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Thaís Gonçalves Rodrigues, Cristália/MG
Minha infância foi repleta de momentos marcantes e alegres, e a leitura desempenhou um papel fundamental nela. Desde pequena, eu era apaixonada por livros e gibis. Minha mãe costumava me presentear com alguns gibis, e o meu preferido era a Turma da Mônica, criada por Maurício de Sousa. Tinha vários; de início, eu só folheava, pois ainda não sabia ler, mas posso dizer que era encantada.
Infelizmente, apesar da minha curiosidade e desejo de aprender, não aprendi a ler e escrever em casa. Rabiscava como muitas crianças, mas não aprendi em casa porque meus pais não tiveram a oportunidade de acessar a escola para obter conhecimentos escolares. Meus irmãos, todos mais velhos, já estavam frequentando a escola. Morávamos em uma comunidade rural, onde o acesso à escola era complicado; assim, meus irmãos não conseguiam estudar e ainda me ensinar em casa. Também não tive a oportunidade de fazer a pré-escola pelos mesmos motivos de morar em uma área de difícil localização.
Quando finalmente comecei o primeiro ano na escola, aos 7 anos, em poucos meses já aprendi a ler, escrever e contar os números. Lembro-me com carinho da minha professora, que sempre elogiava meu desempenho e meu amor por conversar. Recordo-me de que ela era uma pessoa adorável, sabia exatamente o que fazia e o fazia por amor. Escrever era como se eu estivesse entrando novamente, com ela, toda semana, na sala de leitura, que era um espaço único, repleto de livros, sonhos e histórias incríveis. Era uma das partes da escola que eu mais amava. Naquele tempo, não percebia o quanto era afortunada por ter uma professora tão dedicada e por ter acesso a um ambiente tão enriquecedor. Assim, fui avançando nos níveis de escolaridade e aprendi a multiplicar, dividir, somar, resolver probleminhas e escrever pequenos textos.
Recordo-me de que meu hobby passou a ser escrever cartas. Não havia um conhecido meu que não recebesse uma cartinha; minha mãe já não sabia mais onde colocar tantas cartas. Uma atividade bastante importante que eu fazia para o meu desenvolvimento escolar era apresentar peças em público e ler poemas, entre outras coisas que eu amava, juntamente com minhas coleguinhas de classe.
À medida que fui crescendo, minha paixão pelos livros só aumentou. No ensino médio, frequentava a biblioteca durante os intervalos, pegando gibis e livros para ler em casa. A leitura se tornou um hábito tão presente que, muitas vezes, passava noites inteiras devorando histórias para descobrir os finais. Hoje, reconheço os benefícios dessas leituras, como a habilidade de interpretar textos, e vejo como a educação me proporcionou um sólido alicerce para a vida acadêmica.
Sou grata por todas as oportunidades que a escola me proporcionou até agora. Embora ainda tenha muito a aprender, reconheço que a educação é um privilégio e uma oportunidade valiosa. A nossa geração tem acesso a grandes oportunidades, e é crucial incentivarmos as crianças e adolescentes a valorizar o estudo e o aprendizado. A leitura e a escrita são fundamentais para o desenvolvimento educacional e têm um impacto significativo em nossas vidas futuras.
SOBRE A AUTORA:
Thaís Gonçalves Rodrigues, de Cristália/MG, é acadêmica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), onde cursa Pedagogia. Produziu este relato na disciplina Práticas de Leitura e Produção de Textos, ofertada de julho a novembro de 2024.
A orientação deste trabalho e a organização do e-book foram realizadas por Carlos Henrique Silva de Castro, Kátia Lepesqueur e Virgínia Batista.
