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Sara Lamares Santos, Itamarandiba/MG
Desde os meus 5 anos de idade, era acostumada a ver e ter acesso à leitura e à escrita em minha casa. Desde quando via os meus irmãos mais velhos fazendo suas lições escolares, tanto quanto meu pai, que na época gostava de escrever louvores em seus cadernos, aos jornais de papel, cartazes espalhados pela cidade e comércios. Fomos acostumados a ganhar livros usados que nós usávamos para recortar palavras e criar frases. Era uma simplicidade e, ao mesmo tempo, diversão para a gente recortar palavras e ter as imagens como inspiração para desenhar. Lembro do nosso primeiro presente dado por nossos pais, que foi um conjunto de livros de gibis do Ursinho Pooh, que veio com DVD dos desenhos para assistir.
Quando cheguei à escola, não sabia contar, pois não tinha incentivo em casa para estudos na minha infância. Creio que a razão seja que meus pais, em sua infância e adolescência, mal haviam concluído o fundamental 1, e meus irmãos, apesar da pouca diferença de idade, também sofriam dificuldades em seus letramentos escolares. Por esse fator, tive mais dificuldade na leitura, e também em somar e dividir, o que até hoje tem sido uma dificuldade em meus estudos.
Aprendi os primeiros números e a escrever na escola, a partir dos 8 anos de idade. O que, para mim, naquele momento, foi muito interessante e inovador foi fazer amizades e adquirir novos conhecimentos. Formar palavras, juntar sílabas, aprender a escrever o meu nome, que, pelo pouco que recordo, ainda escrevia errado. Tudo foi importante, e a motivação das professoras na época em nos ensinar me fez ter mais vontade de escrever e aprender palavras novas.
Sem dúvidas, esse papel da escola em meus letramentos iniciais foi de grande importância para os meus próximos anos escolares. Na escola, a princípio, no ensino fundamental 1, havia leitura de textos de características ficcionais, como fábulas, contos e lendas, tudo o que, para uma criança, fosse bom para sua imaginação e interpretação.
Já no fundamental 2, eram leituras de biografias, diários, jornais e crônicas, que simulavam textos de conhecimento científico em relação a acontecimentos da humanidade. No ensino médio, o que me recordo, apesar da pandemia e dos deslocamentos para as atividades em EaD no início do primeiro ano, e ao voltar às aulas no segundo semestre do segundo ano, eram redações e textos argumentativos, com o propósito de preparar para vestibulares, o que na realidade não houve muita ajuda nesse contexto. Pois não eram tão priorizados esse ensino e a realização dessas atividades. Na época dos exames eram feitas outras atividades, pois, em decorrência da pandemia, a demanda de conteúdos era grande pra pouco tempo, resultando na falta de conhecimento de várias disciplinas.
Em relação à biblioteca na escola, era pouco o uso de livros e o incentivo à leitura, pois apenas na matéria de língua portuguesa havia esse uso. Não podia levar o livro para casa; a leitura só era feita na biblioteca em apenas um horário na semana, para a realização de atividades em torno do bimestre. Por essa razão, minha relação com a leitura e com a escrita foi pouco incentivada na escola, o que poderia ter sido melhor e que, na realidade, me trouxe dificuldades em interpretar textos e ler textos longos na faculdade, como palavras mais difíceis ou de duplo sentido, textos mais complexos.
Sendo a matemática essencial para a vida de qualquer pessoa, seja para calcular trocos e também para cozinhar, ela nos auxilia no raciocínio. A prática com os números na escola nos dá uma base para atividades mais comuns em nossa vida cotidiana; nesse quesito, tem me ajudado nos princípios básicos de meus conhecimentos na infância.
Porém, o ensino médio não nos preparou para os desafios burocráticos envolvendo números e letras, como declarar impostos de renda, movimentos bancários e calcular questões como prejuízos e lucros. Tudo o que é essencial para o dia-dia. O que, por exemplo, ao exercer algum curso profissionalizante ou a fazer algo a respeito de finanças, seria uma tarefa difícil de executar.
SOBRE A AUTORA:
Sara Lamares Santos, de Itamarandiba/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.
A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.