Além disso, a disciplina e a lógica que adquiri ao praticar a escrita ajudaram bastante nos meus estudos e na compreensão dos conceitos matemáticos.

Eu me recordo bem dos textos que lia e produzia na escola. Passei boa parte do meu tempo na biblioteca da escola, sempre em busca de novos livros e histórias. No Fundamental I, eu gostava de ler contos de fadas, fábulas e livros ilustrados. Produzia textos simples, como pequenas histórias sobre animais e amigos imaginários. No Fundamental II, meus interesses começaram a se diversificar. Eu lia muitas aventuras, mistérios e, claro, continuava apaixonada por gibis. Escrevia redações mais elaboradas, pequenos poemas e crônicas sobre o cotidiano escolar.

No Ensino Médio, comecei a me interessar por literatura clássica e textos mais complexos. Lia romances, poesias e livros de filosofia. Nessa época, me apaixonei por “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo. Minhas produções textuais incluíam análises literárias, ensaios e reflexões sobre temas diversos. Minhas escolas sempre tinham biblioteca, e eu era muito motivada a frequentá-las. Os professores incentivavam o uso da biblioteca, e muitas atividades escolares envolviam pesquisas e leituras que eu adorava fazer.

Avaliando toda a minha vida escolar, noto várias mudanças nas minhas relações com a leitura e a escrita. No início, a leitura era mais recreativa e a escrita, uma forma de expressão simples. Com o tempo, ambas se tornaram mais profundas e críticas, passando a incluir análises e reflexões mais complexas. Notei que algumas mudanças na minha relação com a leitura e a escrita não foram motivadas diretamente pela escola. Por exemplo, o hábito de ler para relaxar e a prática de escrever diários e poesias surgiram por influência de familiares e amigos, e não necessariamente de atividades escolares.

Quanto às práticas com os números, elas sempre fizeram muito sentido para mim. Desde cedo, eu amava matemática. Encontrava prazer em resolver problemas e adorava quando percebia como os conceitos matemáticos se aplicavam a questões da vida real, como orçamento familiar, medições em projetos de arte ou até mesmo em jogos e estratégias.



SOBRE A AUTORA:

Rhanna Carolliny Santos Costa é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Dos quadrinhos à universidade

Dos quadrinhos à universidade

Antes de frequentar a escola, os textos aos quais eu tinha acesso eram a Bíblia, jornais e revistas. Em minha casa, eu sempre via meus pais lendo a Bíblia ou revistas, e meu irmão lendo livros didáticos. Eu amava tiras de quadrinhos, especialmente as da Mafalda. Como ainda não sabia ler, sempre pedia ao meu irmão para ler para mim, mas já entendia algumas coisas pelas figuras. Os primeiros livros que ganhei eram de uma coletânea de livros bíblicos, que vinha com um CD contendo histórias em áudio e algumas músicas para complementar.

Eu aprendi a contar com meu irmão e meus primos, brincando de esconde-esconde. Antes de ir para a escola, eu já reconhecia o dinheiro porque meus avós e minha bisavó sempre me davam moedas por executar determinadas tarefas, e eu sempre comprava guloseimas com essas moedas. Entrei na escola sem saber somar ou subtrair, mas tive muita facilidade para aprender e sempre me destaquei na matemática. A escola e a família desempenharam papéis importantes e diferentes quanto ao meu letramento matemático, mas avalio que a escola foi mais importante.

Eu aprendi minhas primeiras letras com uma amiga mais velha. Brincávamos de escolinha, e ela me ensinou a escrever meu segundo nome, Camila, e palavras simples quando eu tinha 5 anos. Entrei na escola aos 6 anos, e minha professora me pediu para escrever meu nome, mas eu não sabia escrever o primeiro nome, Elida. Assim, meus primeiros dias foram traumáticos. Nos meus primeiros anos de escola, sempre fui motivada a escrever pelas professoras. Cheguei a ganhar um prêmio de melhor redação da turma, recebendo um chaveiro, o que foi o máximo para mim. Sempre gostei mais de ler do que escrever. Acho que sou uma ótima leitora, mas não tão boa escritora.

A escola foi crucial para meu letramento inicial. No ensino fundamental I, eu sempre lia histórias infantis, mas foi no fundamental II que comecei a ler diversas obras literárias e me apaixonei pela leitura. No 6° ano, conheci a Turma da Mônica, e foi amor à primeira vista. No ensino médio, tive acesso na biblioteca da escola a grandes obras literárias, como Orgulho e Preconceito e O Morro dos Ventos Uivantes. Nessa época, a leitura para mim já era quase como um vício.

Agora, na universidade, leio os textos orientados pelos professores, mas não gosto tanto de ler esses textos quanto gosto de ler livros literários. Acho que o ensino médio não nos prepara para os desafios econômicos e burocráticos da vida adulta. O que mais sinto que não aprendi na escola foi a língua portuguesa. Acho que, se consigo escrever bem, é porque li muito e ainda leio, mas a escola em si nunca me cobrou ser melhor. Acho que os alunos que se formaram comigo, que não tinham o hábito de ler autonomamente, enfrentaram muitas dificuldades após o término do ensino médio.



SOBRE A AUTORA:

Elida Camila de Souza Marques é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Os livros e a leitura: portas abertas para o conhecimento

Os livros e a leitura: portas abertas para o conhecimento

 

 

 

 

Como a maioria das crianças da minha geração, fui alfabetizado em uma escola da zona urbana de uma pequena cidade do interior. Em 2004, no auge dos meus 6 anos, não era comum ter em casa computadores, smarTVs e muito menos celulares. Logo, toda a minha alfabetização ocorreu por meio de livros e cartilhas.

