Ana Em Um Encontro Com a Leitura

Ana Em Um Encontro Com a Leitura

Ana Luiza Neta Muniz De Oliveira, Turmalina/MG

Olá! Vou contar um pouco sobre a minha relação com a leitura ao longo de vários períodos da minha vida. Sinto dizer que não me lembro de muita coisa, mas espero que, ao entregar os contos, as lembranças comecem a aflorar.

No começo da minha infância, não me lembro das relações das pessoas que conviveram comigo com a leitura ou os estudos, mas me lembro de que sempre gostei muito de brincar de escolinha, a famosa brincadeira em que fingíamos ser alunos e professores. Confesso que amava ser a professora e passava horas fazendo as “atividades” para meus “alunos” realizarem. Eu era sempre felizarda em ser professora, pois era a mais velha da turma. Gostava tanto de não largava os cadernos e livros que sobravam dos anos anteriores da escola.

Antes desse período, não tenho lembranças, nem de como comecei a contar ou a ler. Lembro-me vagamente de que sempre tentávamos conseguir uma moedinha para comprar bala em um supermercado próximo à casa onde morávamos.

Eu e meu irmão mais novo chegamos a vender jabuticabas que colhíamos de um pé na casa da minha avó, mas, como não tínhamos noção de administração, chamamos todos os nossos amigos e vizinhos para ajudar. Vendemos o pacote por um real, ao final, o valor mal deu para dividir entre nós. Lembro-me de comentar: “Teria sido melhor se tivéssemos chupado as jabuticabas; teríamos saído no lucro.”

Outra lembrança que tenho é que meu tio pagava R$ 1 para lavarmos o carro dele, e eu e meu irmão ainda brigávamos para fazer o serviço. Mas, em defesa do meu tio, naquela época R$ 1 permitia comprar várias coisinhas; lembro que comprávamos 3 balas por 10 centavos. 

Acredito que meu desempenho na escola não era dos melhores. O contato que eu tinha com o estudo se restringia à escola, pois, como minha mãe era solo, se assim posso dizer, trabalhava muito, saindo de madrugada e chegando somente à noite. O apoio dela era meu irmão mais velho, que, por sinal, também trabalhava muito. 

Após esse período, creio que, ao terminar o Fundamental I, comecei a desenvolver o gosto pela escrita, iniciando com um diário, algo comum entre as meninas da minha sala. Eu gostava de escrever em códigos, nos quais trocava as letras por símbolos que apenas eu sabia o que significavam, ou talvez uma amiga de confiança.

No diário eu costumava escrever basicamente tudo que considerava importante no meu cotidiano, desde coisas boas até ruins. Escrevia desabafos, poemas e, às vezes, letras de música, que eu ficava cantando constantemente para decorar, muitas vezes em vão.

Logo, ao entrar no Fundamental II, acho que foi quando a matemática começou a fazer sentido para mim. Mas, pensando bem, desde as brincadeiras de escolinha, já era a matéria de que eu mais gostava ou com a qual tinha mais facilidade. Não que eu fosse excelente, mas, dentre as outras, era a que eu mais gostava de aprender. Lembro-me que cheguei até a passar para a segunda fase das Olimpíadas de Matemática, mas, como não era tão focada nos estudos, parou por aí.

Nos últimos anos do Fundamental II, lembro de ter encontrado um livro de poemas românticos, cujas letras pareciam desenhadas de tão lindas. Meu interesse passou a ser reescrever todos os poemas para que minha letra, que era um desastre, ficasse igual à do livro, e com muito esforço ficou bem parecida.

Durante o ensino médio, as coisas ficaram mais complexas, tanto nos estudos quanto na vida pessoal, então meu objetivo era “passar de ano”. No último ano do ensino médio, tudo começou igual aos outros, sem nenhuma animação. Então, por já estar casada precocemente nessa idade, descobri que estava grávida e, com todas as dificuldades de uma gravidez, acabei me afastando ainda mais da escola.

