Desde pequena, o acesso a textos escritos era algo comum na minha casa e na comunidade em que vivia. Lembro-me claramente de ver meu tio lendo gibis, principalmente nos finais de semana. Era como um ritual para ele: pegava sua coleção de gibis, se acomodava no sofá e mergulhava nas histórias em quadrinhos. Eu achava aquilo fascinante, como ele parecia tão concentrado e entretido.
Além disso, meu tio-avô é escritor. Ele passava horas escrevendo ou editando algum texto. Às vezes, eu o via em sua escrivaninha, cercado de papéis e livros, com uma expressão séria enquanto digitava no computador ou fazia anotações. Ele sempre foi uma figura inspiradora para mim, mostrando o quanto a escrita e a leitura podem ser prazerosas. Crescer nesse ambiente me fez valorizar muito o mundo dos textos escritos, fosse lendo, escrevendo ou apenas observando os outros fazerem isso.
Antes de começar a frequentar a escola, eu já brincava de escrever letras de músicas. Eu devia ter uns cinco anos quando comecei a fazer isso. Não sabia escrever direito ainda, mas adorava imitar as letras das músicas que ouvia. Eu rabiscava no papel, fingindo que estava criando minhas próprias canções. Foi uma experiência divertida e, de certa forma, meu primeiro contato com a escrita.
Nos primeiros anos da escola, minha relação com a escrita foi muito positiva. Eu era motivada a escrever e adorava as atividades de redação. Lembro-me de escrever pequenas histórias, poemas e, claro, continuar com minha brincadeira de criar letras de músicas, mas agora de uma forma mais estruturada. A escola sempre incentivava a criatividade, e isso me fez gostar ainda mais de escrever.
Avalio o papel da escola nos meus letramentos iniciais como essencial. Foi na escola que aprendi as bases da leitura e da escrita, o que me permitiu explorar essas habilidades de formas mais complexas com o tempo. O ambiente escolar oferecia muitos estímulos e oportunidades para praticar e melhorar a escrita, e os professores sempre foram muito encorajadores.
A escrita teve um papel fundamental na minha decisão de fazer licenciatura em matemática. Embora pareça algo mais voltado para os números, a habilidade de se comunicar claramente através da escrita é muito importante. Além disso, a disciplina e a lógica que adquiri ao praticar a escrita ajudaram bastante nos meus estudos e na compreensão dos conceitos matemáticos.
Eu me recordo bem dos textos que lia e produzia na escola. Passei boa parte do meu tempo na biblioteca da escola, sempre em busca de novos livros e histórias. No Fundamental I, eu gostava de ler contos de fadas, fábulas e livros ilustrados. Produzia textos simples, como pequenas histórias sobre animais e amigos imaginários. No Fundamental II, meus interesses começaram a se diversificar. Eu lia muitas aventuras, mistérios e, claro, continuava apaixonada por gibis. Escrevia redações mais elaboradas, pequenos poemas e crônicas sobre o cotidiano escolar.
No Ensino Médio, comecei a me interessar por literatura clássica e textos mais complexos. Lia romances, poesias e livros de filosofia. Nessa época, me apaixonei por “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo. Minhas produções textuais incluíam análises literárias, ensaios e reflexões sobre temas diversos. Minhas escolas sempre tinham biblioteca, e eu era muito motivada a frequentá-las. Os professores incentivavam o uso da biblioteca, e muitas atividades escolares envolviam pesquisas e leituras que eu adorava fazer.
Avaliando toda a minha vida escolar, noto várias mudanças nas minhas relações com a leitura e a escrita. No início, a leitura era mais recreativa e a escrita, uma forma de expressão simples. Com o tempo, ambas se tornaram mais profundas e críticas, passando a incluir análises e reflexões mais complexas. Notei que algumas mudanças na minha relação com a leitura e a escrita não foram motivadas diretamente pela escola. Por exemplo, o hábito de ler para relaxar e a prática de escrever diários e poesias surgiram por influência de familiares e amigos, e não necessariamente de atividades escolares.
Quanto às práticas com os números, elas sempre fizeram muito sentido para mim. Desde cedo, eu amava matemática. Encontrava prazer em resolver problemas e adorava quando percebia como os conceitos matemáticos se aplicavam a questões da vida real, como orçamento familiar, medições em projetos de arte ou até mesmo em jogos e estratégias.
SOBRE A AUTORA:
Rhanna Carolliny Santos Costa é graduanda da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ofertada no primeiro semestre de 2024. A organização e edição do material foi feita pelo Projeto de Extensão Aula Digital.
Este trabalho foi orientado pelo professor Carlos Henrique Silva de Castro.