Antes mesmo de começar a primeira série, já sabia ler, fato esse que me enchia de orgulho. Saber ler me permitia participar das leituras nos cultos e missas aos domingos. Minha família me considerava extremamente inteligente por ter aprendido a ler tão cedo. Eu era o orgulho da vovó, que na época também estava aprendendo a ler e assim podia ajudá-la escrevendo cartas para o Divino Pai Eterno, pois ela tinha um sonho de receber uma carta do padre Robson.

Ler bem me fazia receber muita atenção dos meus familiares. Apesar dos poucos recursos, adorava ler o nome das capitais com meu pai e descobrir o nome dos países nos mapas. Meu pai sempre me dava livrinhos com historinhas, e minha mãe comprava aquelas revistas que vendedores levavam na escola. Tudo isso me incentivava a ler mais. Assim, a leitura se tornou uma paixão que me acompanha até hoje.

Na minha primeira série, minha primeira professora, a de Aparecida, além de suas aulas regulares, organizava grupos de estudos em sua casa pela manhã, onde ela avaliava a nossa leitura com o intuito de aprimorá-la. Eu adorava participar, pois sempre que lia corretamente, ganhava um doce. Nunca perdia um. A professora de Aparecida sempre dizia: “Quem lê mais, sabe mais.” Hoje, compreendo essa verdade e, trabalhando em uma escola, percebo a importância de os alunos aprenderem a ler e gostarem de ler o quanto antes. Isso abrirá um novo mundo para eles de todas as formas, fazendo com que de fato saibam mais.

Atualmente, curso duas faculdades e uma pós-graduação. Grande parte das minhas leituras são artigos, textos acadêmicos ou livros com enfoque educacional, que enriquecem meu conhecimento e aprimoram meu senso crítico. Portanto, ter o hábito de ler não só enriquece nosso conhecimento, mas também abre portas para novos mundos e possibilidades. Leia mais e descubra o quanto você pode aprender e crescer.



SOBRE A AUTORA:

Ritha de Kassia Coelho Fernandes é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Minhas memórias de letramento

Minhas memórias de letramento


Desde cedo, o acesso a textos escritos em casa e na comunidade era algo comum para mim. Lembro-me de ver outras pessoas lendo, escrevendo ou manuseando livros, folhetos, jornais e revistas, principalmente durante momentos de lazer ou em situações cotidianas, como na escola ou em reuniões familiares. Minha introdução aos livros e textos mais elaborados também ocorreu cedo, por meio de quebra-cabeças, CDs interativos e outros materiais semelhantes, que despertaram minha curiosidade e interesse pela leitura.

Minha experiência com a matemática começou em casa, onde aprendi a contar e a reconhecer o valor do dinheiro. Quando entrei na escola, já tinha alguma noção de contas básicas, mas foi lá que aprofundei esses e outros conhecimentos. Acredito que tanto a escola quanto a família desempenharam papéis fundamentais nesse processo, complementando-se na construção do letramento matemático inicial.

Antes de frequentar a escola, eu já escrevia algumas coisas simples, como meu nome e palavras básicas, mas foi na escola que aprendi as primeiras letras de forma mais estruturada, aos sete anos de idade. Nos primeiros anos escolares, minha relação com a escrita era bastante exploratória, escrevendo principalmente textos narrativos simples e descrevendo experiências pessoais.

Ao longo da vida, ocorreram mudanças significativas na minha relação com a leitura e escrita. Inicialmente, eram atividades mais lúdicas e exploratórias, mas com o tempo, tornaram-se mais acadêmicas e direcionadas a objetivos específicos, como estudos e trabalhos universitários. No que diz respeito à matemática, as práticas com números sempre fizeram sentido para mim, pois eram facilmente aplicáveis à vida real. Essa relação prática contribuiu para uma compreensão mais sólida desses conceitos.

No primeiro ano de universidade, meus hábitos de leitura e escrita passaram por transformações significativas. A exigência de textos mais complexos e a necessidade de produção acadêmica trouxeram desafios, mas também possibilitaram um maior aprofundamento nos estudos. Essas mudanças trouxeram aspectos positivos, como o desenvolvimento de habilidades mais avançadas de leitura, escrita e matemática, além de uma maior autonomia intelectual. No entanto, também trouxeram desafios, como a necessidade de lidar com textos mais densos e complexos e a pressão pelo desempenho acadêmico.

No que se refere à veracidade dos textos diversos que nos cercam, acredito que seja importante estar atento e utilizar fontes confiáveis. Quanto aos conteúdos de língua e matemática que tive acesso ao longo da minha vida escolar, sinto que poderiam ter sido mais abrangentes em alguns aspectos. No entanto, considero que administro bem minhas questões financeiras, e acredito que o ensino médio tenha contribuído para isso, preparando-me para lidar com desafios nessa área.



SOBRE A AUTORA:

Maria Aparecida Luiz dos Santos é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

A importância do incentivo

A importância do incentivo


Desde minhas memórias mais tenras, lembro-me de ficar sentadinha na biblioteca do meu avô, em seu escritório, enquanto ele estava à mesa lendo seu jornal Estado de Minas. Eu ficava ali ao lado com uns lápis e um pedaço de papel que embrulhava as flores. Às vezes, ia para a prateleira onde havia várias enciclopédias, mas sempre era alertada: “Muito cuidado, esses livros não são para você!”. O máximo que podia fazer era viajar pelo atlas gigante que ali existia. Quando me cansava de estar ali ou quando ele ia receber algum cliente, saía para brincar no meio das plantas e brincar de vendedora.

Em minha casa, com minha mãe, sempre fazíamos o devocional, mas era chato por ser sempre muito cedo, e as leituras eram longas e monótonas. Mas todos os dias tínhamos, e o que eu gostava mesmo era ver minha mãe todos os dias de madrugada fazendo sua leitura da Bíblia. Na igreja, era divertido, pois a tia gostava de contar histórias em um livro ilustrado bem grande, e ela sempre contava as histórias com entusiasmo e alegria.