Com o final da gestação, a situação ficou mais complicada, e acabei deixando a escola, o que me deixou muito chateada por saber o quão importante e necessário são os estudos para uma pessoa. No ano seguinte, com muita dificuldade, voltei a estudar em uma sala onde todos eram mais novos, mas, como eu já era mãe e tinha uma mentalidade totalmente diferente, realmente aproveitei tudo o que me era ensinado. Nesse momento, senti um breve arrependimento por não ter aproveitado todos os outros anos assim.

Meu arrependimento aumentou quando fui estudar para o vestibular para tentar entrar no curso de Matemática da UFVJM, pois, em várias matérias, eu sentia uma dificuldade enorme, precisando voltar ao conteúdo do Fundamental II para conseguir entender a matéria atual. Percebi que teria sido muito mais fácil se eu tivesse dado o devido valor aos estudos na escola.

Com muito esforço, consegui a vaga para o curso de Matemática. Mas surgiu uma nova dificuldade: os textos acadêmicos, as novas matérias e todas as normas às quais eu não estava acostumada.

Após iniciar a faculdade, despertou em mim o desejo de ler, por acreditar que a leitura é a base do conhecimento. Com isso, tento aprender cada vez mais com as leituras. Assim, além do material escolar, leio alguns outros livros, como os de autoconhecimento, investimento e finanças, sendo os romances os meus preferidos.

Acredito que quanto mais lemos, melhor se torna nossa escrita. Ainda sobre meu hobby de ler sobre investimentos e finanças, creio que ele seja decorrente da carência que temos no nosso ensino regular, onde esses assuntos, que considero de extrema importância para as pessoas, independentemente da classe social ou origem, não são abordados.

Gerir bem sua vida pessoal, financeira e emocional é de suma importância para o bem-estar consigo mesmo e com os que estão ao redor. Assim, início uma nova fase da minha vida, em que ser professora deixou de ser apenas uma brincadeira para se tornar uma realidade.



SOBRE A AUTORA:

Ana Luiza Neta Muniz De Oliveira, de Turmalina/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas pelo Professor  Carlos Henrique Silva de Castro e pelos Tutores Daniela da Conceição Andrade e Silva, Luís Felipe Pacheco e Patrícia Monteiro Costa.

Menino Maluquinho, Pequeno Príncipe e Turma da Mônica: Histórias Que Me Apaixonei

Menino Maluquinho, Pequeno Príncipe e Turma da Mônica: Histórias Que Me Apaixonei

Alessandra Ketlei Fernandes B. Melo, Monte Azul/MG

Minhas primeiras lembranças de leitura remontam a muito cedo, quando os únicos livros que eu conhecia eram a Bíblia e o livro de louvores. Recordo-me de como, todos os domingos na igreja, meus olhos se fixavam nas páginas desses livros sagrados. Mesmo sem saber ler, as letras e palavras me intrigavam, e eu sentia um desejo profundo de entendê-las. Minha mãe sempre lia a Bíblia para mim e para meus irmãos e, com isso, cresci com uma enorme curiosidade e vontade constante de aprender a ler e escrever.

Com o tempo, chegou o momento de meu início escolar, em 1999, quando eu tinha quatro anos. Entrei na Escola Estadual Rodrigues Alves, e lembro claramente do meu primeiro dia de aula. Minha mãe me levou pela mão até a sala, e tudo parecia muito diferente. O quadro negro ocupava a maior parte da parede da frente e as cadeirinhas enfileiradas aguardavam os pequenos alunos, como eu, prestes a descobrir o mundo das letras.

A professora, Tia Luciana, nos recebeu com um sorriso acolhedor e nos apresentou as vogais e o alfabeto logo na primeira semana. Letras coloridas coladas no quadro eram fascinantes para mim. Naquela época, as cartilhas eram a base do nosso aprendizado. A minha tinha uma capa azul vibrante, com figuras de animais e objetos do cotidiano. Eu passava horas em casa folheando aquelas páginas, tentando decifrar os sons e as imagens.

