Minhas memórias

Raquel

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Raquel Azevedo Oliveira, Itamarandiba/MG

Eu vim de uma família analfabeta, onde meus pais e meus avós eram analfabetos. Eles vieram da roça e não tinham muita estrutura nem oportunidades para estudar na época. Não me lembro de livros em casa. Fui ver um livro pela primeira vez na pré-escola, e foi ali que me apaixonei pela leitura. Lembro que, na escola, eles fizeram uma vez aqueles dinheirinhos de papel, e eu fiquei encantada. Pedi à professora para levar pra casa e cheguei toda feliz, contando para minha mãe que, naquele dia, eu tinha aprendido a contar e tinha ganhado dinheiro.

Quando comecei a ler na primeira série, tive um pouco de dificuldade, e minha professora foi um anjo para mim nessa fase. Ela dava aulas para mim na casa dela, fora do horário da escola, o que me ajudou muito. No dia em que finalmente comecei a ler sem tropeçar nas palavras, cheguei em casa e minha mãe ficou muito feliz, pois o sonho dela era ler, mas ela nunca teve a oportunidade de estudar. Ela sempre me incentivou e me pedia para ler as coisas para ela, e eu me achava muito importante por poder ler para ela.

Na minha escola, havia uma biblioteca, mas, como naquela época tudo era difícil, os livros eram poucos e muito usados; alguns até faltavam páginas. Lembro que amava a aula de leitura. Eu ficava fascinada olhando os livros e gostava de escolher aqueles que tinham a capa mais bonita. Sempre pedia à professora para deixar eu levar mais de um livro para ler, mas, como eram poucos livros e muitos alunos, só permitia um. Lia-o em um dia e, no dia seguinte, chegava na escola devolvendo-o e já querendo pegar outro.

Hoje, ao visitar minha antiga escola, vejo o quanto tudo evoluiu; possui uma grande e bonita biblioteca. Porém, percebo pouco interesse dos alunos pela leitura; o mundo digital tomou conta do espaço.

Quanto aos números, nunca gostei de matemática; sempre odiei as aulas de matemática e, até hoje, não lido muito bem com números. Mas hoje me arrependo de não ter me dedicado mais à matemática, pois vejo a falta e a dificuldade que isso gerou para minha vida hoje.

Se eu tivesse a oportunidade de voltar no tempo, teria me dedicado mais às aulas de matemática e de leitura também. Por volta da quarta série, eu não tinha mais tanto interesse, e vejo como isso reflete na minha vida adulta. Mas hoje, com a experiência de vida que tenho, quero incentivar meu filho à leitura e à escrita, porque sei o quanto é importante na nossa vida.

Na universidade, venho lendo autonomamente todos os dias, além do que os professores orientam. Conhecimento é poder, e isso ninguém tira da gente. Espero ser uma pedagoga que saiba conquistar os pequenos com a leitura. Pretendo elaborar atividades interessantes, chamativas e incentivadoras.



SOBRE A AUTORA:

Raquel Azevedo Oliveira, de Itamarandiba/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.

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