Mas, infelizmente, quando fui para a escola, foi minha maior tristeza, pois na minha sala só havia meninos e apenas eu de menina. A professora tinha seis dedos em cada pé, uma história de palmatória e uma régua de madeira de metro. Eu, sentadinha lá atrás, no canto da sala, me esforçava para reconhecer e aprender. Era surpreendida com uma reguada na mesa que me fazia pular, e também me lembrava das gargalhadas dos meus colegas com meu susto. Era sempre chamada de burra no recreio, e para piorar, ainda tinha meu nome, que por ser de uma história bíblica que minha mãe lia, eu sempre falava assim: “Hadassa rainha Ester”, e isso sempre era motivo de chacota, além de me colocarem todo tipo de apelido. No final, ainda repeti de ano mesmo tendo conseguido nota. Me lembro que no meu boletim era 63, mas a professora, com todo seu conhecimento, convenceu minha mãe a me fazer repetir a 1ª série, pois na 4ª série eu teria dificuldade para acompanhar os demais. Escrevo isso e ainda me vem uma tristeza, pois me lembro do quanto me esforçava. Fato é que lá na bendita 4ª série estava eu repetindo, pois realmente era péssima em português e na leitura. E por aí fui rompendo, e sinceramente, as experiências com a leitura foram apenas piorando a cada dia.

Na adolescência, minha mãe, ao descobrir que eu estava namorando, ao invés de conversar comigo, me deu três livros como castigo. Nem me pergunte o nome, pois não faço ideia, apesar de ter feito um resumo de cada um deles. E toda vez que fazia algo de errado, era me dado um livro para ler, e o ódio pela leitura apenas aumentava.

Mas, depois de já crescida, ao me ver grávida, decidi pegar um livro sobre educação infantil para aprender algo sobre ser mãe. Esse livro foi o primeiro que devorei. Tinha 587 páginas com letras minúsculas, e lá, além de descobrir o quanto era benéfico a leitura, percebi o quanto a literatura me fez crescer como pessoa. Depois desse, passei a andar pelas lojas sempre buscando um novo título interessante. E cada vez mais fui evoluindo na leitura e na grafia. Ainda não tenho uma gramática perfeita, mas já evoluí bastante do que era. Depois veio o desejo de estudar, de crescer mentalmente, pois ali descobri que o conhecimento poderia me abrir horizontes. Também entendi que minha mãe, da maneira dela, queria apenas que eu abrisse a minha mente, mas eu não tinha tido boas experiências com a literatura, pois ela sempre me era colocada de maneira chata, como castigo.

Em minha casa não tinha televisão nem rádio, pois era coisa do capeta, assim dizia minha mãe. “Deus não está nisso, se você assistir, Deus vai te castigar”, dizia ela. Meu pai trazia umas televisões pequenas de tubo que tinham aqueles botões redondos preto e branco, mas minha mãe pegava e jogava pela janela, e meu pai ficava triste, calado, e ia ler os livros de faroeste dele, que minha mãe também odiava que ele ficasse ali deitado lendo. Quando ele saía, ela pegava aqueles livros e fazia fogueira, sempre xingando e falando que era do capeta.

Após meu conhecimento e evolução, procuro ponderar os meus incentivos literários e tecnológicos, pois acredito que minhas ações vão influenciar positivamente ou negativamente na evolução das pessoas ao meu redor. Busco fazer minhas leituras em horários que minhas filhas estão acordadas, para que elas vejam e desejem, e isso tem dado certo. Por elas mesmas, têm buscado suas leituras. Além disso, quando elas eram menores, sempre tiveram livros disponíveis entre os brinquedos para que pudessem ter acesso a eles. Quando íamos à casa do meu avô, buscava orientá-las para que tivessem cuidado ao folhear os livros da prateleira, as auxiliando para que não viessem as broncas do bisavô. Inclusive, elas adoram ler o livro das baleias que está ali.

As séries, filmes de princesa e desenhos são liberados, e alguns são orientados para que evitem, pois não as edificam. Mas sempre com cuidado para não ter ruptura de laços e encanto. Acredito que tenho grande impacto na evolução das gerações que estão chegando. Busco sempre orientar e viver como desejo que o mundo seja.

Sei o poder que a literatura tem sobre a evolução do ser humano. Ela pode levar a outros mundos, reais, ilusórios, criativos, e apresenta a diversidade social e cultural. É uma contribuição real para a disseminação de culturas. Por isso, acredito que ao fomentar um ambiente rico em leituras e aprendizagens, estamos não só moldando o presente, mas também plantando as sementes de um futuro mais consciente e informado.



SOBRE A AUTORA:

Hadassa Altivo Ferraz  é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Construindo memórias

Construindo memórias


 

Durante a minha infância, eu não tinha contato com livros ou textos. Morava com a minha avó e, creio que pelo fato de ela não saber ler, não havia opções de livros em casa. Lembro que, quando ia brincar na casa das minhas amigas, percebia que a mãe delas sempre deixava uma bíblia aberta em uma mesa ao lado da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Como toda criança curiosa, eu a olhava e folheava, mas não compreendia o que havia escrito.

Outro local em que tive contato com textos foi na igreja. Todo domingo frequentava a missa com minha avó, onde sempre eram distribuídos folhetos com a liturgia. Eu gostava muito de olhar aquela folha cheia de letras, mas ainda não conseguia compreender sobre o que se tratava.

Outro momento em que tive acesso a outras mídias foi com CDs e DVDs. Em nossa casa, havia um som e uma televisão daquelas de tubo. Meu tio sempre escutava música no som, e enquanto ele fazia a troca dos CDs, eu observava curiosa as capas, que me chamavam a atenção. Sempre perguntava a ele o que estava escrito na capa. Ele me respondia lendo o nome de várias músicas e as colocava para tocar para que eu pudesse escutar. Já a televisão era mais utilizada pela minha avó, que adorava assistir a novelas à noite. Eu sempre gostei de assistir aos desenhos que passavam logo após o almoço.