Quando finalmente consegui juntar as letras para formar minha primeira palavra, senti uma alegria imensa. Uma das minhas atividades favoritas na escola era a hora do conto. A professora se sentava em uma cadeira grande, enquanto nós nos reuníamos ao redor dela no chão, atentos às histórias que ela lia. Livros como O Patinho Feio, João e o Pé de Feijão e As Princesas eram como portas de entrada para mundos mágicos. Mesmo sem saber ler completamente, eu já imaginava as palavras ganhando vida nas páginas. Fiquei com essa maravilhosa professora no 1º e 2º períodos.

Aprender a escrever foi outra grande aventura. Lembro-me do orgulho que senti ao escrever meu nome pela primeira vez. As letras saíam tortas e desalinhadas, mas a sensação de ver meu nome no papel era indescritível. Recordo-me também de quando consegui fazer o numeral cinco pela primeira vez. Foi um dia surreal, e eu passei o resto do dia repetindo o numeral cinco. Meu lugar favorito na escola era a colorida e aconchegante biblioteca, cheia de livros. Eu amava passar o tempo lá, olhando aqueles livros.

Na primeira série, a leitura começou a se tornar mais fluente. Já não éramos mais iniciantes; agora eu conseguia ler frases inteiras e até pequenos parágrafos. A professora incentivava a leitura em voz alta, e cada um de nós tinha a chance de ler para a turma. Embora nervosa no início, eu adorava a sensação de conseguir ler uma história inteira.

As aulas de caligrafia também se tornaram mais desafiadoras. As linhas dos cadernos ficaram mais estreitas, e eu precisava escrever com mais precisão. A professora corrigia meus cadernos com uma caneta vermelha, mas sempre elogiava meus esforços. A leitura de livros infantis tornou-se uma parte regular das aulas, e comecei a me apaixonar por histórias mais longas e complexas, como O Menino Maluquinho e O Pequeno Príncipe, além dos gibis da Turma da Mônica.

As atividades de leitura e escrita evoluíram para a produção de pequenos textos. Lembro-me da minha primeira redação, cujo tema era “Minha família”. Dediquei-me a escrever sobre minha mãe e meus irmãos. Foi desafiador, mas a sensação de ver minhas palavras organizadas em um texto completo foi muito recompensadora.

Na escola, eu também participei de eventos como o JIRA (Jogos Internos Rodrigues Alves), e minha equipe ganhou o campeonato de queimada e porta-bandeiras, recebendo uma linda medalha. O ensino fundamental na Escola Estadual Rodrigues Alves foi maravilhoso. Levava livros para casa para ler e amava cada um deles. Os professores, com tanto amor e carinho, fizeram da escola um grande ponto de partida para mim, servindo como um sólido alicerce para meu ingresso no ensino médio.

No ensino médio, na Escola Estadual Tancredo Neves, percebi que a leitura e a escrita eram muito mais do que apenas juntar letras e palavras. Os textos que lia nas aulas de Língua Portuguesa eram mais longos e abordavam temas mais complexos. A professora apresentou-nos os primeiros contos e crônicas, e foi nessa época que descobri autores como Monteiro Lobato. Escrever também se tornou um exercício mais profundo.

O ensino médio também trouxe desafios adicionais, como cálculos que misturavam números e letras. Foi um período de grande aprendizado, que me proporcionou conhecimentos valiosos para a vida adulta, como a administração da minha vida financeira, tomada de decisões, trabalhos, economias, investimentos e consumos. Agora sou universitária. Tudo o que aprendi nos anos acadêmicos serviu como combustível para minha vida pessoal e cotidiana.



SOBRE A AUTORA:

Alessandra Ketlei Fernandes B. Melo, de Monte Azul/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas pelo Professor  Carlos Henrique Silva de Castro e pelos Tutores Daniela da Conceição Andrade e Silva, Luís Felipe Pacheco e Patrícia Monteiro Costa.

Memórias de Letramentos 7: Apresentação

Memórias de Letramentos 7: Apresentação

Os textos publicados individualmente nesta página podem ser lidos reunidos nos volumes da coleção Memórias de Letramentos. Nas próximas semanas publicaremos os 19 texos que compõem o volume 7 da obra. Para adquirir seu e-book gratuito ou impresso  pelo preço apenas do serviço de gráfica, clique no banner ao lado ou no fim da página.


