Minha vida, minha história

Robilane

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Robilane Oliveira da Conceição, Pedra Azul/MG

Eu nasci e fui criada em uma família que, em algumas ocasiões, me proporcionou acesso a textos escritos, tanto em casa quanto na igreja que frequentávamos. Aos domingos, era comum minha tia me levar à igreja, onde tínhamos acesso à liturgia do culto de forma impressa, contendo cânticos e alguns versículos da Bíblia. Outras vezes, eu via minha mãe lendo a Bíblia em casa, assim como as professoras da escolinha da igreja, que liam histórias bíblicas.

Certa vez, fiquei encantada com um quebra-cabeça que ganhei de presente na escola, o qual continha imagens de personagens de contos de fadas. Isso despertou meu interesse em conhecer um pouco mais sobre esse gênero textual. As professoras sempre nos contavam histórias assim e, às vezes, assistíamos a filmes com essa temática.

Lembro-me de que a primeira vez que comecei a ter contato com os números foi durante uma brincadeira na minha infância. A “amarelinha” era nossa diversão por horas durante as tardes, onde aprendíamos, de forma divertida e animada, a sequência dos números até o 9. Nesse mesmo período, também começamos a entender o valor do dinheiro, pois era comum meu tio me presentear com algumas moedinhas de R$ 0,10. Aquele dinheiro tinha um destino certo: sempre comprávamos doces e balas para alegrar o nosso dia. Era indispensável, nesse tempo, saber contar, somar e subtrair, afinal, não queríamos ter prejuízo nas compras.

Quando comecei minha vida escolar, aos 6 anos, no pré-escolar, era complicado realizar as operações que eu costumava fazer usando os símbolos que a professora ensinava. Afinal, eu havia me acostumado a realizar operações na prática e não na teoria, utilizando caderno, lápis, borracha e as regras da matemática.

Nesse momento de dificuldade inicial, o apoio da minha família foi muito importante, especialmente da minha tia Maria, que me ensinou as primeiras operações matemáticas e a arte da leitura. Com essa ajuda, ficou mais fácil avançar na escola da forma como a professora exigia.

Lembro-me de que aprendi a escrever meu nome e a ler algumas palavras antes mesmo de entrar na escola, quando eu tinha 5 anos. Era comum ver minha tia ensinando a minha prima as atividades da escola, e eu sempre observava atentamente para aprender. Com isso, consegui dar os primeiros passos nesse mundo encantado da escrita e leitura.

Minha relação com a escrita na escola foi um pouco trabalhosa, pois, apesar de saber ler, eu tinha dificuldades em escrever. Eu era motivada a escrever as letras utilizando cadernos de caligrafia, onde treinávamos as vogais, em seguida o alfabeto e, posteriormente, as sílabas. A escola teve um papel fundamental no meu letramento inicial, pois lá expandi meus horizontes e percebi que o que eu sabia era apenas uma pequena parcela de tudo o que existia em relação à escrita e leitura.

No ensino fundamental I, por exemplo, tive acesso a textos como “O Boi Baba”, frases silábicas, pequenas fábulas e contos. Já no fundamental II, com uma certa bagagem, consegui progredir no estudo de textos mais robustos e complexos, como poemas, poesias e textos dissertativos. No ensino médio, tive acesso ao português de uma forma que eu nem imaginava existir. Foi lá que pude compreender como, de fato, as frases se conectam para formar textos. Aprofundei meus conhecimentos sobre ortografia, fonética, leitura e compreensão de textos, concordância, regência e pontuação.

Nas escolas, sempre tive acesso à biblioteca, que era bastante frequentada para fazermos trabalhos escolares e pegar livros emprestados para ler em casa. Não tínhamos acesso a tecnologias avançadas, como celulares, computadores e tablets, então nossa maior fonte de pesquisa era sempre a biblioteca.

Refletindo sobre minha relação com a leitura, desde os tempos de alfabetização até o ensino médio, é inevitável não notar grandes avanços. No início, ler uma pequena palavra era algo quase impossível, mas, com o esforço pessoal, alinhado à muita vontade de aprender e aos recursos proporcionados pela escola, como o acesso a livros, a biblioteca, os materiais que a professora disponibilizava, aulas atrativas, jogos e brincadeiras, tudo isso resultou em quem sou hoje.

Sinto-me confiante para ler, compreender textos, opinar sobre situações do cotidiano e me posicionar em diversas situações, tudo isso graças a uma vida escolar repleta de aprendizado. A leitura liberta. A maior conquista que qualquer ser humano pode ter é o acesso à universidade, e isso eu conquistei graças a Deus e a tudo o que aprendi ao longo da vida através da leitura.

Em relação aos números, tive muitos incentivos para me desenvolver nessa área. Desde muito cedo, aprendi a arte do crochê, uma atividade simples e fácil de realizar, mas que exige muita atenção, raciocínio lógico e um bom hábito de contagem e operações matemáticas. Um simples erro pode comprometer toda uma peça e, com isso, horas ou até dias de trabalho.

Também utilizei os conhecimentos matemáticos quando trabalhei em negócios do tipo mercearia. Lá, vivenciava diariamente operações como expressões numéricas, adição, subtração, multiplicação e divisão, tudo isso sob a exigência de tempo muito curto, pois precisávamos atender aos clientes de maneira rápida, eficiente e, acima de tudo, cordial.

No meu primeiro ano na universidade, houve mudanças drásticas nos meus hábitos de leitura, pois já fazia algum tempo que eu havia concluído o ensino médio e, naturalmente, não lia como antes. Essas mudanças trouxeram muitos pontos positivos, entre eles: o retorno ao bom hábito da leitura, uma reflexão mais acurada sobre o que estou lendo, discernimento crítico sobre os temas envolvidos e uma visão mais ampla do mundo. Sobre os pontos negativos, fica a preocupação de talvez não conseguir executar o que foi proposto no tempo adequado, levando em conta toda a nossa vida pessoal fora da universidade. Com mais conhecimento, surge também uma maior responsabilidade sobre nossas palavras, o que escrevemos e vivemos.

Tenho procurado sempre me nutrir de tudo o que os professores nos orientam a ler, para assim ter maior conhecimento sobre os temas propostos. Além disso, tenho buscado pesquisar sobre cada tema, para crescer e alcançar meus objetivos.

Estou gostando dessa nova fase da minha vida, especialmente do estudo dos gêneros textuais e de tudo o que escrevi aqui sobre letramento. Minhas expectativas para o futuro são as melhores possíveis. Sonho em ter liberdade financeira, mais conhecimento, contribuir com a formação dos meus filhos e, enfim, ter uma vida de sucesso profissional e pessoal.



SOBRE A AUTORA:

Robilane Oliveira da Conceição, de Pedra Azul/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.

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