Com seis anos, comecei a frequentar a escola e foi aí que tive meu primeiro contato com outros livros, além da bíblia. No início, não tinha conhecimento de quase nada em relação à escrita, não conhecia os números nem as letras. No meu primeiro dia de aula, fiquei com um pouco de medo, pois nunca havia ficado em um ambiente sem alguém da minha família, mas logo fui me acostumando.

De início, a professora começou a trabalhar letras e números. Logo depois, ela nos ensinou a escrever nosso nome. Ela sempre nos levava para um espaço onde havia vários livros, escolhia um e fazia uma roda para que começasse a ler a história. Todos nós ficávamos muito encantados com o fato de um livro cheio de letras conter uma história tão boa. Após a leitura, a professora nos perguntava sobre o que foi lido, e nós respondíamos o que havíamos entendido. Depois da leitura em conjunto, ela nos deixava olhar os outros livros daquele espaço, e eu amava folheá-los, principalmente os que tinham imagens.

Ao final do primeiro ano do ensino fundamental, eu já sabia juntar sílabas e formar palavras, além de ler pequenos textos. Como toda criança em período de alfabetização, eu tinha minhas dificuldades na escrita, que foram corrigidas através de atividades que a professora passava. Uma lembrança muito boa que tenho dessas atividades é a forma como eram impressas no mimeógrafo, um tipo de impressora antiga que utilizava álcool para possibilitar que a tinta de uma matriz transferisse as imagens e a escrita para uma folha de sulfite.

Outra atividade que a professora passava muito era o ditado, usado para avaliar nossa ortografia e, assim, trabalhar mais nas dificuldades diagnosticadas. Até o quinto ano do ensino fundamental foi uma época de muito aprendizado e evolução na escola. Foi nesse período que aprendi a ler, somar, criar textos e interpretá-los.

Do sexto ao nono ano, no ensino fundamental II, começaram novos desafios na minha aprendizagem, como as várias disciplinas, que me ensinaram, antes de tudo, a me organizar para que pudesse compreender cada uma delas. Um dos momentos que mais gostava nesse período era quando íamos para a biblioteca escolher um livro para ler e depois fazer resumos sobre o que foi lido. Um dos livros que escolhi se chamava “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, que narrava a vida de crianças abandonadas que viviam nas ruas de Salvador. Esse é um dos melhores livros que já conheci.

Já no ensino médio, novos desafios foram surgindo. Lembro-me de que realizei muitos trabalhos, e um que me marcou foi um teatro que retratou momentos do modernismo, baseado em obras literárias. Nesse período, também tive a oportunidade de fazer a prova do Enem, cujo resultado me trouxe ao curso de pedagogia na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, a UFVJM. Essa trajetória de descobertas e desafios me mostrou o poder transformador da educação e da leitura, e é essa paixão que pretendo levar adiante na minha carreira de pedagoga.



SOBRE A AUTORA:

Eliane Simões de Oliveira  é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Revivendo minhas lembranças da escola

Revivendo minhas lembranças da escola


Nas minhas lembranças, sempre me vêm minha mãe e minha irmã mais velha, Jussara, me ensinando muitas coisas sobre as letras e os números. As duas sempre brincavam de escolinha comigo e minhas outras duas irmãs, Jessica e Tatiana. Tive contato com outros tipos de textos não escritos, como o rádio, por intermédio do meu pai, que gostava de ouvir. Minha mãe me apresentou as novelas e os jornais, dizendo que nos mantinham informados sobre o que acontecia pelo mundo.

Quando minha mãe começou a trabalhar em uma creche, ela conseguiu vaga para mim e para minha irmã mais nova, Jessica, estudarmos lá. Foi um mundo novo para nós, pois interagir com novas crianças era muito legal. Dentre as tarefas dadas, o que mais gostava de fazer era pintar e ouvir histórias. Aqueles eram os melhores momentos na creche.  Contudo, não via a hora de chegar em casa e ouvir minha irmã Jussara ler os gibis da Turma da Mônica para mim. Sempre amei como ela lia, pois me fazia viajar em cada cena.

Quando fui para a escola, graças à minha mãe e à Jussara, já sabia muita coisa, como escrever meu nome e outras palavras, contar e até ler um pouco. Minha mãe sempre dizia que a escola é nossa segunda casa, pois era onde passávamos mais tempo depois da nossa casa, e onde as famílias deviam estar inseridas, como uma só família. Ela defendia que esse contato influenciava nosso desenvolvimento, tanto em aprendizados formais quanto nas interações sociais.

A lembrança mais marcante que tenho da escola foi na 3ª série, com a professora Jadete. Após aquele ano de estudo com ela, eu quis seguir a profissão de professora, pois, no meu ponto de vista, a metodologia dela era perfeita para o aprendizado. Ela procurava maneiras de interagir com os alunos de forma que todos participavam. Usava jogos matemáticos, disputas de escrita, leituras, dentre outras artimanhas. Com a professora Jadete, cada conquista no aprendizado era motivo de festa.

Nesse período do ensino fundamental, todo ano eu mudava de escola, o que parou de acontecer após a 5ª série. Contudo, foi uma época em que todas essas escolas contavam com bibliotecas, e cada uma delas tinha uma maneira de incentivar a leitura e a escrita. Podia ser no recreio, com a barraca de leitura, onde havia livros, gibis e revistas para todos os estudantes terem um acesso mais rápido à leitura durante o intervalo. Já na barraca móvel, eram oferecidos outros lugares para ler e havia disputas de qual turma declamava melhor sobre o texto. Em outra escola, havia a caixa do correio, onde qualquer um podia mandar cartas para os outros colegas e professores; todos aqueles envolvidos no ambiente escolar podiam participar. Era muito legal, com declarações de amor anônimas e cartas de amizade, entre outras. Em outra escola, havia o recital poético, onde os próprios estudantes realizavam seus poemas e poesias e depois os declamavam para os outros, com premiações no final. Esses projetos tinham ênfase em incentivar a leitura e a escrita.