Somos mais de 200 vozes com este sétimo volume da Coleção MEMÓRIAS DE LETRAMENTOS, iniciada em 2017 na Licenciatura em Educação do Campo da UFVJM. Mais precisamente, dezenove vozes unem-se às 198 anteriores em uma ode pelo e para os letramentos e as aprendizagens. Este novo volume traz narrativas de futuros professores de Física, Matemática e Química à distância, acadêmicos da nossa universidade.

Entre os diversos relatos sobre o impacto positivo da leitura e da educação, oriundos de diversos cantos e Minas, especialmente dos Vales, algumas histórias se destacam pela profundidade das experiências e pela dedicação dos protagonistas. De Espinosa, uma história reflete uma relação duradoura e multifacetada com as palavras e a contagem. De Turmalina, surge a experiência de uma estudante apaixonada por romances e participante das Olimpíadas de Matemática. O contato inicial com caça-palavras, palavras-cruzadas e gibis da Turma da Mônica marcou o início dessas trajetórias e de muitos outros autores e autoras no universo da leitura. Os contos infantis, como Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e A Bela Adormecida, têm espaço cativo.

O carinho pelos professores é uma constante em todos os relatos. Enquanto alguns relembram com afeto o apoio do professor que “segurava sua mão” e os conduzia nas primeiras letras e sílabas, outros mencionam obras indicadas por esses educadores. Altamira, Maria Luiza, Tia Ção e Tia Gisele recebem declarações de amor explícito. Foi através delas e de várias outras que conheceram Dom Quixote, O Cortiço, Meu Pé de Laranja Lima e Chapeuzinho Amarelo. Outros, inspirados por diferentes motivações, relatam suas leituras de obras estrangeiras, como O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, Os Miseráveis, de Victor Hugo, e até Shakespeare. Machado de Assis, Cecília Meireles e Paulo Coelho são outros nomes que aparecem nas ecléticas práticas de leitura relatadas.

Partindo de um início no mundo da leitura com gêneros infantis, hoje esses leitores relatam uma dedicação a leituras mais complexas, como artigos literários e científicos. Para a maioria, a leitura não é apenas um passatempo, mas uma verdadeira jornada de aprendizado e expansão de horizontes, ilustrando como os livros podem ser ferramentas poderosas na construção de uma mente curiosa e engajada. Esse percurso demonstra um contínuo amadurecimento intelectual e ilustra como o letramento pode ser um processo dinâmico e transformador na vida dessas pessoas. Ao leitor, advertimos: cada nova página certamente acrescentará novas cores e camadas ao seu entendimento do mundo.

 

Carlos Henrique,

Daniela,

Luís Felipe e

Patrícia (Orgs.)



A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas pelo Professor  Carlos Henrique Silva de Castro e pelos Tutores Daniela da Conceição Andrade e Silva, Luís Felipe Pacheco e Patrícia Monteiro Costa.

Túnel do tempo

Túnel do tempo

Os textos publicados individualmente nesta página podem ser lidos reunidos nos volumes da coleção Memórias de Letramentos. Para adquirir seu e-book gratuito ou impresso  pelo preço apenas do serviço de gráfica, clique no banner ao lado ou no fim da página.


Viviane Fernandes, Capelinha/MG

Minha infância foi cheia de brincadeiras, como queimada, peteca, bonecas, entre outras. Porém, quando o assunto era estudo ou algo relacionado, eu não tinha muito interesse, até porque meus pais não tinham muito letramento e priorizavam as brincadeiras.

