Memórias de uma infância escolar

Luciene

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Luciene Silva dos Santos, Pedra Azul/MG

Meus pais não eram e não são alfabetizados. Meu pai (in memoriam) era agricultor, e minha mãe (do lar) nunca teve a oportunidade de se alfabetizar. Por esse motivo, meu primeiro contato com as letras foi através de folhetos de leitura da igreja e discos de vinil (lembro que havia uma imagem de índio na capa de um desses discos).

Quando cheguei à idade de ir para a creche, lembro que não queria ficar, mas, com o tempo, me acostumei. Lá, pude ter mais contato com os números, os núcleos etc.

Já na escola, no pré-escolar, comecei a vislumbrar como escrever meu nome e as letras usadas para formar palavras. A forma como a professora ensinava, com músicas e brincadeiras dinâmicas (essa professora, que até hoje chamo de “tia”, ficou eternizada na minha memória pelo cuidado em nos mostrar a beleza do aprender), foi muito especial.

Quando já soube ler, tive a experiência de ir à biblioteca conhecer os livros e a riqueza de seus textos. Gostava muito de ler Monteiro Lobato, “O Corvo” e “Chapeuzinho Vermelho”. Essa história me rendeu o papel da vovozinha de Chapeuzinho em uma peça da escola, um desafio proposto pela nossa professora do 3º ano do ensino fundamental.

Lembro que, toda semana, levávamos um livro para casa, onde deveríamos ler e preencher uma ficha literária. Nessa ficha, colocávamos o nome do aluno, o título do livro, o nome da escola, a série, o nome do professor e o nome do autor do livro. Assim, a professora avaliava nosso desempenho na leitura.

Aqui onde moro havia uma biblioteca pública onde podíamos nos sentar para ler um livro ou até mesmo levá-lo para casa, com prazo para devolução. Também usávamos a biblioteca para fazer pesquisas escolares e trabalhos extracurriculares. Até hoje, sinto nostalgia quando lembro dessa fase da minha vida.

Embora meus pais não tenham tido a oportunidade de aprender a ler e escrever, sempre nos incentivaram a ir para a escola. Na escola, aprendi a respeitar e admirar as pessoas. Lembro também que nossas atividades eram ‘impressas’ no mimeógrafo com álcool, pois não havia impressoras. As provas e atividades vinham todas em azul, com um forte cheiro de álcool. Havia desenhos para colorir, e nas provas finais, sempre havia uma árvore de Natal. Foi uma das épocas mais marcantes da minha vida, e até hoje me recordo de alguns professores que me ensinaram a ler e escrever. Essas são minhas memórias da minha infância escolar.



SOBRE A AUTORA:

Luciene Silva dos Santos, de Pedra Azul/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.

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