Em 2008, entrei para a faculdade de licenciatura em física no IFNMG de Januária, curso que, infelizmente, não concluí por motivos particulares. Mas, no período que frequentei, pude perceber o sentido de estudar certos conteúdos, principalmente na área de matemática, que na época do ensino fundamental e médio não via sentido. Com todas essas experiências, tanto na infância quanto na minha breve passagem pela faculdade, compreendi a importância de um ambiente educativo enriquecedor e o impacto duradouro que ele pode ter no desenvolvimento e nas escolhas de uma pessoa.



SOBRE A AUTORA:

Christiany Dias Mota é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Minha breve história com a educação

Minha breve história com a educação


 

Tenho 24 anos, moro na cidade de Grão Mogol, Minas Gerais, na zona rural do município. Trabalho na Escola Francisco Pereira do Nascimento, onde também sou estagiária, uma etapa necessária para me tornar professora. Estou cursando o 6° período de Pedagogia na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), o que me proporcionou a oportunidade de ingressar na área da educação.

Sinto imensa gratidão pelo curso, que me permite realizar meus sonhos e alcançar meus objetivos. É muito gratificante adquirir e construir novos conhecimentos junto aos colegas e professores da universidade. No entanto, enfrento alguns desafios ao longo do meu percurso, como o estudo a distância, que exige total dedicação e disciplina do aluno. Com perseverança, vou alcançando minhas metas.

Minha história na educação começou na pré-escola, onde estudei na escola em que trabalho atualmente. Tenho boas lembranças das apresentações de trabalhos teatrais e culturais, que despertavam bastante interesse e proporcionavam diversão, como nas “Tardes Literárias”, onde os alunos realizavam teatros, declamação de poemas e leituras de diversos textos. Lembro-me também do período em que terminei o 9° ano e estava prestes a começar o 1° ano do ensino médio, quando descobri minhas habilidades nas artes. Foi nesse momento que comecei a desenhar e pintar quadros. Recordo-me dos elogios da diretora e dos professores às minhas pinturas e desenhos. Na escola, também lembro de como sempre fui uma criança muito tímida, o que me trazia desvantagens no ambiente escolar e na socialização. Com o tempo, fui me adaptando melhor.

Por isso, acredito na importância de um bom desempenho escolar, que proporciona aos alunos um acolhimento fundamental para o aprendizado, contribuindo na formação e no desenvolvimento de habilidades essenciais, por meio do exemplo e da edificação de valores. Cada estudante que chega traz um turbilhão de sentimentos, como medo do novo, a necessidade de fazer novos amigos e a expectativa de um novo ano escolar. Assim, espero continuar a crescer e a contribuir positivamente para a educação, ajudando a construir um ambiente acolhedor e estimulante para todos os alunos.



SOBRE A AUTORA:

Milena Oliveira Murça de Aguiar é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Das histórias bíblicas à minha pequena biblioteca

Das histórias bíblicas à minha pequena biblioteca

Era muito comum o acesso a vários textos na minha casa quando eu era mais jovem. Quando aprendi a ler, o acesso a livros, revistas e jornais, tanto no ambiente escolar quanto no cotidiano, era fácil. Era comum ver diversas pessoas lendo revistas, folhetos e, principalmente, a Bíblia. Por crescer em um ambiente muito religioso, meu primeiro contato com a leitura foi um livro de histórias intitulado “Meu Livro de Histórias Bíblicas”. A leitura constante desse livro me ajudou a melhorar meu aprendizado e, hoje em dia, ainda leio artigos religiosos. Também gosto muito de livros e mangás

Não tenho lembranças de como aprendi a contar, mas lembro muito bem de que comecei contando até o número 13, que hoje em dia é meu número da sorte. Acho que cada um tem um número especial, e o meu é esse. Em relação a valores monetários, sempre tive dificuldade, pois minha infância foi muito difícil no aspecto financeiro, já que minha família não tinha muito dinheiro. Porém, lembro-me muito bem do meu primeiro contato com dinheiro, quando comecei a vender sobremesas para minha avó no centro da cidade, em “dias cheios”.

Na escola, eu sempre fui bem em matemática. Muito curioso, comecei a somar um pouco antes de aprender na escola, mas, como é de se esperar, eu conseguia realizar apenas operações bem simples, como 10 – 2. Mas, pelo fato de já saber, deixei minha professora impressionada. Em matemática sempre fui avançado, principalmente quando comecei a ter acesso à internet, pois gostava bastante de resolver problemas e ver vídeos curtos sobre eles, o que me ajudou muito quando entrei no Ensino Fundamental II. Na época, tive bastante incentivo familiar, mas o que mais me ajudou foi o incentivo dos meus colegas de escola. Acho que o fato de sempre ficarem surpresos com o meu conhecimento me fazia querer continuar sendo essa pessoa sábia.

Quando entrei na escola, eu tinha pouco domínio da escrita, mas sabia escrever meu nome e algumas palavras. Com relação à leitura, sempre tive dificuldades. A escola, logicamente, foi o que mais teve impacto em minha educação, pois foi fundamental para meu aprendizado na escrita e leitura.

Meus gostos de leitura sempre se mantiveram em quadrinhos. No Ensino Fundamental I, eu amava histórias em quadrinhos como Turma da Mônica e O Menino Maluquinho. No Ensino Fundamental II, mantive os mesmos gostos, porém com outras obras, como, por exemplo, o livro do “Demolidor”, que eu gostava tanto que ganhei o primeiro lugar em uma apresentação sobre o livro. Já no Ensino Médio, minhas obras favoritas eram os mangás, que nada mais são do que histórias em quadrinhos japonesas. Atualmente, esse é meu estilo dominante de leitura.