Mas me lembro de uma prima mais velha que adorava ler e estudar a história do Brasil, e também ensinar as pessoas. O pai dela fez um lindo quadro verde, comprou vários livros e a incentivava a vivenciar cada momento desse mundo mágico. A dedicação dela era recíproca, e eu só podia admirar todo o empenho dela de longe, pois minha mãe não deixava que seus filhos saíssem de casa para nada; estávamos sempre ao lado dela e das pessoas que ela queria por perto. Sempre que eu conseguia fugir um pouco, ia parar na casa dessa prima. Sinceramente, era um momento mágico e muito diferente da minha realidade. Ali, havia uma sala separada com muitos livros e revistas, mas esses momentos eram poucos e muito rápidos. Mesmo assim, o que ela conseguia me ensinar era de grande valor, e ela sempre o fazia com muita boa vontade.

Depois desses momentos com ela, comecei a buscar outros recursos para adquirir livros e revistas. Conheci a moça que fazia a limpeza da biblioteca da minha escola na época, e sempre, no final do ano, havia a necessidade de organizar e descartar algumas coisas. Eu juntava tudo que me interessava e levava para casa – eram cartazes, revistas, gibis, mapas e alguns livros. Nessa fase, comecei a ler melhor, pois já tinha mais ou menos 10 anos, embora ainda sem muita prática.

Com a matemática, demorei a aprender. Tinha algum conhecimento com moedas, pois era o que mais usava, e, assim, fui aprendendo os valores. Depois dos meus 12 anos, minha avó, que sempre vinha nos visitar, começou a me presentear com dinheiro, e, para não ficar perdida com os valores que ela aumentava a cada ano, tive que aprender a controlar os gastos para não ficar sem dinheiro.

De tudo isso, concluo que o cotidiano e a família têm grande importância nos primeiros e seguintes passos das pessoas na escola e no aprendizado. Digo que tive pouca influência da minha família, mas, com minha prima, foi totalmente diferente; com o apoio do pai dela, ela já entrou na escola sabendo ler e escrever.

Não tenho muita lembrança, mas acredito que aprendi a ler só depois dos 8 anos, já na escola, e tive muitas dificuldades. O que me deu suporte foram os livros que consegui adquirir. Infelizmente, os professores não dedicavam muito tempo aos alunos com dificuldades, e éramos deixados de lado. Minha avaliação é negativa sobre esses anos iniciais.

Lembro que tínhamos que fazer leituras para a sala toda de textos de contos, e isso era torturante. A nossa biblioteca era pequena e muito incompleta, mais decorada com mapas do mundo e do corpo humano, e era raro frequentá-la.

Hoje vejo que, com muito esforço e dificuldade, consegui aprender a ler. Percebo que a leitura é fundamental para uma boa escrita. Não estou satisfeita com minha leitura; sei que quero e preciso melhorar muito mais. Acho bonito quando alguém consegue expressar-se bem em um texto ou discurso, e desejo melhorar isso em mim também.

Embora a escola não tenha me motivado, consegui adquirir algum conhecimento pela curiosidade, buscando outros meios, até mesmo pela televisão, vendo como as pessoas falavam. Por isso, considero-me boa em falar, mas não em escrever.

A leitura é algo que ainda me traz preguiça; prefiro escutar a ler. Hoje, percebo a falta que isso me faz, pois não é uma prática comum em minha vida, principalmente nos dias atuais. A matemática também me traz muitas dificuldades, especialmente nos cálculos mais complexos. Hoje, só consigo fazer o básico e um pouco de porcentagem, que aprendi na marra, fora da escola. Considero que não tive uma boa base, tanto na leitura quanto na matemática. A vida foi me mostrando como lidar com os prejuízos e a falta de diálogo.



SOBRE A AUTORA:

Viviane Fernandes, de Capelinha/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.

Minha vida escolar

Minha vida escolar

Os textos publicados individualmente nesta página podem ser lidos reunidos nos volumes da coleção Memórias de Letramentos. Para adquirir seu e-book gratuito ou impresso  pelo preço apenas do serviço de gráfica, clique no banner ao lado ou no fim da página.


Vaneide Cardoso dos Santos, Águas Formosas/MG

Nasci na cidade de Águas Formosas em 22/06/1987, tenho 37 anos, sou mãe de dois filhos: Luiz, meu primogênito de 14 anos, e Lisbela, minha caçulinha de 6 anos. Sou casada e sonho com um futuro melhor para mim e para a minha família.

