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Maristane Rodrigues de Oliveira, Águas Formosas/MG
Minhas lembranças da infância são vagas, principalmente sobre a aprendizagem. Dentro de casa, a influência para a leitura era escassa; minhas tias liam muitos romances e revistas, mas não tínhamos livros infantis. Minha tia Selma cursou o magistério, e eu me recordo de uma atividade feita por ela: um cartaz com uma linda bailarina desenhada e, ao lado, a poesia da bailarina. Era tão lindo que eu queria para mim. Lembro que íamos à igreja e, em alguns dias, distribuíam jornais com as letras das músicas. Cresci escutando músicas no rádio e gostava muito do meu disco da Xuxa.
Entrei na creche assim que completei 6 anos, em maio de 1998. Minha professora era a tia Castorina, e eu gostava muito dela. Recordo que sempre cantávamos a música do alfabeto da Xuxa, o que me ajudou bastante a conhecer as letras. Em casa, minha tia Selma sempre me ajudava com os deveres. Meus avós eram analfabetos e não conseguiam me ajudar, mas sempre me incentivaram a estudar.
No ensino fundamental, na escola Major Raimundo, lembro das prateleiras com livros na sala de aula. Havia um livro que eu adorava, “A briga do Sol e da Lua”, de Vanessa Alexandre. Me lembro de uma poesia chamada “As borboletas”, de Cecília Meireles, que recitava frequentemente. Meus avós participaram do programa Brasil Alfabetizado, e eu, minhas tias e minha irmã os ajudávamos a ler e escrever. Ficávamos muito felizes por eles. Tenho até hoje um desenho feito pela minha avó dessa época.
Na quinta série, mudei de escola e fui para a Capitão Inácio. Lá, ganhei um trio de livros, li os três e me apaixonei, mas não lembro os nomes. Nessa época, também li um livro sobre mulheres fortes, mas acabei esquecendo o título. Como queria ler esse livro novamente! Lia muito com minhas amigas as revistinhas do clube Ma Cherie e ficávamos ansiosas pela chegada delas uma vez por mês.
No ensino médio, mudei novamente de escola, para a José Quaresma. Lá, não tive muito incentivo e a influência era escassa. Nessa época, dei aulas de reforço para minha prima, que estava com notas baixas. Eu produzia textos e elaborei perguntas para a produção de texto. Com o tempo, ela melhorou e fomos elogiadas pelo professor em uma reunião de pais. Depois dessa reunião, ganhei outro aluno, mas, infelizmente, ele não teve o mesmo incentivo e não melhorou.
Em 2011, comecei a trabalhar e, em 2013, a cursar o magistério. Como trabalhava e estudava, não tinha muito tempo para ler; só lia na escola. Gostava bastante dos trabalhos em grupo e me lembro de três em especial. O primeiro foi produzir um livro infantil, chamado “Moli, a formiga cantora”. Fizemos um lançamento com decoração de formigueiro de barro e formiguinhas de E.V.A., que ficou lindo. O segundo foi uma apresentação de “A Formiguinha e a neve”. A terceira foi a apresentação da música “A Arca de Noé” no abrigo, todos vestidos de bichinhos. Finalizei o curso, mas não cheguei a trabalhar como cuidadora.
Hoje, com 32 anos, gosto muito de livros de romance. Trabalho em uma empresa de turismo e me comunico com os clientes pelo WhatsApp, então leio o dia todo. Como chego em casa cansada, não tenho muito ânimo para ler, e o único incentivo de leitura que minha filha tem é ler a Bíblia, pois fazemos isso todos os dias. Mas pretendo mudar, pois hoje sinto que teria sido melhor se eu tivesse recebido mais incentivo para a leitura.
Estou começando uma nova etapa na minha vida: a tão sonhada faculdade. Sei que vou ter que escrever muitos textos e ler bastante. Espero dar o meu melhor e, em quatro anos, estar formada e, se Deus me permitir, trabalhando em uma escola, incentivando meus alunos com muita leitura.
SOBRE A AUTORA:
Maristane Rodrigues de Oliveira, de Águas Formosas/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.
A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.