Em ambas as escolas em que estudei havia biblioteca, que eram espaços muito legais. A frequência sempre foi motivada pelos professores para lermos. Acho que isso me ajudou muito, pois até hoje tenho gosto pela leitura.

A minha prática com os números sempre era colocada em prática no meu dia a dia. Como dito anteriormente, meu número favorito é o 13 e até hoje, quando eu saio na rua, eu sempre tenho a mania de olhar as placas de carros e, com os números, fazer cálculos até chegar ao resultado 13. É divertido. Há outras maneiras que coloco os números nas minhas práticas, como, por exemplo, quando dou passos um pouco mais largos, a fim de que tenham mais ou menos 1 metro.

Mas nem tudo são flores e notei bastante diferença entre a universidade e a escola. Por exemplo, na escola, por termos que aprender regras sobre a língua portuguesa formal, não íamos com grande frequência à biblioteca, mas no Ensino Médio éramos incentivados a ler livros que eram cobrados no plano de ensino. Já na universidade, temos grande frequência de práticas de leitura de uma grande diversidade de livros que nos auxiliam no aprendizado. Isso acarreta, de forma positiva, em nosso aprendizado, pois temos várias fontes de estudo. O lado negativo é a dificuldade de conciliar tudo com a vida pessoal, especialmente para quem trabalha e tem família.

Atualmente, eu tenho lido bastante, não só as recomendações de professores, como também obras à parte. Estou com um projeto em andamento de uma pequena biblioteca, que conta com vários livros e coleções, de “Sherlock Holmes” a “One Piece”. No entanto, tenho leve dificuldade em ler recomendações universitárias.

Felizmente, sei lidar bem com minha questão financeira, porém esse aprendizado não veio por meio da escola, onde não eram abordadas questões econômicas. Ou seja, eu aprendi várias coisas por vontade própria, ou passaria dificuldades. Atualmente, sigo, nas redes sociais, diversas pessoas que mostram o bom resultado de saber lidar com seu dinheiro, e leio muitas obras a respeito, como, por exemplo, a obra “O Homem Mais Rico da Babilônia”.

A jornada de aprendizado e crescimento que experimentei ao longo dos anos, desde a infância até a universidade, moldou profundamente minhas habilidades e interesses. O amor pela leitura, iniciado com histórias bíblicas e expandido para quadrinhos e mangás, foi essencial para meu desenvolvimento intelectual e pessoal. Da mesma forma, minha curiosidade e aptidão em matemática, incentivada tanto pela família quanto pelos colegas, estabeleceram uma base sólida para meu sucesso acadêmico. Hoje, vejo como cada etapa, cada livro lido e cada problema resolvido contribuíram para quem sou. Continuo a valorizar o conhecimento e a busca por novas aprendizagens, sempre equilibrando os desafios acadêmicos com a vida pessoal. Esse equilíbrio e a contínua dedicação à leitura e ao aprendizado são, sem dúvida, a chave para um futuro promissor. Espero conseguir me empenhar para continuar minha jornada.



SOBRE O AUTOR:

Natanael Gomes é graduando da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Memória de letramento escrito e matemático

Memória de letramento escrito e matemático

 

Nos meus primeiros anos de vida, em casa, o ambiente era permeado por jornais e revistas que minha mãe trazia das casas onde trabalhava como empregada doméstica. Lembro-me vividamente de observar meus pais, especialmente minha mãe, folheando os jornais para se atualizarem com as notícias do dia. Era um ritual diário, onde eles se sentavam à mesa da cozinha, mergulhavam nas páginas impressas e discutiam os acontecimentos do mundo.

Naquela época, minha casa também abrigava uma vitrola imponente, com uma coleção diversificada de discos de vinil que adornavam a estante. Aquelas tardes em que os vinis eram colocados para tocar eram momentos de pura magia para mim, perdido na melodia e nas histórias contadas pelas músicas.

Foi somente na escola que tive meu primeiro contato sistemático com a matemática. Lá, em salas de aula repletas de crianças curiosas, aprendi os fundamentos dos números, das operações básicas e da resolução de problemas. Esses conceitos matemáticos, que antes pareciam tão abstratos, tornaram-se cada vez mais tangíveis e aplicáveis à medida que avançava nos anos escolares. Foi naquele ambiente de aprendizado que também desbravei o mundo da leitura e escrita. Lembro-me da emoção de decifrar as primeiras palavras e de formar as primeiras frases com o auxílio paciente dos meus professores.

A escola desempenhou um papel fundamental nos meus processos de letramento. Apesar de, na época, eu não demonstrar muito interesse pela leitura, os esforços e incentivos dos meus professores plantaram sementes que floresceriam mais tarde na minha vida. Hoje, reconheço a importância daqueles momentos de aprendizado e como foram essenciais para moldar minha relação com a linguagem escrita e os números.

No contexto profissional, percebo claramente como o letramento adquirido na escola se tornou uma ferramenta indispensável. Seja na redação de relatórios, na interpretação de dados ou na comunicação escrita com colegas e superiores, as habilidades desenvolvidas ao longo dos anos escolares se revelam cruciais para o desempenho eficaz das minhas funções.

Na minha jornada acadêmica, a paixão pela leitura que sempre carreguei desde a infância foi um grande trunfo. Quando ingressei no curso de física, já tinha o hábito de devorar livros e artigos, o que facilitou a adaptação aos textos universitários mais densos. O gosto pela literatura não apenas tornou a absorção do conhecimento mais prazerosa, mas também contribuiu para o aprimoramento da minha comunicação escrita e oral.



SOBRE O AUTOR:

Robson Rodrigues Dias é graduando da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Minha vida escolar

Minha vida escolar

Ao iniciar minha jornada escolar, eu não sabia ler nem escrever. A contagem de números, aprendi de forma lúdica, nas brincadeiras de rua, com meus irmãos e vizinhos, como pique-esconde. Logo no primeiro ano do ensino fundamental, descobri a magia de escrever meu próprio nome, um marco inicial em minha trajetória educacional. Apesar de já ter alguma noção de números, adquirida nas brincadeiras infantis, logo percebi que o universo dos números ia muito além do que imaginava, infinitamente, o que despertou em mim uma verdadeira paixão pelos cálculos e pela matemática.