Comecei meus estudos na pré-escola; foi lá que tive contato com os livros infantis e gostei muito das histórias ilustradas. Recordo que uma tia comprou alguns livros para mim e para minha irmã. Lembro do título de um deles, que era a história do “Sapo Cururu”, e cantávamos a música: “Sapo Cururu na beira do rio, quando o sapo grita a maninha é porque tem frio, a mulher do sapo deve estar lá dentro fazendo rendinha a maninha para o casamento…” Acredito que muita gente conhece essa história, e ela fez parte da minha infância. Eu gostava muito dela por conta das imagens; relembro as cenas das ilustrações, com cores vibrantes que me encantavam.

Quando entrei na escola, aos 7 anos, ainda não sabia somar nem diminuir. Aprendi tudo lá. Meus professores foram exemplos de aprendizagem para mim. Como meus pais eram analfabetos, não tinha ninguém para me ajudar, então a escola foi fundamental. Aprendi a ler e a escrever, além do alfabeto e dos números. Foi uma experiência muito boa, pois tudo era novo. Lembro mais da merenda escolar e das brincadeiras no pátio. Também recordo que os professores escreviam as lições no quadro negro com giz branco e rosa, e que apagávamos o quadro com um apagador que deixava um pozinho branco no ar. Ah, que saudade daquele tempo em sala de aula!

Sou muito grata a Deus pela oportunidade de ter estudado, pois a escola foi essencial na minha vida. Foi lá que obtive o conhecimento que carrego comigo. Muitas coisas que aprendi na escola nunca foram explicadas por meus pais. O que não aprendi na escola, aprendi com o mundo. Por isso, acredito que a escola e a família devem estar unidas para o melhor aproveitamento e formação dos alunos, tanto na educação quanto no caráter e para a vida.

Recordo de alguns textos que estudei, como poemas, contos e charges. Nas escolas em que estudei, havia biblioteca. No primário, sempre tínhamos um dia para pegar livros para ler em sala de aula. No fundamental, tínhamos o dia da leitura, sempre nas sextas-feiras, que era uma aula inteira dedicada a isso. Também precisávamos pegar livros no final de semana para levar para casa e fazer o resumo, pois o professor passava atividades relacionadas ao livro. A escola sempre nos motivou a ler. Eu sempre gostei de livros com muitas ilustrações; achava mais interessante ler aqueles com gravuras, desenhos e muitas cores, além de histórias de suspense e romances. Adorava ler naquela época.

Concluí meus estudos em 2005. Geralmente, quando terminamos o segundo grau e começamos a trabalhar, deixamos os estudos de lado e já não nos preocupamos mais em ler livros. Então, veio a tecnologia: celulares, tablets, computadores, e com eles nos afastamos ainda mais dos livros, jornais e revistas. Deixamos de lado o papel e passamos a nos dedicar apenas às máquinas tecnológicas. Hoje em dia, não sou muito de ler livros; tenho dificuldade em ler textos longos e sem figuras, mas estou me esforçando para ler mais, dedicando-me à leitura.

Relembro de quando tive contato com números fora da escola. Minha mãe sempre me mandava comprar algo nas vendinhas da esquina. Recordo que, naquele ano, o dinheiro ainda era o cruzeiro. Eram notas grandes, mas de pouco valor. Certa vez, minha mãe me deu 50 cruzeiros para ir à venda, mas na minha lembrança, não trouxe muita coisa. Logo depois, veio a mudança do cruzeiro para o real. Lembro da primeira nota de 1 real que peguei e que conseguia comprar várias coisas com 1 real: salgadinhos, doce de amendoim, pirulito. Eu fazia a festa com 1 real naquela época.

Acredito que, nos dias de hoje, administro bem minhas finanças. Minha passagem pelo ensino médio foi muito proveitosa e me ajudou bastante. Consigo entender e administrar minha movimentação bancária, somar dívidas e calcular os juros que podem ser cobrados. Quando fazemos uma compra pela internet usando cartão de crédito e optamos por parcelar, muitas vezes são cobrados juros abusivos. Precisamos ficar atentos e fazer as contas de quanto será esse acréscimo, caso contrário, ficamos no prejuízo. É necessário estar atento em todo lugar.

