História da Minha Vida: Memórias e Lembranças

Isaias Teixeira dos Santos, Salinas/MG

Para contar a minha história, alguns momentos precisam ser destacados. Sempre fui e continuo sendo uma pessoa muito feliz, e todos os ensinamentos que recebi ao longo da minha jornada me moldaram ao que sou hoje. Me lembro dos livros e histórias em quadrinhos que eu lia. Venho de uma família simples e humilde. Não comprávamos muitos livros, mas sempre tive acesso a eles através da escola.

Quando criança, frequentava muito a feira da cidade, que reunia pessoas do município e da região. Alguns iam à feira para comprar verduras, frutas e carnes, enquanto outros frequentavam os bancos, lotéricas e lojas, onde havia panfletos, jornais ou revistas.

Na feira eu observava as pessoas lendo, escrevendo ou manuseando esses papéis e documentos, sempre curioso para saber o que estava escrito.

Ainda criança e adolescente, ganhei diversos gibis, quebra-cabeças e livros. Eu adorava, pois isso despertava minha curiosidade sobre o que estava escrito. Não me lembro da primeira vez que ganhei algo assim.

Lembro-me de uma ocasião em que fui à feira pela manhã e fiquei próximo a uma banca de revistas e jornais. O senhor que vendia ali percebeu meu interesse em uma revista em quadrinhos (gibi) e acabou me presenteando com ela. Saí rapidamente daquele lugar para ir a uma praça próxima e começar a ler. Foi um dia muito feliz. A gentileza daquele senhor, junto ao fato de que eu queria muito ler aquela revista, tornou o momento inesquecível.

Na feira, também compreendi outras coisas. Minha mãe sempre me levava, e por isso aprendi a fazer contas simples, como dar troco e calcular o preço de frutas, verduras e carnes.

Quando comecei a frequentar a escola, já tinha uma noção básica de números, o que facilitou meu aprendizado. O contato com o dinheiro me ajudou a entender valores e trocas, sendo essa uma das primeiras formas de interação que tive com contas e números.

Na escola, aprendi rapidamente a somar e subtrair, pois minha mãe já havia me ensinado um pouco, a professora reforçou o conteúdo. Eu sempre fui uma criança ativa e curiosa, com facilidade para assimilar contas, palavras e conteúdos.

Eu era muito brincalhão; isso, às vezes, atrapalhava meu próprio aprendizado, o que me causou certa dificuldade em resolver problemas matemáticos. Mas, com o tempo e dedicação, superei esses obstáculos.

A influência na escola e na minha família foi importante nos meus primeiros passos, no aprendizado de matemática, contribuindo significativamente para meu progresso. Graças a esses dois pilares, consegui aprimorar minhas habilidades cognitivas, emocionais, sociais e culturais, o que foi fundamental para meu crescimento pessoal.

Antes mesmo de começar a jornada escolar, já sabia escrever meu nome, algo que minha mãe me ensinou. Minha letra não era das melhores, mas eu conhecia algumas letras do alfabeto. Não lembro quantos anos eu tinha na época que aprendi a escrever meu nome, mas foi uma experiência maravilhosa, por estar junto da minha mãe.

Nos primeiros anos escolares, a escrita foi um caminho cheio de descobertas. A prática começou com o domínio do alfabeto e evoluiu para a formação de palavras básicas. O entusiasmo e a dedicação da professora foram essenciais para o desenvolvimento da minha habilidade de escrever. Ela, junto com minha família, me deu o apoio necessário para desenvolver confiança.

Lembro de escrever textos com base em canções que conhecíamos, como “A canoa virou”, “O sapo não lava o pé”, “Se essa rua fosse minha” e “O cravo brigou com a rosa”, entre outras. Eram canções que adorávamos e que a professora nos ensinava.

Minha relação com a escrita nos primeiros anos escolares foi fascinante, pois descobri muitas novas palavras, letras e números. A escola desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da minha coordenação motora e na construção de uma base sólida para minha alfabetização, além de despertar em mim o prazer pela leitura e pela escrita.

Durante o Ensino Fundamental I, um dos livros que mais me marcou foi Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque, com ilustrações vibrantes de Ziraldo. O livro conta a história de uma garotinha que supera seus medos, e a narrativa descreve como ela, que no início temia tudo, inclusive o Lobo, termina a história enfrentando seus medos com coragem. Esse livro encantador me marcou profundamente.

No Ensino Fundamental II, tive a oportunidade de ler diversos textos igualmente simples e cativantes. Um dos livros que me marcou foi O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. A obra aborda temas como amizade, amor, solidão e a busca pelo verdadeiro significado da vida. A leitura desse clássico me emocionou muito.

No Ensino Médio, li uma versão adaptada de Os Miseráveis, de Victor Hugo. Esta obra aborda questões de justiça, misericórdia e as desigualdades sociais na França, centrada na trajetória de Jean Valjean. A profundidade da crítica social e humana desse livro me impactou, especialmente ao mostrar as injustiças enfrentadas pelas classes mais pobres. Essa leitura, assim como outras, teve grande influência em minha formação cultural e social.

Ao longo dos anos, percebi meu amadurecimento na leitura e na escrita. A prática constante desses hábitos foi essencial para meu desenvolvimento intelectual. Minha curiosidade pessoal sempre me motivou a entender melhor o mundo à minha volta, tanto nas dimensões sociais quanto culturais e econômicas.

Durante a universidade, meu hábito de leitura se intensificou. Embora tenha encontrado dificuldades no início com textos acadêmicos, hoje me sinto mais confortável, especialmente ao ler sobre movimentos sociais, Educação do Campo e políticas públicas educacionais.

Sinto falta de conteúdos mais práticos de língua e matemática, principalmente em relação aos desafios econômicos e burocráticos que envolvem números e letras, como a declaração de imposto de renda e o entendimento de movimentações bancárias. Para superar essas lacunas, busquei cursos que me ajudaram nessas questões.



SOBRE O AUTOR:

Isaias Teixeira dos Santos, de Salinas/MG, é acadêmico da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas pelo Professor  Carlos Henrique Silva de Castro e pelos Tutores Daniela da Conceição Andrade e Silva, Luís Felipe Pacheco e Patrícia Monteiro Costa.

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