Naquela época, tive acesso a alguns livros de leitura pertencentes à minha irmã mais velha, que já frequentava a escola. Além disso, observar as pessoas lendo a Bíblia e os folhetos nos cultos religiosos despertava minha admiração pela habilidade deles na leitura. A interação entre a escola e minha família desempenhou um papel essencial na minha jornada de letramento. Lembro-me vividamente de um diário customizado pela professora, tia Cláudia, no qual éramos encorajados a registrar nossa rotina durante as férias, uma prática que contribuiu significativamente para o desenvolvimento da minha escrita.

A trajetória escolar foi marcada pela influência positiva dos professores e pela atmosfera acolhedora do ambiente educacional. No ensino fundamental, as aulas eram repletas de brincadeiras, músicas e histórias, o que tornava o aprendizado leve e prazeroso. No entanto, ao adentrar o ensino médio, percebi a necessidade de assumir responsabilidades e compromissos mais sérios. Enquanto na matemática me destacava, desafiando-me com cálculos complexos e tabuadas, enfrentava dificuldades em disciplinas como geografia e biologia, que me exigiam um esforço adicional para compreender os conteúdos.

O desejo de seguir a carreira de professora e proporcionar um futuro melhor para minhas filhas foi o principal impulso para cursar o ensino superior. Lembro-me com carinho das aulas de matemática, repletas de desafios lançados no quadro e tabuadas, que sempre foram minha paixão. No entanto, no ensino médio, enfrentei dificuldades com gráficos e figuras geométricas, mas, mesmo diante dos obstáculos, mantive um desempenho acadêmico exemplar. Os professores, embora sérios, transmitiam o conteúdo de forma envolvente, despertando em mim uma verdadeira paixão pela matemática e servindo como inspiração para minha futura carreira.

Ao ingressar na faculdade, redescobri o prazer pela leitura, algo que havia perdido após a formatura no ensino médio. A experiência acadêmica me proporcionou não apenas o desenvolvimento intelectual, mas também a oportunidade de retomar hábitos de leitura que haviam sido negligenciados. Atualmente, após um ano de curso, percebo uma mudança significativa, pois agora busco avidamente o conhecimento em todas as formas de texto, não apenas nos conteúdos sugeridos pelos professores, mas também em notícias, folhetos e jornais. Estou preparada para enfrentar um novo semestre, repleto de desafios e aprendizados, com a experiência adquirida e uma sede insaciável por conhecimento.



SOBRE A AUTORA:

Viviane Soares Silva é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Memórias da Cartilha Caminho Suave

Memórias da Cartilha Caminho Suave


 

Durante minha infância, até os 5 anos de idade, morávamos na zona rural eu, meus pais e minha irmã mais velha, que naquela época tinha 6 anos. O acesso à escola apresentava algumas restrições, como a distância. Mesmo diante de tais dificuldades, foi possível ter contato com os primeiros textos escritos através da cartilha alfabetizadora da época, chamada “Cartilha Caminho Suave”.

O livro era emprestado por uma tia que lecionava na zona urbana. Naquele momento, ainda sem frequentar a escola, foi minha mãe, com muita determinação e carinho, que nos pré-alfabetizou, a mim e a minha irmã mais velha.

Recordo-me que a cartilha era bem simples e associava imagens e letras com o objetivo de facilitar a aprendizagem. Graficamente, apresentava as letras escritas na imagem, relacionando as duas formas de maneira visual. Por exemplo, a letra “V” era escrita com a silhueta no formato dos chifres da vaca, semelhante a um V, entre outras.

Ao completar 6 anos de idade, mudamos para a cidade e então tivemos acesso à escola formal. O fato de já estarmos pré-alfabetizadas facilitou minha compreensão e permitiu acompanhar a turma sem muitas dificuldades. Minha relação com os números, por sua vez, começou quando ingressei na escola da zona urbana. Sempre me esforcei para aprender matemática e acompanhar a classe, mas tenho consciência das minhas dificuldades na assimilação de alguns conteúdos da área de exatas em geral. Tenho melhor afinidade com a escrita e a leitura, apesar de perceber minhas dificuldades na sintaxe.

Minhas recordações com a escrita e a leitura no ensino fundamental referem-se aos ditados e às leituras feitas em classe e na biblioteca. Para ler na biblioteca, éramos organizados em grupos que, em determinado horário de aula, eram direcionados para a biblioteca para lermos um texto. O nível de leitura avançava na medida em que a complexidade dos textos aumentava. Em outros momentos da educação básica, éramos sorteados para fazer a leitura em voz alta dos textos trabalhados em sala para os demais colegas de classe, até então lidos apenas em voz baixa. Os ditados dos textos visavam à correta grafia. Meu hábito de ler livros de literatura varia de acordo com minha necessidade momentânea. Geralmente, minhas leituras mais cotidianas são referentes a temas do serviço que desempenho, o qual demanda conhecimentos diversos.

O ingresso na UFVJM para o curso de pedagogia me possibilitou uma visão diferente dos métodos de ensino e de letramento das crianças. O fato de ter filhos na idade de alfabetização, aliado à minha formação como futura professora, me proporciona o contato com a aprendizagem da escrita, da leitura e da matemática. Sobretudo, os filhos me despertam um interesse amplo no assunto, visto a necessidade de ampará-los e auxiliá-los neste momento primordial da alfabetização.

