Minhas memórias

martha

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Martha Fernandes, Pedra Azul/MG

O desejo da nossa mãe sempre foi que fôssemos à escola, eu e minhas irmãs, mas, como de costume, ela nos deixava na creche a caminho do trabalho. Logo em seguida, nosso pai ia nos buscar; na cabeça dele, éramos muito novas para ir à creche. Como meus pais eram muito jovens, minha mãe, que morava na roça, teve que parar de estudar. Ela não queria que a gente perdesse o gosto de estudar e ler, então meu pai, aos poucos, foi se acostumando com a ideia.

Eu, curiosa, queria aprender rápido para sair logo da escola. (rsrs) Mas fui pegando gosto. Aos 7 anos, aprendi a realmente ler. Lembro-me que gostava muito das minhas professoras do fundamental I. Uma especial, eu queria que chegasse logo o dia seguinte para frequentar sua aula. Ela passava uma segurança total, que é um ponto muito importante para quem está aprendendo a conhecer novas coisas. Brincalhona e meiga, contava histórias e fazia teatro com fantoches. Fui ficando mais fascinada e, para não errar no dia da leitura, parava na rua antes de chegar à escola e lia tudo.

Fui crescendo e conhecendo novos professores. Eu achava a minha primeira professora era boa, assim como as outras, nunca tive professores ruins. Nas outras aulas, como ortografia, tinha um policial que ia à escola pegar a tabuada; eu morria de medo e nem dormia direito, mas na hora era tranquilo. Tudo foi uma questão de tempo para eu evoluir cada vez mais.

À medida que fui crescendo, às vezes tinha vontade de parar de estudar, mas lembrava: quero um emprego bom, quero minhas conquistas, então parei de pensar em parar. Engravidei aos 17 anos, em uma gravidez de risco, e não passei de ano por falta. Esse foi mais um motivo para não desistir e concluir o ensino médio. Para me ajudar e incentivar, meu pai me levava até a escola para eu terminar.

Hoje, eu digo a elas que estudar nunca é demais; adquirir conhecimento nunca é demais. Lembro que coloquei minha filha na escola muito cedo e gritava para aprender a ler. Isso me faz lembrar da minha infância: muita calma e segurança para ela. E hoje estou aqui, adquirindo novos conhecimentos. Parei de ler por muito tempo, mas estou voltando às origens; ler nunca é demais. Isso é um pouco do que vivi. Tem algumas coisas que não me recordo mais, mas lembro que fui muito feliz a cada descoberta.



SOBRE A AUTORA:

Martha Fernandes, de Pedra Azul/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.

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