Trabalhei em uma mercearia; na época, ainda não havia internet, então tínhamos que decorar os preços das mercadorias e os nomes dos produtos disponíveis no estoque. Acredito que isso me ajudou muito no processo de aprendizagem da vida, e o conhecimento que obtive na escola foi essencial. Se eu não tivesse estudado, como poderia ter me desenvolvido tanto? Portanto, minha passagem pela escola foi crucial na minha formação de vida.



SOBRE A AUTORA:

Vaneide Cardoso dos Santos, de Águas Formosas/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.

Minha infância

Minha infância

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Thaís Gonçalves Rodrigues, Cristália/MG

Minha infância foi repleta de momentos marcantes e alegres, e a leitura desempenhou um papel fundamental nela. Desde pequena, eu era apaixonada por livros e gibis. Minha mãe costumava me presentear com alguns gibis, e o meu preferido era a Turma da Mônica, criada por Maurício de Sousa. Tinha vários; de início, eu só folheava, pois ainda não sabia ler, mas posso dizer que era encantada.

Infelizmente, apesar da minha curiosidade e desejo de aprender, não aprendi a ler e escrever em casa. Rabiscava como muitas crianças, mas não aprendi em casa porque meus pais não tiveram a oportunidade de acessar a escola para obter conhecimentos escolares. Meus irmãos, todos mais velhos, já estavam frequentando a escola. Morávamos em uma comunidade rural, onde o acesso à escola era complicado; assim, meus irmãos não conseguiam estudar e ainda me ensinar em casa. Também não tive a oportunidade de fazer a pré-escola pelos mesmos motivos de morar em uma área de difícil localização.

Quando finalmente comecei o primeiro ano na escola, aos 7 anos, em poucos meses já aprendi a ler, escrever e contar os números. Lembro-me com carinho da minha professora, que sempre elogiava meu desempenho e meu amor por conversar. Recordo-me de que ela era uma pessoa adorável, sabia exatamente o que fazia e o fazia por amor. Escrever era como se eu estivesse entrando novamente, com ela, toda semana, na sala de leitura, que era um espaço único, repleto de livros, sonhos e histórias incríveis. Era uma das partes da escola que eu mais amava. Naquele tempo, não percebia o quanto era afortunada por ter uma professora tão dedicada e por ter acesso a um ambiente tão enriquecedor. Assim, fui avançando nos níveis de escolaridade e aprendi a multiplicar, dividir, somar, resolver probleminhas e escrever pequenos textos.

Recordo-me de que meu hobby passou a ser escrever cartas. Não havia um conhecido meu que não recebesse uma cartinha; minha mãe já não sabia mais onde colocar tantas cartas. Uma atividade bastante importante que eu fazia para o meu desenvolvimento escolar era apresentar peças em público e ler poemas, entre outras coisas que eu amava, juntamente com minhas coleguinhas de classe.

À medida que fui crescendo, minha paixão pelos livros só aumentou. No ensino médio, frequentava a biblioteca durante os intervalos, pegando gibis e livros para ler em casa. A leitura se tornou um hábito tão presente que, muitas vezes, passava noites inteiras devorando histórias para descobrir os finais. Hoje, reconheço os benefícios dessas leituras, como a habilidade de interpretar textos, e vejo como a educação me proporcionou um sólido alicerce para a vida acadêmica.

Sou grata por todas as oportunidades que a escola me proporcionou até agora. Embora ainda tenha muito a aprender, reconheço que a educação é um privilégio e uma oportunidade valiosa. A nossa geração tem acesso a grandes oportunidades, e é crucial incentivarmos as crianças e adolescentes a valorizar o estudo e o aprendizado. A leitura e a escrita são fundamentais para o desenvolvimento educacional e têm um impacto significativo em nossas vidas futuras.



SOBRE A AUTORA:

Thaís Gonçalves Rodrigues, de Cristália/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.


A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.