Sou grata à minha querida mãe por me incentivar a buscar o conhecimento formal, uma pessoa que, mesmo com suas limitações, me proporcionou o acesso aos letramentos na idade adequada. Tenho consciência de que o conhecimento abre portas e nos permite desfrutar do melhor da vida, desde que tenhamos determinação, coragem e oportunidades de acessá-lo. Pretendo concluir o curso com o objetivo de contribuir para o ensino daqueles que buscam formação e acesso ao conhecimento, bem como para a troca de saberes.



SOBRE A AUTORA:

Aline Pereira Lopes Dias  é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.

Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.

Agroecologia e o combate ao êxodo rural no Vale do Jequitinhonha

Agroecologia e o combate ao êxodo rural no Vale do Jequitinhonha

Este texto trata da relação entre agroecologia e êxodo rural nas regiões do Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha em Minas Gerais, Brasil. Com foco na agricultura sustentável, questiona como a agroecologia pode combater o êxodo rural considerando aspectos econômicos, sociais e ambientais. Além disso, são abordados os aspectos culturais e históricos que influenciam a migração. A agroecologia é apresentada como uma abordagem completa para revitalizar comunidades rurais, promovendo práticas sustentáveis e contribuindo para o desenvolvimento rural.

O êxodo rural no Vale do Jequitinhonha não é um fenômeno exclusivo dessa região, sendo observado em diversas localidades e comunidades camponesas brasileiras. As mudanças estruturais, incluindo o avanço da modernização das indústrias agrícolas, são impulsionadas por políticas governamentais e avanços na tecnologia. Consequentemente, a oferta de empregos sazonais no campo diminui a cada safra, exigindo um nível de escolarização mais alto e, de certa forma, inacessível para os trabalhadores rurais tradicionais. Segundo Nascimento (ano) [1], em seu artigo ‘Impactos da mecanização em face do trabalhador rural sazonal’, publicado na Revista de Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito da Seguridade Social, ‘Assim, a cada safra, a oferta de empregos diminui, e os empregos que prevalecem exigem um nível de escolarização que esses trabalhadores não possuem, sendo preenchidos possivelmente por pessoas que não são do meio rural e que possuem a qualificação necessária.’

A agroecologia emerge como um agente catalisador capaz de redefinir paradigmas agrícolas, desempenhando um papel essencial na transformação socioeconômica e ambiental das regiões em questão. O fortalecimento da identidade camponesa e a busca por formas viáveis de lidar com a realidade hídrica são aspectos essenciais da integração da agroecologia nas práticas agrícolas. Conforme Vasconcellos (2020) [2] destaca em seu artigo ‘A Construção da Agroecologia como projeto socialmente transformador: A ação coletiva de mulheres guardiãs de sementes crioulas’, ‘O fortalecimento da identidade camponesa na utilização da Agroecologia nas práticas envolvendo pessoas que vivem no campo e a busca por formas viáveis de conviver com a realidade hídrica da região.’ A agroecologia não é apenas uma opção viável, mas sim uma estratégia fundamental na construção de sociedades rurais ambientalmente conscientes.

As políticas públicas desempenham um papel importante na promoção da agroecologia como estratégia eficaz para combater o êxodo rural no Vale do Jequitinhonha e em outras regiões com alta taxa de abandono das populações camponesas. O sucesso dessa abordagem está associado à trajetória de movimentos sociais, sindicais, profissionais e estudantis desde os anos 1970. Ao integrar práticas agroecológicas nas estratégias de desenvolvimento rural, as políticas públicas podem criar um ambiente sustentável para as comunidades rurais, reduzindo a migração para áreas urbanas.

Embora a agroecologia seja promissora, não é a única solução para o êxodo rural. Outras abordagens, como investimentos em infraestrutura, também são importantes para manter as comunidades rurais. Segundo Niederle (2019) [3], autora do artigo ‘A trajetória brasileira de construção de políticas públicas para a agroecologia’, ‘Parte deste sucesso está associada à trajetória de movimentos sociais, sindicais, profissionais e estudantis desde os anos 1970.’ O destaque na agroecologia reside em equilibrar o progresso econômico com a preservação das comunidades rurais, promovendo uma abordagem mais sustentável e integradora.

Uma possível proposta de intervenção seria implementar programas educacionais em escolas e comunidades rurais envolvendo os mestres de saberes locais. A inclusão da agroecologia nas disciplinas escolares pode facilitar a disseminação do conhecimento e das formas de obtenção de renda, promovendo a sustentabilidade e o desenvolvimento das comunidades rurais.

Em resumo, a agroecologia representa uma abordagem promissora para reduzir o êxodo rural, especialmente no Vale do Jequitinhonha e em outras regiões com alta taxa de migração. Por meio de políticas públicas, investimentos em educação e práticas mais sustentáveis, podemos criar um ambiente propício para o desenvolvimento rural e a preservação das comunidades camponesas, tornando-se uma alternativa promissora de intervenção nesse processo de abandono do campo.

 

Referências

[1] NASCIMENTO, Jeane Silva S., et al. Impactos da mecanização em face do trabalhador rural sazonal. Revista de Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito da Seguridade Social, v. 1, n. 1, 2020.

[2] VANCONCELLOS, Andreia. Construção da Agroecologia como projeto socialmente transformador: ação coletiva de mulheres guardiãs de sementes crioulas. 2020. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Maria. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/21657/TES_PPGER_2020_%20VASCONCELLOS_ANDR%C3%89IA.pdf?sequence=1. Acesso em 10/05/2024.

[3] NIEDERLE, P. A., et al. A trajetória brasileira de construção de políticas públicas para a agroecologia. Redes, v. 24, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.17058/redes.v24i1.13035. Acesso em 10/05/2024.




SOBRE OS AUTORES

Vander Daniel Rocha Batista e Vitor Rocha Batista são acadêmicos da Licenciatura em Educação do Campo (LEC), curso ofertado pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziram este artigo de opinião na disciplina Diversidade e Educação, ofertada no segundo semestre letivo de 2023 (janeiro a junho de 2024). Foram orientados pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.